Tomando uma atitude

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Na véspera da minha formatura, meu cantinho com a Videl estava pronto para ser usado, limpinho, arrumado, bastante decente. E sem nenhum inseto por perto. Como aspirante a biólogo, eu sabia que estava me comportando como algumas espécies de pássaros que fazem ninhos elaborados para atrair sua fêmea. E Videl merecia cada detalhe carinhoso que eu elaborara para nosso cantinho.

Água no banheiro e uma mesa na cozinha, por que embora eu não saiba cozinhar e não entreguem pizza no meio da montanha, achei que sempre poderia levar um lanchinho pronto para a gente. Uma lareira que eu precisei aprender como acender. Meu pai conseguiu alguns lampiões a querosene, caso a gente precisasse passar a noite ali (o que eu realmente esperava que acontecesse um dia), mas o melhor presente que ele me deu foi um futton novinho, limpo e cheiroso, travesseiros e lençóis. Do lado do futton tinha um criado-mudo. Meu pai colocou um monte de camisinhas ali e disse que eu tratasse de usá-las porque ele não queria ainda ser avô.

Estava tudo pronto, pintado e asseado, com telas nas janelas para que nunca mais nenhuma mísera lacraia entrasse naquele ambiente perfeito e acolhedor onde nós dois juntos teríamos nossa primeira vez, que eu planejara para o próximo domingo.

Mas antes, tinha a cerimônia de formatura e o baile na escola.

No sábado pela manhã, nós fomos todos para a minha escola. Meu pai não parava de ajeitar o colarinho do terno dizendo que era desconfortável enquanto minha mãe dizia entre dentes para que ele, pelo poderoso Kami, parasse de reclamar e de se coçar. Já Goten, mesmo reclamando do terno, não parecia muito preocupado com nenhuma espécie de protocolo e corria pelo pátio com o Trunks, enquanto Vegeta resmungava para a Bulma que era uma perda de tempo aquela cerimônia. Pelo menos ele não estava tentando me dar conselhos sobre minha vida sexual, então eu estava no lucro.

Eu me despedi de todos para me juntar à turma e encontrei a Videl no meio da galera. Como eu, ela também usava uma beca e um chapéu de formatura e estava bem linda. Mas não me deixou dar nem um selinho para não estragar o batom antes da formatura. Ela ia ser a oradora da turma, logicamente. Ninguém se atreveria a tirar esse lugar dela.

Então, depois de todos os discursos e homenagens, fomos para um coquetel. Meu pai e Vegeta ficaram num canto, fazendo Bulma e minha mãe passarem vergonha enquanto eles devoravam metade do buffet. Goten e Trunks estavam correndo pelo pátio e eu resolvi me juntar à Videl, que estava do lado do Mr. Satan. Ele estava de terno roxo. Acho que ele não tem nenhuma roupa minimamente normal.

Mas fui pego pelo senhor Piccolo no meio do caminho. Ele queria me dar os parabéns e dizer que tinha certeza que eu teria muito sucesso e tudo mais. Por um instante eu achei que ele iria me dar um abraço. Mas ele é o senhor Piccolo, não abraça ninguém. Deve ser algo da cultura Namekuseijin.

Finalmente eu e Videl nos desvencilhamos de todo mundo e nos abraçamos, nos beijamos, felicitamos um ao outro e ela me perguntou:

- Sentiu minha falta?

- Todos os dias. Mas hoje vamos passar o dia juntos.

- Queria passar a noite com você – ela fez beicinho – mas meu pai continua chato, marcando durinho.

- Eu sei. Mas eu tenho uma surpresa para você. Mas tem que esperar até domingo.

Ela me olhou desconfiada, mas eu desconversei. Não tinha música para dançar naquele coquetel, só comida mesmo. Quando estávamos nos servindo no Buffet eu ouvi o meu pai conversando com o Vegeta:

- Mas você não está achando nem um pouco divertido?

- Não.

- Mas nem a comida?

Virgem aos 19Onde histórias criam vida. Descubra agora