UM

180 15 0
                                    


Quando os conflitos mais intensos são superados, eles deixam uma sensação de segurança e tranquilidade que não é facilmente perturbada. Estes conflitos intensos e a sua conflagração são necessários para produzir resultados valiosos e duradouros. ”
-Carl Gustav Jung-
     
      Como ja foi dito por jung e preciso entender seus conflitos internos a fim de resolvê-los, e era esse mantra que a ruiva recitava em sua mente sempre que um paciente chegava ao seu consultório '‘entenda-o e resolva’' como ao descascar uma pequena tangerina, sua casca precisa ser removida para que o fruto seja degustado.
Após o estressante natal como o esperado o consultório estava lotado, e a agenda cheia. Aurora passará horas e horas ouvindo com atenção cada paciente, suas mãos ágeis como sua mente anotava cada palavra, se necessário prescrevia remédios controlados; ao fim do penúltimo paciente era sua mente que se encontrava esgotada podia ser psicologa mas também não era de ferro, tudo o que seu corpo implorava era sua cama e uma longa noite de sono “quase lá aurora, quase lá” recitou para sí mesma.
Qual foi sua surpresa ao ver a porta da sala abrir e ver que o ultimo paciente era sua madastra, adentrando elegantemente, so poderia ser uma piada mas, ela esta ali como profissional e deixaria toda a questão familiar ao lado de fora.
       ‘olá senhorita mézoto, sente-se e fique a vontade’ sua voz era calma e reconfortante, ela podia sentir mary revirar os olhos abaixo daqueles óculos escuros ‘sem tanta formalidade minha querida, ainda sou sua madrasta’ aurora apenas sorriu gentilmente contendo a vontade de revidar-lhe em coice ‘mas ainda sim você é um paciente’ mary somente assentiu e deu de ombros deitando-se no divã ao lado da ruiva ‘bem… o que à trás aqui mary’ a morena se remexeu desconfortavelmente ainda calada ‘mary aqui no consultório sempre mantemos a conversa restrita somente ao médico paciente, nada do que dizer aqui será levado a fora’ a ruiva falou calmamente tentando tranquilizar mary, os olhos azuis da morena se fecharam por um instante ‘então, eu amo muito meu marido, ele me tirou de um lar abusivo e destruído eu sei que devo muito a ele... mas eu sinto algo diferente dentro de mim, por mais que nos relacionamos fisicamente; eu o considero muito mais um amigo próximo, eu sempre tive uma aversão a todos os homens’ a ruiva queria não transmitir o quão chocada estava por dentro, sua madrasta estava falando que não gostava tanto assim de seu pai ‘é…é você se recorda de algo da sua infância que traria isso para sua vida adulta?’ aurora estava mesmo curiosa para saber mais da madrasta ‘boa parte da minha infância por algum motivo eu não consigo me lembrar, so tenho lembranças dos meus dez anos bem vagamente’ sua voz falhou por um instante antes de prosseguir ‘após passar por lares adotivos ate meus quinze anos eu não diria que tive muito bem uma infância' aurora sentiu seu peito arder com o leve soluço de choro que sua madrasta deu, ela queria à abraçar mas se conteve em apenas estender lenços em sua direção ‘mary, muitas pessoas que sofreram algum abuso quando criança o cérebro tende a bloquear as memórias, mesmo que não se lembre ainda está ai. eu recomendo que volte mais vezes para que nos apronfundemos nas suas memórias antigas a fim de resolvê-las talvez ai encontrar o porque da sua aversão aos homens' a ruiva mantinha grande calma na voz com resquícios de preocupação ‘posso… bem… so se concordar e claro, em fazer uma ou duas sessões de hipnose’  mary se levantou rapidamente com os olhos marejados — o que causou um grande aperto no peito da ruiva —, olhou para os pés por alguns minutos ‘claro aurora, eu so quero… quero resolver isso, parece que falta um grande pedaço dentro de mim' um pequeno sorriso brotou no canto de sua boca mostrando uma covinha que aurora nunca tinha reparado ‘então se não se importa eu quero já ir embora’ a morena levantou apanhando seu casaco e seu óculos ‘ok, apenas confirme com a recepcionista quantas sessões ira fazer e que disponibilidade de horário mais te agrada' os olhos da ruiva transmitiam gentileza, a morena apenas assentiu colocando seus óculos escuros antes de sair aurora a chamou ‘mary!! Porque veio até mim, mesmo sabendo que sou filha do seu marido’ a morena se virou com um leve sorriso no canto da boca ‘oras aurora, você é a única psicologa dessa cidade, e sei que você é bastante profissional' apenas silabou parecendo bem obvia a pergunta, se virou rapidamente e saiu batendo os saltos no chão, aurora pareceu bem surpresa pela madrasta estar se abrindo com ela e confessando sua história de vida que parecia bastante amarga mas, sentiu que precisava a ajudar de alguma forma. A ruiva começou arrumar suas coisas para ir embora quando sua recepcionista adentrou sua sala avisando que já estava indo embora “bem, então agora sou so eu” pensou consigo mesma arrumando tudo, estava exausta e tudo o que mais desejava era um bom banho e uma noite maravilhosa de sono.
     Seus saltos pareciam ainda mais escorregadios nos gelos semi derretidos das calçadas em que andava lentamente, por mais que estivesse praticamente enterrada a baixo de suas blusas de frio o vento que batia nela quase cortava seu rosto, a lua minguante brilhava no céu envolta das milhares de estrelas — talvez por ser uma cidade pequena e sem poluição as estrelas brilhavam e se mostravam com mais intensidade lá — sua mente vagava entre milhões de pensamentos ao mesmo tempo, e parou em um bem específico os olhos azuis piscina de um certo homem que a enlouquecia, se perguntou aonde ele estaria não deu nenhuma noticia desde a noite passada aquele homem era uma caixinha de mistério para ela e então se deu conta que não sabia nada sobre ele, e pretendia descobrir de alguma forma. Faltava apenas uma esquina para chegar a sua casa, a ruiva soltou um suspiro de alívio de enfim estar perto do seu conforto por mais que não fosse tão tarde; seus olhos avistaram um opala preto fosco estacionada em frente a seu prédio, quando se aproximou notou a figura daquele homem negro dos olhos azuis olhando distraidamente o horizonte fumando um cigarro como se tivesse saido dos seus pensamentos, ele nem notou a aproximação da ruiva ‘Você fuma?’ em um salto ele se pós em frente a aurora com um olhar assustado ‘Mulher quase que me mata do coração!!’ a ruiva soltou uma gargalhada divertida ‘Bem, não foi minha intenção mas não me respondeu’ a ruiva levantou uma sobrancelha o fitando ‘Fumo sim, coisa normal, tem coisas que não sabe sobre mim’ ele riu jogando a bituca no chão e pisando em cima ‘leu a minha mente, eu não sei nada mais de que seu nome e fernando’ a ruiva exclamou o abraçando pelo pescoço ‘meu amor, saber muito do seu parceiro estraga o relacionamento, e melhor ir descobrindo aos poucos' aurora pareceu um pouco confusa com isso mas apenas sorriu e o beijou, era pra ser apenas um selinho então ele aprofundou o beijo com mais força a empurrando contra a parede do prédio seus beijos aqueceram o coração da ruiva que sentiu como se todo o estresse de seu dia tivesse ido embora, o beijo foi quebrado por ele e sabia muito bem que se continuasse não iriam parar mais ‘winslety’ ele sussurrou no ouvido da ruiva ‘o que?’ aurora se desvencilhou e olhou nos olhos dele confusa ‘meu sobrenome, winslety. Fernando winslety’, ‘Uy senhor winslety, é americano?’, ‘de certa forma sim’ falou ele por fim. de repente a ruiva notou que o corpo dele enrijeceu é o sorriso desapareceu do seu rosto ‘eu preciso ir, amanhã a gente se fala ou eu te ligo’ o homem deu um beijo rápido em seus lábios e correu em direção ao seu carro, deixando pra trás uma ruivinha bastante intrigada “eu so arranjo companheiros estranhos” disse em voz alta para sí mesma, deu de ombros e se voltou a frente do prédio quando fechou o portão atrás de sí mesma uma motinha velha buzinou, era Hock com sua lambreta azul desbotada, por algum motivo ela amava aquela lata velha, a ruiva se prontificou em abrir o portão maior para ela passar ‘boa noite, madame aceita uma carona até a garagem para me fazer companhia?’ sorriu galanteadora a ruiva não pode evitar a gargalhada que soltou ‘com certeza eu quero uma carona moça’ e foram juntas até a pequena garagem praticamente a sua frente, sua noite seria mais que divertida era a  noite das meninas comiam pizza, assistiam filmes de terror no vhs, conversavam até mais tarde sobre coisas diversas; faziam esse ritual desde criança.
    No final da noite cada uma foi para seu quarto, aurora ficou por vários minutos olhando para o teto até adormecer. *estava em uma estrada de terra andando vagorosamente, quando olhou ao seu redor notou que estava em uma espécie de caroça o rosto do homem que guiava o cavalo era totalmente desfocado a caroça balançava em alguns pontos passando por pedras grandes, estavam indo a lugar algum pois estava tudo coberto por névoa, como um dispertar tinha uma mulher muito linda olhando a sua frente para ela com olhos castanho claros, era misteriosa e muito bonita a ruiva que agora era loira so desviou o olhar quando a doce voz da mulher chamou-a ‘está tudo bem angelic?’ sua voz trazia malícia ‘olhou tudo o que queria?’ um sorriso suspeito brotou de seus lábios, "angelic" estava incapacitada de falar e so ouvia a mulher ‘Oras angelic, o gato comeu sua lingua?, hum…vai fazer o joguinho de não falar nada novamente?ok' a mulher olhou o homem que carregava os cavalos com atenção mesmo que ele nem se mexe-se e como um sussurro encantador falou com ela ‘venha-cá agora angelic’ apontou ao seu lado do outro lado da caroça coberta, como um rato indo para a ratoeira  ela foi em direção daquela mulher, sentou-se desconfortavelmente ao seu lado quando um beijo ligeiro alcançou seu pescoço o que a fez extremesser os beijos da mulher passaram por seus lábios frios e rosados sua mão desceu para baixo de seu grosso vestido que agora ela notou que era bem antigo, o toque em suas partes intimas a fez ofegar em prazer, ela queria se soltar mas estava presa e incapaz de reagir a qualquer toque, os dedos da mulher era ageis e rápidos e parecia que tinha certa experiência, os beijo da mulher estendeu-se ate perto de seus seios cobertos, a mulher olhou para cima e com um aceno de cabeça involuntário angelic assentiu, a mulher puxou um seio para cima do tecido e passou os lábios por eles angelic gemeu alto a mulher fez o mesmo com o outro os dedos dela dançavam na intimidade de angelic, quando estava chegando perto do orgasmo angelic colocou uma mão na cabeça da mulher; de repente o homem que levava os cavalos levantou-se e olhou com os olhos negros para ela e começou a falar com rosnado “liberte-se querida” em um tom sarcástico e a mulher que trabalhava com beijos em seus seios virou uma caveira e se despedaçou na mão de angelic o que a fez gritar com todas as forças de seu pulmão* aurora acordou suando frio o travesseiro encharcado de suor o despertador ao seu lado marcava exatas 4:00 horas da manhã, seu peito descia e subia freneticamente, seu sonho foi tão vivido “angelic” pensou o nome que lembrou-se após o sonho, nunca tinha sonhado com algo assim e transando com uma mulher, rapidamente abriu a gaveta de seu criado mudo e puxou um caderninho e uma caneta de dentro começou  anotar tudo o que se lembrava de seu sonho, aprendeu a fazer isso na faculdade sempre anota seus sonhos. Estava impossibilitada de conseguir levantar por conta de suas pernas bambas e então resolveu apenas tentar dormir novamente aquele nome “angelic” ficou em sua mente até o último minuto antes de adormecer profundamente.

NADA É O QUE PARECEOnde histórias criam vida. Descubra agora