Me Proteja!

Capítulo 19: As Memórias Relutantes.

    Andando pelas ruas, Son O-Gong observava o ambiente ao redor, vasculhando cada detalhe na esperança de encontrar algo familiar, algo que trouxesse à tona as lembranças fugidias que o atormentavam nos sonhos. Cada passo aumentava sua inquietação, a sensação de que estava à beira de uma revelação. Os murmúrios de uma voz distante, que ele reconhecia dos sonhos, ecoavam em um beco próximo.

— Tem alguém aí? — gritou, encarando a escuridão. O eco da sua voz parecia devolver o silêncio, até que uma resposta inesperada surgiu.

— Ei, eu estou aqui. — A figura de Lee Han-Joo apareceu, meio escondida na penumbra.

— Han-Joo? Quanto tempo... — murmurou, se aproximando, sentindo um turbilhão de emoções.

— Pois é, o tempo passa rápido... mas a saudade é eterna, não é? — respondeu Han-Joo, com um sorriso melancólico que não combinava com suas palavras.

Son O-Gong franziu as sobrancelhas, confuso, enquanto o comentário ressoava em sua mente. A dor e a saudade que emanavam de Han-Joo o deixaram inquieto.

— Saudade? De quem você está falando? — questionou, a voz um pouco mais grave, como se uma sombra de lembrança tentasse emergir.

Han-Joo hesitou por um instante, levando a mão à boca para conter a emoção antes de continuar.

— Da nossa chefinha... É dela que estou falando.

— Ela deve ter sido alguém muito importante para você. — O-Gong tentou esconder a agitação em sua voz.

— Sim... foi. Mas não apenas para mim. Você sentiu isso mais do que qualquer um. — A afirmação de Han-Joo fez o coração de O-Gong bater mais rápido. Um calafrio percorreu sua espinha, e ele sentiu o peso de algo perdido.

— Do que você está falando? Por que isso me afetaria? Quem é ela? — insistiu, a ansiedade transparecendo em seu tom.

Sem responder, Han-Joo segurou firme o braço de O-Gong e o guiou até a imobiliária que um dia fora o epicentro de tantas histórias e momentos compartilhados.

— A dor que você esconde é a de alguém que preferiu esquecer para sobreviver. Mas esquecer não é seguir em frente. Guardar é a verdadeira prova de amor. — Han-Joo disse com uma intensidade que fez os olhos de O-Gong queimarem de emoção reprimida.

Dentro do prédio, a voz nos sonhos parecia mais alta, mais clara. Son O-Gong sentia o coração bater descompassado enquanto vislumbres de uma figura feminina surgiam em sua mente. Ele murmurou um nome sem perceber.

— O escritório... — disse Han-Joo, apontando para o local.

O-Gong caminhou hesitante, cada passo pesando como se levasse uma eternidade. Sobre o sofá, um macaco de pelúcia vermelho capturou seu olhar. Ele se aproximou, sentindo uma dor lacerante, uma onda de saudade inexplicável o tomando por completo. As lágrimas escorreram involuntariamente enquanto segurava o brinquedo com força.

— Eu vou embora... — sussurrou, tentando manter a compostura, mas sua voz traiu a tempestade em seu peito.

— Está bem? — Han-Joo perguntou, preocupado, mas O-Gong apenas balançou a cabeça, saindo pela porta de vidro sem olhar para trás.

Com o coração em pedaços, ele caminhou até a casa do Rei Demônio, onde encontrou P.K. sentado na sala. Sem forças para confrontá-lo ou zombar, O-Gong tentou esconder as lágrimas. Foi então que uma voz na TV prendeu sua atenção. Ele se virou para ver uma propaganda que exibia uma mulher cujo rosto era parcialmente revelado. Seu coração parou ao reconhecer a silhueta, a voz...