QUESTÃO

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   JULHO DE 2010

     ‘MÃEEEE!’ a ruiva acordou assustada com o grito de marie, ela rapidamente saiu do quarto encontrando a garota eufórica no andar de baixo, ela fechou seu roupão em volta do seu corpo ainda sonolenta ‘o que foi mariane?’ a garota sorriu largamente para ela ‘Hoje é meu aniversario!’ a ruiva respirou profundamente revirando os olhos ‘Você quase me mata do coração garota doida.’ a ruiva foi em direcão a cozinha, somente um grande copo de café salvaria sua cabeça de latejar ‘mãe que tal irmos em uma festa?’ a garota sorriu sugestivamente ‘irmos? Eu e você?’ aurora sorriu em sarcasmo esperando marie dizer que era brincadeira mas, isso não aconteceu ‘porque não? Vamos mãeee, vai ser divertido.’ aurora deu as costas para a garota, aquilo era uma tremenda idiotisse ‘Nem morta irei em uma dessas suas festas de adolescentes.’ aurora riu em tom de deboche, a garota olhou para a ruiva rindo mais ainda.
    O som era estridente, várias pessoas dançavam como se estivessem possuídas ‘MARIANE! QUE MERDA DE FESTA.’ aurora gritou perto do ouvido da garota pelo o som alto que rodeava elas, marie revirou os olhos ‘MÃE! NÓS NEM ENTREMOS NA FESTA DIREITO.’ a garota gritou um pouco mais alto, demoraram um pouco até encontrarem um balcão e bancos para se sentarem um pouco mais afastadas do barulho estridente, a ruiva vestia um dos minúsculos vestidos de sua filha - que a mesma insistiu em colocar nela a força - teve que concordar que estava muito bonita, por mais que tivesse certa idade seu corpo permanecia escultural, seus cabelos ruivos estavam soltos em cachos, um batom vermelho marcava seus lábios, o salto que estava combinava completamente com o look. ‘vamos dançar?’ a garota perguntou sugestivamente para a ruiva ‘Eu? Dancar?, minha filha se eu mexer os quadris com muita força e capaz de deslocar a bacia!.’ marie riu com o exagero de sua mãe, ela a puxou pelas mãos para a pista, mariane dançava alegremente junto ao monte de gente que os rodeavam, um garçom passou no meio servindo drinks, a ruiva virou um de uma vez para dar coragem, poucos minutos depois aurora dançava alegremente, ao longo da festa a garota tentou beber alguns drinks escondido mas, aurora sempre arrancava de sua mão e o bebia “faça o que eu digo, não faça o que eu faço, você e de menor!” essa era sempre a desculpa que a ruiva dava após tirar a bebida das mãos da filha, alguns homens — claramente bem mais novos que a ruiva — se aproximavam dando em cima de aurora, talvez tenha pegado alguns que tinham mais de dezoito anos, mariane ficava mais indignada por não poder beijar nenhum com os olhares de sua mãe - obvio que pegou, meninas até, quando espreitava a ruiva e via que estava distraida - aurora estava exausta de tanto dançar com aqueles saltos, ao voltar um pouco tonta para o balcão que estavam antes a ruiva notou que marie não estava em nenhum canto, tentou não se desesperar por ser um lugar fechado mas, após longos vinte minutos aurora resolveu procurar pela garota, ela passou pela multidão cambaleando, sua visão estava um porco turva, e sua memória estava se apagando rapidamente das coisas que pensava a um minuto atrás, por um segundo se distraiu dançando mas, logo recobrou os sentidos e foi a procura da garota ‘você viu minha filha por ai? Ela e branca, tem cabelos castanhos, olhos claros!?’ era o que perguntava para qualquer pessoas que atravessava seu caminho, quando estava saindo pelo portão da festa uma voz familiar gritou atrás de sí, era mariane, ela correu em sua direção assustada, seu corpo todo tremia ‘mãe… vamos embora… AGORA!’ mariane correu puxando o braço da ruiva para a fora da festa ‘o que aconteceu? Mariane?’ a ruiva gritava preocupada, a garota se manteve calada e tremula ‘eu dirijo mãe, me da as chaves!’ aurora pareceu retulante mas, entregou as chaves para a garota, mariane ligou o carro e saiu em disparada, a ruiva a olhava de vez enquando esperando que algo saisse de sua boca, a garota dirigia a toda velocidade, sua casa apareceu no caminho e marie desceu do carro puxando a ruiva. ‘agora pode me dizer oque houve?’ aurora perguntou abraçando a garota dentro de casa, marie chorou um pouco antes de olhar para aurora ‘eu…estava lá, e descedi ir no banheiro mas… um homem, ele era tão bonito, ele pediu pra ficar comigo, eu aceitei mas, ele queria mais… e eu não aceitei…' marie se ajoelhou no chão, aurora se ajoelhou junto segurando a garota em seu peito tentando conforta-la ‘eu disse não, ele insistiu, ele tentou fazer comigo… mas eu gritei e dei alguns chutes nele, é sai correndo.' Aurora sentiu lágrimas escorrerem por suas bochechas ‘meu amor!! Ele não vai mais chegar perto de você, eu estou aqui! Tá tudo bem… como ele era?’ a ruiva perguntou pensando em ir a polícia registrar um B.O ‘ele era muito bonito, os olhos dele eram azuis, era bastante musculoso, tinha uma pele negra que parecia que brilhava, ele era bastante jovem’ aurora sentiu seu coração parar de bater, so podia ser uma brincadeira, não podia ser ele… ele devia ter no minimo uns cinquenta e cinco anos atualmente ‘marie, olhe para mim… ele disse o nome dele?’ aurora segurou a cabeça da garota nas mãos ‘não!, mas, na camisa que ele usava tinha um nome… acho que era fernando…’ aurora sentiu seu coração bater em seus ouvidos, seu mundo congelou no tempo por um minuto “não, não ele de novo não!” pensou consigo mesma a ruiva olhou para a garota em choque ‘me descreva como ele era detalhadamente.’ a ruiva se levantou puxando a garota que à olhava em confussão ‘eu já disse!, ele era negro, alto, tinha olhos extremamente azuis, os dentes eram muito brancos e alinhados… ele era bem musculoso, era jovem mas, tinha alguns fios grisalhos no cabelo' o corpo inteiro da ruiva esquentou e gelou na mesma hora ‘ele… ele tinha um tatuagem no pescoço escrito “forc ordny”?’ a garota apenas assentiu vagarosamente, a visão da ruiva ficou turva, lágrimas escorreram de seus olhos, a garota ficou desesperada a chamando mas, aurora não estava mais ouvindo nada ao seu redor “ele não, porque? Meu deus!! É agora?” aurora se levantou em um pulo, e correu para o andar de cima, pegou sua mala em cima do guarda roupa colocando suas roupas dentro ‘mamãe?! O que ta acontecendo?’ a ruiva olhou para a garota sorrindo ‘Nada!! Agora vá para o seu quarto, faça suas malas, o mais rápido que conseguir, vamos viajar de férias.’ lagrimas escorriam por seus olhos ‘férias? Mas, eu tenho aula… e meus amigos?’ aurora parou de colocar as roupas dentro de sua mala e correu até a garota ‘eles ficaram bem! Agora faça o que eu digo, agora!’ a ruiva soltou o rosto da garota e a viu sumir de sua vista desnorteada, ela pegou seu celular e comprou as primeiras passagens de avião que encontrou, tinham menos de uma hora para se encontrarem no aeroporto, a ruiva saiu de seu quarto indo a rumo ao quarto de marie ‘pronta?’ aurora perguntou na porta olhando a garota fechar sua mala ‘sim, mas…’ a ruiva a interrompeu, ‘depois te explico, agora vamos, agora!’ aurora puxou a mão de marie apressadamente, a caminho até o aeroporto parecia durar uma eternidade, estava angustiada em deixar sua vida novamente para trás mas, aquele homem não a encontraria.
       O avião decolou e a ruiva viu a cidade sendo deixada para trás, a embriaguez praticamente já tinha passado com os acontecimentos que acabará de acontecer ‘mamãe!? Porque iremos desembarcar em Portugal e depois vamos pegar outro voo pra essa tal taur… t-a-u-r-e-t' silabou a garota tentando pronunciar, aurora a olhou sorrindo ‘apenas uma estratégia querida, é o nome e tauret, onde eu nasci!’ a ruiva disse por fim se virando para a janela novamente, seu estomago se embrulhou de nervoso ao pensar na cidade. horas e horas de viajem foram concedidas, a ruiva estava exausta e com uma ressaca pavorosa,  pegaram o último avião que as levaria enfim ao destino desejado, o coração da ruiva praticamente saia pela boca ‘agora você pode me explicar o porque dessa viajem?’ marie perguntou fitando a ruiva; aurora sabia que teria que explicar cada detalhe para a garota mas, estava cansada o suficiente para esconder alguns fatos, tudo foi explicado menos o fato de que - obvio esteve em um romance com sua própria madrasta - a garota olhava para a sua mãe incrédula ‘então aquele homem foi seu marido? E ele tentou matar você e matou seu pai? Meu avô?’ marie voltou a olhar pra a frente com um suspiro de surpresa ‘Uau!! Que vida instensa!’ exclamou a garota, a ruiva revirou os olhos sorrindo, sua menininha estava se transformando em uma verdadeira mulher, agora sabia o sentimento de proteção que seu pai tinha nela mesma.
      Aurora dormiu poucas horas no avião, ainda morria de medo, e a cada piscada de olho que dava tinha pesadelos que gelavam sua espinha, quando o avião pousou avisando que haviam chegado a tauret seu coração acelerou como nunca, o ar puro da cidade era outro nivel, a cidade tinha mudado um pouco mas, continuava arborizada e as colinas continuavam verdes como se lembrava, uma breve nostalgia passou por ela, as duas adentraram ao taxi ‘para onde senhoritas?’ a ruiva olhou atrás do vidro com um leve sorriso ‘mansão dos mézoto, se é que ainda tem!’ exclamou a ruiva preocupada o taxista sorriu ‘sim, ainda tem, a dona da mansão viaja o tempo todo, mas por sorte acho que ela ainda está lá.’ o homem acelerou o carro e pariu rumo a mansão, a garota olhou para a mãe ‘mansão dos mézoto?’ exclamou em um sussurro, aurora apenas assentiu, os campos passavam claramente na visão da ruiva, cada canto daquele lugar ela conhecia com a palma de sua mão, marie olhava encantada por todo o percurso, seus olhos brilhavam de alegria e surpresa, seu sorriso era tão contagiante que so de olha-la aurora já sorria.  O taxi parou em frente a mansão, aurora pagou a viajem e o viu sumir de sua visão, a ruiva caminhou como em câmera lenta até em frente a porta criando coragem para bater, seu coração batia perto se seus ouvidos, seu estomago estava embrulhado de nervoso, marie estava bem atrás desajeitada tentando levar as malas, aurora com um impulso de coragem bateu a porta, uma mulher vestida com uniforme de empregada apareceu em sua frente sorridente ‘Olá, como posso ajudar senhorita?’ aurora estava tremula ‘Quero falar com com a senhorita mary mézoto.’ a mulher olhou curiosa para ela ‘a parte de quem?’ aurora respirou fundo novamente ‘Aurora mézoto’ o queixo da mulher caiu no chão, sua surpresa era imensa,e com um olhar de desculpas deu espaço para que a ruiva passasse e foi em direção da garota a ajudando carregar as malas; ‘abigail!? Quem era?’ a voz calma e doce da mulher ecoou por todo o hall, ela parou a alguns passos da ruiva a encarando com os olhos arregalados, aurora tinha total certeza que seu coração tinha parado de bater ao ver mary, sua boca ficou seca no mesmo instante, suas mãos suavam como nunca antes, a morena parecia uma estatua olhava a ruiva de cima a baixo ‘Aurora?’ mary disse enfim em um fio de voz, a ruiva apenas assentiu, mary caminhou até a ruiva lentamente como se estivesse vendo um fantasma, ela tocou sua bochecha carinhosamente, em um impulso a abraçou com força, lágrimas de felicidade rolaram nos olhos das duas, as duas compartilharam aquela eletricidade que se espalhavam pelo seus corpos, elas se abraçavam tão fortemente que poderia se fundir em uma só; após longos minutos a morena conseguiu separar seus corpos e olhar nos olhos da ruiva ‘senti sua falta’ aurora sorriu ainda com lágrimas nos olhos ‘eu também’ ambas estavam distraídas demais para notar a empregada e a garota que estavam paradas na porta olhando-as sem jeito ‘mamãe?! Não vai me apresentar ela?’ a garota chamou a atenção das duas que se viraram para a garota ‘mamãe?’ exclamou mary confusa, olhando a ruiva ‘mary essa e mariane minha filha!, filha essa e mary’ a morena olhou para a garota sem jeito ‘oi, pode me chamar de marie’ o sorriso da garota contagiou a morena que sorriu de volta e se aproximou da garota ‘bem parece que nossos apelidos são quase iguais, sou mary elizabeth, ex-madrasta da sua mãe’ marie sorriu para a morena ‘agora eu sei da onde minha mãe tirou a inspiração para o meu nome, mariane elizabethy com Y no final’ a morena se virou para aurora que estava vermelha de vergonha ‘está e uma maravilhosa homenagem’ mary sorriu e se virou para a garota, e a abraçou calorosamente ‘fique avontade, tenho quartos de hospedes lá em cima, vários na verdade, escolha qualque um, abigail? Mostre a ela os quartos’ a morena disse animadamente para a garota, marie saiu correndo pelas grandes escadas com a empregada, aurora olhava encantada para as duas como se deram bem a primeira vista ‘agora vamos e conte essa história de filha, e porque voltou para tauret!’ mary puxou a ruiva pelo braço a levando ate a enorme sala de estar, as duas sentaram-se uma do lado da outra ‘ele me achou! De novo! E tentou machucar marie' aurora soltou um suspiro pesado, mary a olhou com pena e a abraçou com força ‘vai ficar tudo bem, você tá segura!’ mary sussurou em seu ouvido tentando à acalmar, aurora deu alguns longos soluços e levantou a cabeça, sua madrasta estava linda como sempre, os olhos azuis irradiavam alegria e proteção, algumas pequenas rugas quase imperceptíveis estavam em seu rosto mas, continuava a mesma mary de sempre, como se o tempo tivesse parado para ela ‘agora me diga… filha?!’  perguntou mary com um rubor nos rosto pela ruiva a estar a olhando com tanta intensidade ‘depois que cheguei na cidade onde morava, uma garotinha de cinco anos apareceu na minha porta, ela era tão vulneravel… eu a levei para a polícia mas, nunca encontraram os pais dela, e ela não se lembrava dos nomes deles, e então eu a adotei! E mudei seu nome' A morena sorriu surpresa para a ruiva ‘bem...nunca te imaginei sendo mãe...você deve estar exausta, vamos! Eu te lavo até seu quarto; tenho tanta coisa pra perguntar' disse a morena animadamente levantando a ruiva do sofá, a ruiva ficou com um dos quartos no final do corredor onde na frente ficava o quarto de mary, a morena acabou deixando aurora tomar o banho e finalmente dormir tranquilamente, a ruiva sentia-se que estava em extase seu corpo todo pulava de alegria, finalmente se  reencontrou com mary.

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