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SHAWN

Ir para o trabalho no dia seguinte é
estranho. Desconfiando de tudo, avaliando se há algo sinistro por trás de cada sorriso amigável e saudação, procurando por alguém que possa estar me observando. Ignoro completamente a sala de descanso, embora definitivamente pudesse precisar de algo mais forte do que o café fraco do meu escritório. Mas entrar lá parece um risco desnecessário agora.

Quão louco é isso? Tomar café na sala de descanso é... arriscado? Que vida é essa?

Mas a verdade é que não sei quem está fazendo isso, e até descartar que é outro professor, não quero dar munição em potencial ou ficar sozinho em uma sala com eles. Honestamente, não tenho certeza do que faria se descobrisse, mas a fúria em minhas veias diz que eu provavelmente devo agir com cautela e beber a lama que chamo de café.

Eu paro quando entro em meu escritório, me recusando a me encolher sob essa pressão ou me esconder. Sim, talvez Camila e eu estivéssemos nos escondendo, embora muito mal, aparentemente, mas isso foi por necessidade. Não tenho
vergonha dela, de mim mesmo ou do que temos. Mas ainda assim, o instinto de se esconder para evitar a tempestade permanece.

Qual é o ditado? “Coragem não é a ausência de medo, mas a avaliação de que algo é mais importante que o medo”. Isso é Franklin Roosevelt, creio eu, embora seja mais nerd em
matemática do que um estudioso literário histórico. Mas o sentimento é verdadeiro, porque tenho medo que tudo isso imploda, deixando os pedaços da minha carreira e do futuro de Camila espalhados. Mas não vou esconder o que somos, o que queremos ser, porque não há nada mais importante que Camila.

Mas quando fecho a porta atrás de mim, precisando de um momento sozinho, toda a minha força é testada quando vejo que há outro envelope vermelho no chão. Porra. Alguém
deve ter passado por baixo da porta. Eu o pego com cuidado, como se fosse uma bomba prestes a explodir minha vida, e sento a minha mesa.

Ao abrir, vejo que não há nenhuma foto desta vez, apenas uma única folha de papel com um texto digitado.

48 horas. 100.000 dólares na minha conta bancária. Notas máximas em suas aulas até eu me formar. Ou irei a público e denunciarei o que você tem feito, Professor impertinente. Me encontre no Golden Wok em Poplar Street na quinta-feira às 19h para conversarmos. –S

Que porra é essa? Essa merda é real?

A quantia me impressiona. Eu não tenho esse dinheiro. Quer dizer, eu poderia liquidar algumas ações, mas isso é uma tonelada de dinheiro para um mero professor, não é algo que eu tenha por aí ou que consiga em fodidas quarenta e oito horas.

É preciso um segundo para registrar o restante. Notas máximas? Isso significa... que é um estudante, não um colega de trabalho. Algum estudante de merda está fazendo isso conosco. E por quê? Um A na minha aula vale a pena destruir a vida de alguém? Absolutamente ridículo. Então mamãe e papai não ficarão felizes se Júnior conseguir algo
menos do que uma pontuação perfeita que obviamente não consegue?

O desgosto me enche, seguido pelo desejo de descobrir quem é esse filho da puta e destruí-lo. Eu mentalmente percorro minhas listas de alunos, tentando lembrar nomes que começam com S. Vamos ver, há... Sam na minha aula de trigonometria as 9 AM, Scott no programa de pós-graduação, Sean da minha aula de cálculo as 3 PM, e a lista continua. Steven, Seth, Simon, Sergio, Sebastian. Porra. Quantos nomes de alunos começam com S? Não é nada que eu tenha prestado atenção antes, mas agora a lista de suspeitos está crescendo exponencialmente.

Eu coloco o envelope na minha bolsa, precisando ir para a aula. A última coisa que preciso quando a merda bater no ventilador é ser visto como não confiável sobre todo o resto.

Satin and Pearls | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora