Uma Brasileira em Hogwarts

SONHOS SONHAM-SE

-Leia as notas finais
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Correr. Correr.
Sentindo o chão duro e frio abaixo dos meus pés cansados.

Correr.
Coração acelerado batendo nos ouvidos como um tambor.
As mãos suadas e frias.
A respiração irregular e entrecortada. Os pulmões doíam.

Ele não pode me pagar! Não pode!

Minha mente não parava.

Não posso deixar ele me tocar. Não de novo!

O medo já fazia parte de mim. Era como se tivesse voltado no tempo, a anos atrás.

As paredes frias das masmorras já não me confortavam como antes.

Eu conseguia escutar o barulho dos sapatos dele. Isso queria dizer que ele estava próximo.

Correr.
Alguém tinha que me ajudar.

Uma porta.
Era como a esperança me dando o ar de sua graça depois de um longo tempo.

Os joelhos falham.
Caida. Tudo o que me resta é rastejar até a porta.

O ar mal entrava nos meus pulmões.

GRITE! CHAME POR AJUDA!

-Socorro! - Eu implorava - Por favor, me ajude!

Eu esmurrava a porta com o resto de força que eu tinha no meu corpo. Até que a maçaneta se mexeu e a porta se abriu.
Caida no chão tudo que vi primeiro foram os pés do meu pseudo salvador. Sapatos sociais bem engraxados.
Meus olhar foi levantando lentamente. Calça preta completamente alinhada e bem passada, camisa preta de pano grosso abotoada até o colarinho. Sua capa longa o dava uma aparência sombria. Então vi seu rosto, tão pálido quanto a própria lua, e os olhos, tão escuros quanto a noite, me olhavam caida naquele chão frio.

-Me ajude... - Estendi minha mão - Por favor, me ajude... Não deixa ele me pegar.

Eu me sentia com 12 anos de novo.
Tão frágil...
Tão indefesa...
Como eu odiava isso!

Ele me olhava como se fosse superior e disse como se o deboche fosse seu veneno:

-Você tem medo dele? - Ele apontou para algo atrás de mim. Era meu perseguidor com seu sorriso que me dava calafrios.

-Sim - Lágrimas já tomavam os meus olhos e eu não sabia o que fazer.

-Você é tão fraca! - O homem que deveria me ajudar gritou comigo - Ele é apenas um homem. Levante! Lute!

Ele me agarrou me fazendo ficar de pé, e me virou para meu maior pesadelo.

O homem de olhos claros e sorriso assustador estendeu suas mãos em minha direção.
Sujas. Nojentas.
E em seus olhos, estava lá, a maldita malícia. O podre desejo.

Então ele me pagou...

...

Acordei coberta de suor e com meu coração a mil, como se eu realmente tivesse corrido tanto. Meus olhos ardiam querendo ser tomados por lágrimas.

Olhei ao meu redor, ainda assustada com o sonho tão realista, e tudo que vi foi a caverna que eu me encontrava já faziam três dias. Tudo que tinha ali era um fogueira que se apagou sozinha, aparentemente a pouco tempo, e um outro saco de dormir do outro lado que era ocupado por Lupin.