Esperei por 2, talvez 3 minutos até o fim do interrogatório com Tyler. E eu achando que comigo tinha acontecido rápido demais. A sala era bem trancada, nenhum som foi emitido através da porta nos minutos que se correram desde o momento em que ela se fechou, embora eu não tivesse realmente prestando atenção em volta uma coisa me incomodava, nada corrosivo na mente ou fluxos intermináveis de pensamentos, - como normalmente me aconteceria - seria mais como um estímulo seguido de um espasmo. Algo físico. É como querer mover a mão e ela responder com atraso; isso me encheu de agonia, eu me vi com uma enorme vontade de se atirar no chão e me debater, senti também a vontade de arrancar meu braço fora como um animal, foi por um milésimo de segundo, porém mesmo assim ainda tive essa vontade. Outro espasmo aconteceu e, involuntariamente meus lábios se arquearam, trêmulos.
Após este sorriso que ganhou vida sozinho eu olhei para o policial que se encontrava imóvel, ele levantou um pouco o seu cap e acenou com a cabeça. Quase levantei a mão para acenar, mas me contive. Escutei um leve estalo e numa pernada ele saiu do interrogatório.
Quando voltei a ver meu irmão senti uma leve complacência, Tyler estava com o rosto muito inchado e vermelho, se eu não o conhecesse diria que alguém o agrediu. Ele esfregava as mãos nos olhos e com as mesmas mãos molhadas de lágrimas ficava repuxando e amassando a barra da sua blusa de frio. Assim que também me enxergou, correu para um abraço - que eu não teria preparado -, me senti segurando um enorme saco de lixo pesado, eu poderia me livrar desse lixo e jogar no caminhão para que fosse descartado para sempre, longe de mim, mas em vez disso eu o abracei forte o suficiente para que ele perdesse um pouco do fôlego.
Surgindo à porta, me deparei com o detetive Keys observando a cena e expressando uma cara de culpa, como se ele causasse o pranto de meu "indefeso" irmão.
Ele deu um meio sorriso e vacilou num passo para frente, mas logo se recompôs e pigarreou. Tyler não me soltou e continuou a molhar tanto a sua quanto a minha blusa com seus falsos fluidos.
- Bom... eu já conversei com vocês o suficiente.
Ele coça a cabeça olhando para o policial a minha direita.
- Se for servir de conforto - caminhou até nós - eu lhes prometo uma coisa, eu e minha força policial vamos capturar este filho da puta!
Os soluços de Tyler sessaram, ele olhou para o detetive com raiva e seu rosto se encheu de rugas em tons avermelhados.
- Como pode prometer uma coisa dessas? Acha que somos crianças? Esse maldito não foi pego até agora, por que seria diferente agora?
Após seu acesso de fúria ele mergulhou sua cabeça novamente em meu peito.
- A investigação está uma bagunça sim, mas agora estamos indo pelo caminho certo, não é só pela dor de vocês, muitos já sofreram com esse maldito! - Ele olhou para mim com pesar.
Após esse breve momento Tyler e eu fomos escoltados para o centro do departamento de polícia, cruzando conosco ao lado da sala de vidro, nossos pais seguiam de encontro ao detetive Keys que teria ficado para recebê-los.
Ficamos sentados no corredor ao lado de um filtro de água que vez o outra borbulhava. Uma mulher nos observava de longe, não a imagino como uma policial, talvez alguma psicóloga, alguém do conselho tutelar, ou qualquer outra profissão em que se use roupas casuais e crachá. Seu nome era Margarett.
- Essa mulher está me incomodando!
Ele disse, olhando para o chão reluzente.- Tyler... agora que estamos mais sozinhos, e com certeza aquela mulher não nos escuta - olhei bem para ele -, porque Elise, e justo agora?
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Os Gêmeos: Na Ilha do Purgatório
Mystery / Thriller15 anos após os vários assassinatos cometidos em Manhattan pelas mãos do serial killer Buddha Puzzle, o país parece ter se livrado dos fantasmas do passado. Mas em Philadelphia (EUA) os brilhantes gêmeos adotados pela família Bryant cresceram e leva...