mas o gosto da sua boca ...

Prólogo

Meu nome é Danny. Daniel Williams.

Há nove anos, eu era um modelo perfeito de um homem realizado, sentava no extremo da mesa do que se parecia um comercial de margarina, entre minha esposa Rachel, e minha pequena e doce filha, Grace. Era gratificante passar as noites com minha família, mas também era digno passar os dias protegendo as ruas frias de New Jersey, com minha parceira.

Mas é claro que isso foi há nove anos.

Eu não sei se fazia parte do até-que-a-morte-os-separe ter um empresário muito bem-sucedido, se sentando entre minha ex-esposa e minha filha. Mas lá estavam elas, uma família feliz, cada dia menos minha, cada dia mais do Stanley.

Eu podia aguentar tudo aquilo, passando noites em claro e me afogando em cerveja barata, porque no fim da tarde eu poderia fugir do trabalho, podia passar na porta da escola primária de New Jersey e ver um sorriso espesso se formar no rosto da Grace. Mas um empresário do porte de Stan não fica estagnado como um policial como eu, e logo o Stan conseguiu um grande negócio nas dependências de uma ilha.

No estado do Havaí.

Eu não podia ser egoísta, um grande negócio do Stan a essa altura poderia mudar a vida de Rachel, e é claro, de Grace. Por isso, engoli todo e qualquer orgulho e me resumi em duas malas de couro gasto, partindo de uma vez por todas para aquela ilha maldita, como num filme de terror ruim. Abandonei New Jersey, e lá minhas camisas de lã, abandonei meus dias felizes e abandonei a memória de minha ex-parceira.

Poderia dizer que estava fadado ao fracasso e à infelicidade, mas ao pisar nos pés na areia do Havaí, algo desastroso aconteceu e tudo, tudo mudou.

Eu... conheci o Steve.

Meu caso mais importante depois que cheguei, se tratava de investigar o assassinato do policial aposentado, John McGarrett, mas ninguém me avisou que eu teria meu caso roubados pelo filho da vítima, o seal Steve McGarrett. Sedento por vingança, com passe livre dado pela governadora para montar sua própria força tarefa, carta branca para subtrair leis, e encontrar o assassino de seu pai. Mas também esqueceram de me avisar que ele é um cara legal, e que após roubar meu caso, me convidaria para sua equipe como seu parceiro.

Desde que me tornei o parceiro do Steve, eu... tenho mais apreço pelo meu colete a prova de balas. Ele faz a linha imprevisível, não é bom em seguir regras, mas é simplesmente o melhor policial e homem que conheço.

Através de Steve, conheci Chin e Kono, os outros dois quartos da nossa tarefa força, a Five-0. Quando conheci Chin, a polícia local não olhava em seus olhos, isso porque ele havia sido acusado injustamente de corrupção. Hoje isso já é página virada, mas a verdade é que ele não merecia nada disso, perdeu anos de sua vida sendo julgado por todos, e quando finalmente se acertou com a mulher que ama, se casou e teve a esposa assassinada. Kono, sua prima, é uma linda e jovem garota, mas não se engane, porque quando o assunto é vale-tudo ela é um pequeno monstrinho. Kono se casou com Adam, mas também já passou por maus bocados, perdeu o distintivo e trabalhou infiltrada para nos proteger.

É uma bela de uma injustiça quando digo que Stan me tirou minha família. Quer dizer, ele ficou com Rachel, e eu acreditava que haveria uma reconciliação entre nós dois, mesmo depois de assinar os papéis. Quando voltei a dormir com Rachel, eu estava quase feliz, achei que recuperaria minha antiga vida, mas em segredo meu coração já não se satisfazia com aquela ideia. Como eu disse, tudo mudou. Então, veio Charlie, o filho de Rachel com Stan, que anos mais tarde vim a descobrir que advinha só... era meu.

Eu olho para trás e me pergunto como consegui sobreviver a tudo o que me aconteceu, então me lembro que eu nunca poderia fazer isso sozinho. Tive Chin e Kono para me apoiar em cada uma dessas etapas, tive Steve me perturbando dia e noite, dirigindo o meu carro feito um maluco, me ligando no crepúsculo, quase que invadindo minha mente para ter certeza de que eu estava bem antes de cair no sono. Amo meus filhos, respeito Rachel e até tenho um carinho pelo estúpido do Stan, mas sei que a Five-0 é a minha família agora.

Ela está crescendo e se transformando em uma linda Ohana italiana - que Steve não me ouça falando na língua dele. Temos Adam como novato na equipe, Lou Grover, uma espécie de Pai de Chicago, Jerry que recusa comentários, meu sobrinho desastrado Eric, Max e Noelani, Abby na polícia com Duke e agora nossos novos recrutas em treinamento Junior e Tani. Fora o Kamekona, Flippa e todos os outros amigos que fizemos ao longo dos anos.

Exatamente por isso, nossos dias de luta são intensos e recorrentes, e aprendemos a dar muito valor aos dias de glória, como hoje. Bom, Kono acabou de voltar de sua lua de mel oficial, porque a primeira não valeu, e Chin parece no caminho certo para refazer sua vida com Abby e Sarah. Eu tenho uma namorada e nos vemos algumas vezes por mês... ah e é claro, não posso me esquecer da grande novidade. O majestoso jantar de hoje na casa de McGarrett, recebemos Kono de volta e... bom, Steve preparou uma surpresa para Catherine, sua namorada, surpresa que surpreendeu a todos nós, inclusive eu, ele a pediu casamento. É isso mesmo, casamento... Steve McGarrett vai se casar... E por algum motivo, saber disso me fez pensar em tudo, me fez reviver tudo, sinto que estou me despedindo da minha família outra vez, e essa dor silenciosa me fere ainda mais que meu divórcio.

***