Não entre em pânico (ainda)

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Passarinhos, o som da cachoeira ali perto, o vento batendo suavemente nas folhas... esse era o som que eu esperava para acordar maravilhosamente depois da minha primeira noite com Videl. Tinha tudo isso, realmente. Mas, de repente, teve também um ronco alto e desagradável, e, infelizmente, ele não vinha do meu estômago, mas do meu intestino.

Eu abri os olhos apavorado. Olhei para Videl, que felizmente continuava adormecida. Então aconteceu de novo. Aquela sensação, um aperto meio dolorido e um tremor estranho. Eu precisava ir ao banheiro. E certamente não era apenas para fazer um inocente pipizinho como Videl tinha feito algum tempo antes, me informando casualmente que não tinha água na descarga por algum motivo antes de se deitar e adormecer novamente.

Um calafrio me avisou que meu tempo era cada vez mais curto. O banheiro da casa do vovô Gohan era separado do quarto apenas por uma maldita cortininha, porque eu, na minha inocência infinita, nunca imaginei que iria precisar de um banheiro ali para fazer o "número dois". E, por algum motivo, a água que eu tinha pacientemente bombeado para o reservatório do banheiro havia acabado.

Não ia dar tempo de bombear água para ajeitar a descarga. Eu pensei que precisava fugir dali imediatamente. Mas me imaginei correndo pelado para o mato e, por algum motivo, me senti bastante desconfortável. Se eu voasse em uma velocidade bem alta, podia conseguir chegar em casa. E sabia que meus pais ainda não estariam lá, afinal, Satan City fica a sete horas de carro de Monte Paozu e meus pais não deveriam sair de lá tão cedo, minha mãe ia querer passear, ir ao shopping.

Eu me levantei da cama cautelosamente. Fui até onde havia deixado minhas calças e vesti, com movimentos calculados. Vesti a camiseta que eu havia usado sob a camisa. Já dava para chegar em casa. Videl levantou a cabeça e disse:

- O que você vai fazer?

Só me restava uma alternativa: improvisar.

- Bom... eu vou lá na minha casa, sabe... pegar um café da manhã para nós.

- Não precisa, amor, posso ir lá com você.

Ela fez menção de se levantar e eu disse:

- Não! – ela me olhou chocada e eu disse – eu vou trazer uma roupa mais confortável para você... esse vestido é bem lindo mas... – uma pontada na minha barriga me avisou que eu não devia ficar parado ali – e, bem, eu vou trazer tudo. Fique aí e descanse, amor.

Eu nem me preocupei em me calçar. Apenas saí e bati a porta, o que foi uma sorte porque o barulho encobriu o peido horroroso que eu dei assim que saí da casa. Respirei fundo. Ia dar tempo.

Eu levantei vôo. Cinco quilômetros até minha casa. Normalmente eu iria voando tranquilamente e chegaria em uns sete a dez minutos. Mas eu precisava chegar muito, muito rápido.

Eu olhava para baixo. Lá estava o riachinho. Ia dar tempo. A macieira onde eu quase bati quando era bebê, lógico que ia dar tempo. O campo onde eu costumava treinar com Goten. Poderoso Kami, não ia dar tempo. O barranco de pedras de onde eu caí uma vez... ai ai ai não ia dar tempo. Minha casa! Ah, graças a Deus, ia dar tempo! Eu meti a mão no bolso e percebi que tinha... DEIXADO A MALDITA CHAVE NA PORTA DA CASA DO VOVÔ GOHAN!

"Aaaah, qual janela está aberta?" eu pensei. Vi a minha janela fechada, a do quarto do Goten também... aaah, que sorte, a janela do quarto dos meus pais está abeeeerta. Voei pela janela, cheguei na porta do banheiro dos meus pais, mas por algum motivo, ela estava fechada.

Desci as escadas correndo. A porta do banheiro social aberta, que maravilha, entrei e bem na hora que ia fechar a porta, não deu tempo. A menos de um metro do vaso eu conheci uma terrível sensação que misturava fracasso, derrota e, ao mesmo tempo, alívio. Não me restando mais nada a fazer, fechei a porta do banheiro puto comigo mesmo e decidi pelo menos terminar o que tinha de fazer antes de me xingar por ter esquecido as chaves.

Virgem aos 19Onde histórias criam vida. Descubra agora