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CAMILA

Diário, 6 de maio.

Como é que o céu pode se transformar em inferno tão rapidamente?

Quando comecei a me apaixonar por Shawn, era inocente. Quero dizer, eu nunca pensei seriamente que ele e eu iríamos para a cama juntos, e certamente não achava que iríamos desenvolver um sentimento tão profundo um pelo outro.

E eu nunca quis que nosso relacionamento o colocasse em
problemas. Eu só queria... ele. O bastardo arrogante e tudo.

E agora meu desejo egoísta colocou toda a sua carreira em risco. Atravessamos a linha proibida e não há como voltar atrás.

Mas tenho que admitir... tão enterrados como estamos nisto agora, eu amei cada minuto. De ser dele, dele ser meu.

Eu não sei exatamente o que Shawn planejou, mas ele me disse que cuidaria de nós, e eu acredito nele.

* * *

Eu verifico que estou com todas as minhas coisas, fechando minha bolsa e deslizando por cima do meu
ombro. Lá se foram as saias provocantes ou jeans apertados. Estou muito assustada com a nota de
ontem. Além disso, eu dormi mal, meu corpo incapaz de lidar com os altos e baixos. Nós passamos de sexo intenso e apaixonado para o maldito terror absoluto.

Shawn e eu trocamos mensagens algumas vezes, mas há uma tensão no que dizemos agora, ambos relutantes em falar qualquer coisa por SMS sobre o bilhete de Sabrina. E embora ele tenha dito que tem um plano, o que supostamente me deixaria à vontade, acho que o fato dele não dizer qual é, me deixa mais e mais nervosa.

— Ei, chica, você está bem? — Arianna pergunta quando coloco uma tigela no balcão para tentar engolir um pouco de cereal. Além de tudo, não comi muito nas últimas vinte e quatro horas, e agora minha cabeça está um pouco nebulosa, então o café da manhã normal como jantar é tudo que posso arranjar. — Você estava montando o seu cavalo feliz há apenas alguns dias. Agora parece que lhe disseram que seu cachorro morreu.

Não, é como se eu tivesse recebido um convite para uma festa de dança no inferno. E o pior de tudo, apesar desse sundae de merda que me serviram, meu corpo ainda anseia por Shawn.
Em vez de dizer isso a Ari, eu apenas balanço a cabeça.

— Estive enfiada nos livros um pouco demais. Os exames me preocupam. — Indo para a geladeira, eu coloco um pouco de leite em minhas Rice Krispies e me viro para ela. — Mas e você? Pronta para as finais?

Assim que as palavras saem da minha boca, posso ver que ela não acredita em mim. Inferno, eu não acredito em mim também.

— Boa tentativa de mudar de assunto. Tente novamente, Camila. O que está acontecendo? — Ari exige, estendendo uma colher para mim. Mas quando vou pegá-la, ela puxa de volta. — Fale ou não tem colher.

Eu desmorono na cadeira, minha tigela saltando sobre a mesa e deixando uma poça de leite que não me importo em limpar. As lágrimas vêm espontaneamente.

— Merda, querida. Aqui, pegue a colher — diz Ari, a colocando na
minha mão.

— Não é isso. É o professor Mendes — murmuro. Até mesmo chamá-lo assim agora, desmente a profundidade dos
meus sentimentos por ele.

Ari me olha interrogativamente.

— Eu achei que você tivesse dito que estava indo melhor na aula dele. Você está enlouquecendo com a final?

Está na ponta da minha língua, apenas lhe diga que o teste está me estressando. Mas eu conheço Ari, e estava certa quando disse a Shawn que, de qualquer pessoa, ela seria em quem eu mais poderia confiar. Mas é muito perigoso contar, especialmente sem saber o que ele planejou? Talvez ficar quieta sobre a coisa toda seja o melhor, pelo menos por enquanto. Mas preciso de apoio e Ari é minha melhor amiga. Eu confio nela.

— Não, não é a final. Estou pronta para isso. É...

Ela sorri encorajadoramente.

— Desembucha. Estou aqui por você, não importa o que aconteça. Talvez eu possa ajudar.

— Eu tenho saído com ele. Professor Mendes, Shawn, romanticamente.

Seus olhos se arregalam:

— Puta merda, Camila! Você está fodendo seu professor de matemática? Tem ideia dos problemas que você pode ter, quantos problemas ele pode ter? Oh, meu Deus, ele te pressionou a isso? Aquele filho da puta arrogante, eu vou matá-lo. — Ela se exalta, já em minha defesa como a verdadeira amiga que eu sabia que ela era.Coloco minha mão na dela.

— Não, não é assim. Estamos apaixonados. Eu o amo, Ari. E ele me ama.

Seus olhos examinam os meus.

— Sério? Você está apaixonada por ele? E ele está apaixonado por você? — Sua voz é incrédula, como se eu fosse uma garota boba da escola
presa em uma fantasia.

— Ari, estamos apaixonados. — Ela deve ver a verdade agora, porque ela engasga.

— Puta merda, Camila, — ela repete, aparentemente sua principal resposta a esta notícia. — Isso é... Bom? Quero dizer, eu acho. Se vocês se gostam. Mas como? E agora? Eu não sei o que dizer. — Nós duas nos encaramos por um momento, minha confissão pesando o ar entre nós. — Espere... se você está apaixonada, então por que as lágrimas? O que há de errado? — Ari pergunta, sempre esperta.

— Tem uma garota na minha aula...

— Filho da puta, eu vou matá-lo, — Ari interrompe.

— Não, não, ele não... Não é desse jeito. Estamos muitosérios. Ele não faria isso. Mas essa garota, ela descobriu sobre nós. E agora...

Conto a Ari toda a história sórdida, desde os flertes iniciais até o texto da noite anterior, explicando sobre Sabrina e a chantagem. O rosto de Ari mostra todas as suas emoções, da excitação a doce emoção até a fúria e maníaca homicida.

— Essa cadela! Como ela ousa? Então, o que você vai fazer? — Ela pergunta.

— Eu não sei. Shawn disse que cuidaria disso, mas não me contou sobre o plano além de que virá me buscar para jantar no Golden Wok. — Minha frustração com a situação toda esconde o medo mais profundo e sombrio no meu núcleo. — Ari, e se não der certo? E se isso explodir e arruinar sua carreira? Eu nunca vou me perdoar.

Ela sorri.

— Chica, isso aí me diz tudo que eu preciso saber. Você não está preocupada consigo mesma. Tudo o que você falou foi sobre ele, como isso vai machucá-lo, e como você fará qualquer coisa que ele queira fazer pra isso dar certo. Se ele se sentir um pouco do mesmo jeito, vocês dois vão ficar bem. Pode não ser o mesmo futuro fantástico que você imaginou, mas você ficará bem. Eu prometo.

Suas palavras simples, a crença inocente de que isso vai funcionar, me tranquilizam mais do que teria imaginado, me dando paz de uma maneira que eu não sabia que
precisava. Eu concordo.

— Obrigada, Ari. Eu te amo, garota.

Ela sorri, limpando as lágrimas no meu rosto.

— Sem problemas. É para isso que as amigas servem. Apenas lembre-se disso na minha próxima crise quando eu vier chorando até você, ok?

Eu sorrio, o alongamento tenso do meu rosto me lembrando de que os sorrisos foram escassos nos últimos
dias com todo esse drama. Parece bom, mais como eu mesma.

— Combinado. Talvez você possa vir até mim antes que a merda bata no ventilador, no entanto?

Ari pisca e meu telefone toca. — É Shawn, me dizendo que está aqui. Ele vai me encontrar na esquina porque está sendo muito cauteloso. — Eu suspiro, desejando que eu pudesse descer as escadas e entrar no carro do meu namorado como qualquer outra mulher normal.

— Vá buscá-lo, garota. E vá bater naquela cadela por mim ou terei que fazer isso por você. Ugh... algumas pessoas, — Ari diz, revirando os olhos.

Satin and Pearls | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora