Vida adulta

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Deitados no futton, eu e Videl olhávamos para o teto do quartinho mudos e amedrontados.

A gente tinha esquecido uma coisa realmente muito importante sobre o sexo: sua função primordial, por mais prazeiroso que seja, é fazer bebês... e eu não cansava de lembrar das palavras do meu pai de que era mais fácil ser virgem do que ser pai aos 19 anos, e acredito que ele sabia bem do que estava falando.

Agora eu podia realmente ser pai aos 19 anos e estava simplesmente apavorado, mas acho que nem tanto quanto a Videl. Ela tinha uma expressão que estava entre o pânico e o choro. De repente, eu peguei a sua mão, olhei nos olhos dela e disse:

- Videl, o que você decidir, eu apoio. Se você estiver...

- Será que eu estou, Gohan? – ela parecia apavorada.

Fiquei, sem querer, imaginando a gente cercado de Videlzinhas e Gohanzinhos. Era um pensamento até fofo, ainda que assustador.

- Não tem como saber... – eu disse. – Acho que precisamos da ajuda de um adulto. Mas quem?

Eu pensei no meu pai, ele tinha sido muito legal até ali, mas era estranho falar sobre uma potencial gravidez com ele. Mr Satan ou minha mãe nem pensar, não tinham o mínimo equilíbrio emocional. Então a solução apareceu de repente. Havia uma adulta que poderia nos ajudar. Ela era legal, ia ser discreta e não ia jogar na cara da gente nada.

- Vamos falar com a Bulma, Videl. Ela vai nos ajudar.

- Você acha?

- Ela é legal e vai ser compreensiva com a gente. Pode te indicar um médico e tudo mais.

Eu abracei a Videl e dormimos assim, agarrados e com medo, mas certos que que a Bulma não ia dar uma bronca na gente por causa daquilo.

***

- COMO ASSIM VOCÊS COMEÇARAM A TRANSAR E VOCÊ NUNCA FOI A UM GINECOLOGISTA, VIDEL?

A ideia de que a Bulma não ia dar uma bronca na gente, como vocês podem imaginar, estava totalmente errada. Na verdade foi um sermão de quase uma hora sobre a responsabilidade da vida adulta, de como era importante escolher um método seguro para evitar filhos e, principalmente, como assim que doido eu era para seguir um conselho do VEGETA?

Ela tinha lá sua razão.

Logo depois de alugar nossos ouvidos até eles doerem, a Bulma deu um abraço na Videl e disse:

- Vou te levar no meu médico, querida... vai ficar tudo bem.

- E eu?

- Ah, fica aí e treina com o Vegeta.

Em duas palavras: Ninguém merece.

Eu já tinha me desacostumado com esse negócio de treinar, e quando eu entrei na sala da gravidade aumentada eu pensei "ferrou". Meu corpo inteiro doeu. E o Vegeta tava lá, exibidão de shortinho e sem camisa fazendo 370 flexões com um braço só.

- Trata de começar pelas abdominais, Gohan! – ele me ordenou.

Eu mal conseguia tirar meu tronco do chão, mas ainda assim, "motivado" pelos pescotapas do Vegeta eu fiz mais de 100 abdominais e pensei que estava precisando seriamente voltar a ter pelo menos um pouco mais de condicionamento físico. Perto do cara eu parecia uma lesma com câimbra.

Enquanto treinávamos o Vegeta perguntou qual era o problema e eu contei. Ele não me deu uma bronca, nem me repreendeu nem achou que nós éramos irresponsáveis... ao contrário, ele RIU!

- Então nenhuma camisinha consegue segurar o seu potencial quando está como místico? É algo a se considerar, sabe?

- Mas e se a Videl engravidar?

- Aí você torce para nascer um valoroso guerreiro sayajin, ora essa!

- Ô Vegeta, eu tenho que fazer faculdade, sabia?

- E daí? Eu tinha que me tornar super sayajin e salvar a terra quando a Bulma engravidou e nem por isso fiquei assim nesse desespero, moleque!

- Você fugiu para outro planeta.

- Eu disse que tinha que virar super sayajin.

- E ela teve o filho sozinho.

- Mas pelo menos eu virei super sayajin.

- Ela e ele quase morreram num acidente, lembra?

- Pois é, como uma mulher é desnaturada a ponto de trazer um bebê pro meio da batalha?

- Pensando por esse lado, você tem razão. O que você disse para ela quando descobriu que estava grávida?

- Eu? Nada. Ela não me contou, eu descobri.

- E aí?

- E aí ela disse que eu deveria ter usado camisinha.

- E o que você disse?

- Perguntei por que diabos eu transaria de camisa. Ela me disse que eu era um imbecil. Acho que foi quando eu realmente comecei a gostar dela.

Horas depois a Videl chegou toda feliz do médico e eu estava acabado pedindo pelo amor de Kami uma semente dos Deuses depois de tanto tempo treinando com o Vegeta. Pior que o treino só ele querendo me dar mais conselhos "de sayajin para sayajin".

Bulma me disse que estava tudo bem, que Videl tinha tomado uma pílula preventiva, ia fazer exames e nós iríamos tomar juízo dali em diante. Videl me disse que o doutor falou que cerca de 9% das camisinhas acabam arrebentando e nós ficamos de pensar em outro método.

Bem, ela não ficou mesmo grávida e nós acabamos dando um jeito de usar outro método... mas eu acho que sinto um pouco de falta das camisinhas coloridas, acabou virando um hábito.

E, lá pelas tantas eu pensei: aquela bronca toda na gente e a Bulma tinha transado com o Vegeta sem camisinha. Adultos são realmente estranhos, hein?

E assim, os dias foram passando e logo chegou a hora de irmos para a faculdade. O que aconteceu a partir daí eu conto no último capítulo...

Notas:

1. Para alegria de todos e felicidade geral da nação, a Panzuquinha não vem por aí.

2. Dona Bulma, dona Bulma, quem você quer enganar com esse papo de responsabilidade, né?

3. Vegeta, então, fazia o playboyzão sayajin até que... perdeu. Tomou-lhe a famosa chave de coxa e já era, game over.

4. Vou deixar para a imaginação de vocês os eventuais conselhos que Gohan recebeu.

5. Tudo que é bom, acaba, às vezes, o que é ruim acaba também. O próximo é o último capítulo.

Terminamos com casamento? Sim ou com certeza?

Virgem aos 19Onde histórias criam vida. Descubra agora