FAZIAM ALGUNS DIAS que eles estavam hospedados na casa de Lisianto e Marjorie, no final parece que as salas nas quais eles haviam acordado eram apenas cômodos vazios do chalé dos irmãos albinos.
Nesses dias em que ficaram no chalé eles aproveitaram para curar seus machucados e procurar por novos mantimentos, agora que haviam chegado até àquela altura na montanha não podiam mais voltar e precisavam de mais comida, pois mais duas pessoas os acompanhariam até a Base do Sul.
Arabella aproveitou esses dias silenciosos que passara para aprender mais sobre as pessoas das montanhas, como não podia falar, ela ouvia atentamente tudo o que Marjorie e Lisianto falavam sobre os esquimós das montanhas.
De acordo com os irmãos albinos as pessoas das montanhas viviam próximo ao topo, havia uma pequena vila de esquimós que moravam em pequenos chalés de madeira, assim como Marjorie e Lisianto, era uma vila pacifista em que todas as pessoas se conheciam e partilhavam de tudo, pelos relatos a maioria das pessoas ali eram pescadores, mas haviam alguns agricultores também, como o solo das montanhas era estéril eles precisavam descer até a Base da montanha onde haviam algumas plantações, era um local bastante isolado, pois era preciso atravessar uma passagem bem sinuosa para chegar ao outro lado, passagem que era ao pé da montanha muito propensa à avalanches, o único caminho para chegar ao outro lado seria por essa passagem ou descendo pelas costas da montanha, que também era bem sinuoso, mas que já fazia parte da rotina dessas pessoas, os pescadores também faziam esse trajeto, pois não haviam lagos na Montanha do Leste e precisavam descer até sopé da montanha e caminhar por alguns quilômetros até dar de frente à uma praia na qual realizavam suas atividades de pesca, não era nada fácil, mas era um trabalho valioso para a sobrevivência.
Na região por trás da montanha era possível fazer suas atividades com segurança, pois lá não haviam nenhum soldado ou agentes do Rei por perto, era um lugar tão isolado que chegava a ser o local ideal para o cultivo dos alimentos, as únicas pessoas que moravam por perto viviam próximo a praia, de acordo com Lisianto, eram pessoas estranhas que não falavam com os esquimós e que viviam vigiando aquela região como sentinelas, ele os achava bastante suspeitos, mas como nunca atacaram o povo ou se atreveram a subir a montanha ele nunca viu motivos para se envolver.
Ouvindo tudo o que os jovens diziam Arabella se perguntou quem poderiam ser àquelas pessoas. Sentindo certa curiosidade queria poder descer até "as costas da montanha" como dizia Lisianto, e verificar por sí mesma quem eram aquelas pessoas e o porquê de o local ser tão bem vigiado se aqueles não eram agentes do governo fridiano._ ISSO É SÉRIO MESMO?! - Lisianto se exalta mais uma vez, estava perplexo, acabara de saber junto de sua irmã que a garota de cabelos dourados diante deles era a verdadeira herdeira da Honra de Frid, para ele era como estar diante da própria rainha, os olhos azuis do albino brilharam ao olhar para a garota, logo depois se tocando que se ela era a princesa herdeira, significava que anteriormente ele havia estrangulado a futura Rainha de Frid, um arrepio subiu por suas costas - Ah, meu Deus! Você não vai me mandar para a forca vai?! - com um olhar apavorado ele encara Arabella ficando de pé e apoiando as mãos na mesa em que todos estavam jantando.
_ Seria bem útil! - Viktor se vira para Arabella esperançoso, mas é calado por um olhar de repreensão, ele bufa e cruza os braços como uma criança que levou bronca.
_ N-não - diz a dourada sobre a pergunta expressiva do albino, bebendo um gole do seu chá quente para diminuir a dor nas cordas vocais.
_ Viktor também é um príncipe! - diz Malia, fazendo todos se virarem para ela, que cora.
_ Eu imaginei - mencionou Marjorie - não que fosse um príncipe é claro, mas que ele deveria ser importante.
_ E como você imaginou isso? - pergunta Lucinda com a boca cheia de comida, sendo seguida de um grande e recíproco gemido de nojo por todos ali.
_ Ignorando o que acabamos de ver... - começa Viktor com o rosto retorcido na direção de Lucinda, volta seu olhar novamente para Marjorie - gostaria de saber como chegou a essa conclusão.
_ Não é nada muito impressionante, apenas pensei que seu modo de falar era muito pomposo para o de seus amigos, mas isso poderia não significar nada já que eu também sou meio pomposa, diferente de Lisianto.
_ Como assim? - pergunta o albino com a colher na boca.
_ Não é nada - diz Marjorie, o albino franze o cenho confuso.
_ Ela quer dizer que você, assim como nós, fala normalmente, já ela e Viktor falam mais bonito. - responde Malia com um sorriso amigável, e Lisianto agora entendendo abre a boca para dizer algo para sua irmã, mas logo desiste e volta a se concentrar em seu peixe cozido. Malia dá uma risadinha nasalada com a reação do albino que estava concentrado soprando seu peixe.
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Pela Liberdade
RomantizmDepois de tanto medo e preocupação com o que poderia acontecer ao voltar para a sua Ilha, Arabella finalmente aceita seu destino e decide junto de Viktor enfrentar o seu pai. Agora conhecendo os segredos que seu pai escondera dela por tantos an...