Amanhã, terça-feira, é o grande dia, o que será feito com certeza foi questionado com uma grande margem de dúvida, não verdadeiramente pelos motivos, mas sim pela taxa de sucesso. Não foi um plano feito nas cochas, entretanto não é nada magnífico ao ponto de ser infalível; e se Louis não for a escola amanhã? E se por algum motivo sobrenatural o coquetel molotov falhar? Uma intervenção divina? Haha, acho difícil.
O pequeno Louis me traz um sentimento de comodidade, o sentimento de querer ser ele, de querer ter um filho como ele, para mim Louis é uma fraqueza, não devo nutrir sentimentos tão mentirosos e abstratos para com um ser corrompível, agora ele é assim, inocente, bondoso, empático, cheio de vida e esperanças, mas e depois? Vai se tornar alguém de índole questionável, mascarado sob alguma coisa como dinheiro, fama, tristeza, superioridade, inferioridade... são quase infinitas as variações. Já fiz isso outras vezes, e o meu prazer chega a ser indescritível, quanto mais delicado é a vítima, mais prazer eu tenho.
Realmente não sei o que se passa na cabeça de Trevor, somos frutos de uma mistura proibida, temos fantasmas do passado sussurrando em nossos ouvidos, crescemos em meio as mentiras e as desilusões que criaram para nós. Nossa mãe biológica nos gerou com um homem sem valor e personalidade, e antes mesmo dele, ela era amante de Ben Mitchel, o mesmo homem que prostituiu suas 2 filhas por ganância e poder, abandonou nossa mãe com um filho no ventre, Dylan, o irmão mais velho e famoso.
A história é bem conturbada, Dylan e nossa falecida mãe foram morar em Manhattan, lá viviam bem como uma nova família, até que nossa meia irmã Amber Mitchel veio morar justo no andar de cima, Dylan não aguentou e despertou seu lado “artístico”, mortes e mais mortes assombraram a agitada Manhattan. Uma dessas mortes foi a de Catherine, a filha mais velha dos Bryant, desolados com a perda e tentando preencher um vazio no coração, nos adotaram, na esperança de sentirem felicidade outra vez, e na esperança de nos dar um futuro brilhante e longe de todo o nosso passado. Pobres ignorantes.
Estes anos nos criando foram de extrema felicidade para eles, no caminho os dois cometeram erros, óbvio, o maior deles talvez tenha sido negligenciar tanto a filha mais velha, Elise, minha cadela domesticada. Pouco mais de um ano atrás, Trevor e eu pesquisamos a fundo e descobrimos toda essa verdade, somos herdeiros do mal. Pressionamos nossos pais e eles disseram que fomos adotados, mas nunca revelaram o que aconteceu em Manhattan, nos falaram que fomos escolhidos em um orfanato da cidade e que não tinha nada relatado sobre o passado de nossas vidas.
Sabíamos que era tudo mentira, contudo não houve mais questionamentos, a verdade nos bastava, sendo ela contada pela boca deles ou não. Compramos o livro, Na Ilha do Purgatório, o policial que matou Dylan pesquisou tudo a respeito da história de nosso irmão, inclusive pequenas peças da história de Amber, que seria a motivadora dos casos.
Há uns 10 meses atrás Trevor e eu visitamos o tal ex-policial Jackson, fomos até sua casa em Long Island, uma bela viagem. Gastamos o nosso sábado inteiro, 4 horas para ir e mais 4 para voltar, entre muitas baldeações de trem e muitos ônibus, chegamos lá, batemos na porta de sua bela casa no centro da cidade, vender livros é realmente lucrativo aqui nos EUA. Nos apresentamos como grandes fãs da obra, – o que de fato somos – ele nos convidou para entrar e tomar o chá da tarde com ele enquanto conversávamos, observei atentamente sua casa por dentro, belíssimos quadros renascentistas pendurados nas paredes, a mobília vitoriana de um ótimo bom gosto, o sofá em que estávamos sentados por exemplo, todo feito da melhor madeira, era aveludado e gostoso ao toque, de cor marrom clarinho, com os detalhes das extremidades em madeira dourada, combinando com o tapete cuidadosamente bordado e ilustrado como um lindo jardim de rosas. A lareira que ficava ao lado, revestida de uma linda madeira cor chocolate, cheia de detalhes em espirais, e no ponto mais alto, acima da lareira, um grande espelho que refletia toda a sala, desde os seus lustres de cristal até a grandiosa estante de livros que ficava acoplada ao lado da escadaria que dava acesso aos quartos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Gêmeos: Na Ilha do Purgatório
Mystery / Thriller15 anos após os vários assassinatos cometidos em Manhattan pelas mãos do serial killer Buddha Puzzle, o país parece ter se livrado dos fantasmas do passado. Mas em Philadelphia (EUA) os brilhantes gêmeos adotados pela família Bryant cresceram e leva...