Os Gêmeos: Na Ilha do Purgatório

Newfangled

Saímos da plateia, olhando atentamente para o palco utilizando das sombras e da escuridão para passarmos despercebidos, descemos as escadas e fizemos o mesmo percurso para voltar. Tyler já tinha elaborado o plano de fuga, lá embaixo, entre a entrada dos bastidores e a pequena escada que levava à sala de vigilância havia uma caixa de energia. - Em nenhum momento eu notei aquilo ali. - Sem perder muito tempo Tyler correu até ela, de modo a não se deixar ser visto pelos demais que estavam nos bastidores, de seu bolso - mágico - tirou um isqueiro e começou a queimar os fios, já adiantando a fuga eu abri a porta lentamente, quando deu o curto e a energia do lugar todo caiu, pode-se ouvir um "AHHH" coletivo do elenco, com a energia cortada a câmera não poderia gravar nossa saída, Tyler correu em minha direção e juntos cruzamos a porta rumo ao nosso encontro, com destino ao Newfangled.

Voltamos para o metrô e enquanto esperávamos na plataforma, o celular começou a vibrar em meu bolso, automaticamente pensei que fosse Rachel, até porque o horário combinado se aproximava faltando menos de uma hora, no entanto era nossa mãe que ligava.

- Alô, Trevor?

- Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

- Não filho, eu liguei para avisar que eu e seu pai estamos saindo para almoçar fora, Elise disse que mais tarde iria sair também, estou ligando para não se assustarem ao chegarem em casa e não encontrar ninguém.

- Tudo bem mãe, vou avisar ao Tyler. - Nos assustar?

- Vocês já se encontraram com as meninas?

- Ainda não, entramos no metrô agora, daqui a pouco nos encontraremos com elas!

- Manda um beijo para elas. E outra coisa, sei que já avisei antes, mas voltem cedo para casa, vocês sabem o quão perigoso está!

- Voltaremos o mais cedo possível mãe, não se preocupe.

- Tchau meu amor, juízo. Beijos!

- Tchau mãe!

Tyler não falou nada, pois mantinha os ouvidos colados em mim e escutou a conversa toda. Já dentro do vagão, seguíamos em pé, demos nossos lugares para duas senhoras de idade que chegaram juntas, elas nos elogiaram alegando que éramos bons meninos, que respeitávamos os idosos e coisas do tipo. Como um trem desenfreado elas começaram a conversar conosco sobre seus penosos cotidianos, que se resumiam em problemas e mais problemas, dores, doenças, solidão de morarem sozinhas e um milhão de outras coisas mais. Eu apenas assentia concordando sem falar muito, já Tyler tagarelava com elas sem parar como se também fosse um velho de 80 anos, realmente simpatia é o forte dele.

Os 45 minutos da viagem me pareceram 45 anos, acho que é por isso que muitos idosos aqui nos EUA moram sozinhos ou vivem nos asilos, ninguém aguenta tanto papo furado e tantas receitas de remédios acumulados numa bolsa só, todos os idosos deveriam trabalhar em drogarias como farmacêuticos, pelo menos assim eles já ganhariam desconto nos próprios medicamentos.

Nos despedimos delas e desembarcamos na estação Melrose Park Station. Enquanto subíamos as escadas em direção à rua, eu pensava: o que Louis estaria fazendo neste momento?

Fui privado de meus pensamentos quando Tyler chamou minha atenção e perguntou: "Como está o meu cabelo?" Que vontade de dar risada, cabelo? Essa é a sua preocupação? De fato, seu cabelo estava ótimo. Ao atingirmos o topo da escadaria, vi a hora em um relógio que se encontrava no ponto mais alto de um pequeno poste da cor preta que se localizava no lado esquerdo do fim das escadas, era exatamente 11:30, o horário marcado, ao longe conseguimos enxergar nossas namoradas encostadas num poste de luz. Tyler segurou firme meu braço bem no lugar aonde ele mesmo tinha me machucado mais cedo, me puxou contra o fluxo de pessoas que desciam para a estação de metrô. Neste momento durante a dor aguda de meu braço já bastante inchado uma frase me veio à mente: Os fortes criam seu próprio caminho, os fracos o seguem.

Elas nos viram também, fomos nos aproximando rapidamente, seus sorrisos se abriam, o meu também; Rachel realmente gostava de mim, eu sentia isso, e eu, bom, amor não é algo que eu sinta, mas meu sentimento por ela significava muito, na escola sempre nos vemos durantes os intervalos, na entrada e na saída, porém estar num encontro é diferente. Rachel Strand, namoramos a 7 meses e até aqui tudo vai muito bem, ela é simples assim como eu, demonstra isso em suas atitudes e suas palavras, o seu jeito me acalma, me sinto seguro, e hoje ela está muito bela. Fez uma ótima escolha na roupa, ela veio de vestido, raramente a vejo de vestido.

Ao seu lado está Nance Lestrade, completamente o tipo de Tyler, vestida como uma roqueira, avantajada em peito e bunda, tem uma cintura esculpida a mão, seu rosto então nem se fala, Nance é uma morena perfeita de olhos castanhos claros com 1 metro e 75 de altura. É exatamente isso o que Tyler e todos enxergam nela, aparência. Rachel é linda também, cabelos castanhos claro, pele branquinha, olhos castanho escuro, 1 metro e 65 de altura, peito e bunda de tamanho normal, cintura normal, mas eu não enxergo nela a aparência e sim o caráter. Moralmente falando quem sou eu para distinguir caráter, porém reconheço isto nela. Por outro lado, Nance é tão escrota quanto Tyler, eles se merecem.

- Oi meu amooorr! - Nance e seu jeitinho de puta submissa, ela me lembra alguém.

- Oi meu anjo, como é que vai minha gostosa, hum... - Dando esse beijo nojento em público parece que eles estão querendo se engolir, dois infectados do T-vírus vendo quem tem a boca maior.

- Oi Trevor, tudo bem? - Uma pessoa meiga, gentilmente segurou minhas mãos enquanto perguntava.

- Oi Rachel, estou sim, melhor agora!

- Oi Nance.

- Oi Trevor.

- Eai Rachel!

- Oi Tyler.

- E então donzelas, vamos indo, o Newfangled nos aguarda!

O destino é muito conspiratório, nunca ao meu favor é claro. Newfangled é o maior boliche da cidade de Philadelphia, todos os dias, principalmente aos finais de semana como hoje, o lugar fica lotado, mas a estrutura foi projetada não só para receber clientes durante as partidas, como também para almoçarem num ambiente confortável, com um cardápio vasto e me atrevo a dizer, requintado. Durante toda a semana, na hora do rush, vários funcionários de empresas próximas vêm até aqui no horário de almoço comer e jogar um pouco. Frequentamos este boliche quase que bimestralmente, mas estar aqui é particularmente desconfortável para mim, o dono do Newfangled é...