Nossa Primeira Vez

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O primeiro passo com certeza seria ligar para a minha mãe e contar uma situação que me favorecesse ao ponto de que ela não desconfiasse e não fizesse perguntas demais a Tyler, uma mentira simples e bem elaborada. Em seguida, rapidamente ligar para meu irmão e dar-lhe o contexto, ele saberia o que fazer depois.

Enquanto planejava tudo em minha mente, eu olhava para Rachel, sua expressão era de ansiedade e um pouco de vergonha, depois que saímos do parque, toda vez que eu falava olhando para ela, seu rosto ficava ligeiramente avermelhado. Não estou indo a casa dela com segundas intenções, minha vontade é de passar uma noite longe de casa, de Tyler, de Elise, de meus pais adotivos, de tudo, e estar na companhia de quem eu considero melhor, a de minha namorada.

- Voltamos à estação Trevor, e agora, como vamos fazer? Vai ligar para a sua mãe?

- Sim, preciso contar uma mentira convincente a ela!

- Não gosto de mentiras...

- Nem eu, mas já vamos entrar no seu quarto escondidos correndo o risco de sermos pegos pelos seus pais, e se um deles nos pegar - com certeza não vão, eu sei o que faço - estamos fritos! Hahaha.

- Nem fala isso. Haha.

Estávamos parados na rua da estação do metrô pelo qual viemos anteriormente, Melrose Park Station, porém do outro lado da mesma, em frente a uma farmácia; tirei o celular do bolso e disquei para minha mãe. A tarde já ficava fria, o sol iluminava a cidade sem poder ser visto, o número de pessoas andando pela rua havia diminuído, foi quando ao olhar para o outro lado da rua, descendo as escadarias do metrô, vi uma moça muito parecida com Nance, como num susto eu interrompi a ligação e me pus a rir de nervoso.

- O que foi Trevor, algum problema?

- Quase fiz uma besteira Rachel!

- O quê?

- Tyler e Nance já chegaram em casa a essas horas, se eu ligasse primeiro para minha mãe mentindo e ela já estivesse em casa, com certeza iria descobrir, pois Tyler já estaria lá!

- Verdade!! - Foi por pouco, como eu cometi um erro tão besta?

Liguei para Tyler, pelo menos 3 vezes, ele demorou a atender, e quando atendeu parecia saber do que se tratava a ligação.

- Fala Trevor, o que você quer?

- Nossos pais estão em casa?

- Não, ninguém chegou ainda, estamos só Nance e eu.

- Certo, queria te pedir um favor!

- Claro, o que você quiser maninho.

- Vou passar a noite fora, e...

- Deixe-me adivinhar, finalmente vai virar homem um né? Hahaha. Não se preocupe, aviso a mãe que você vai passar a noite na casa do... tem alguém em mente?

- Bom, pode ser do - astuto como uma cobra peçonhenta prestes a dar o bote - Richard, ninguém aí em casa tem o número dele ou de sua casa.

- Nem você tem, ninguém é amigo daquele menino. Hahaha.

- Sim, ninguém... combinado então, vou ligar para nossa mãe. Obrigado!

- Sem problemas, tchau!

Eu não duvidava que ele saberia do que se trata, porém ele errou numa coisa, eu não tenho segundas intenções, apenas quero ficar longe de todos eles.

Agora com uma certeza em meus atos, liguei para minha mãe, de primeira ela atendeu e histérica como sempre achou que alguma coisa de ruim teria acontecido comigo ou com o Tyler, mas logo a tranquilizei contando a minha mentira. Falei que o encontro já teria acabado, Tyler e Nance teriam ido para o nosso apartamento, Rachel foi para casa, e eu teria me encontrado com um amigo do colégio, o Richard. Conversávamos em frente à estação de metrô, e durante um momento da conversa o "excluído" teria me contado sobre um novo console que ele teria comprado, e que isso havia me interessado muito, por isso desejei passar a noite em sua casa jogando, mas que no dia seguinte na parte da manhã eu estaria de volta. Ela logo me deu um sermão a respeito dos casos de assassinato, e que eu deveria voltar para casa naquele momento, declarou que eu poderia ir um outro dia, em um horário mais cedo. Sabendo de sua resistência inicial, permaneci insistindo, disse a ela que não se preocupasse com esses pormenores, eu estaria dentro de uma casa segura, e que não correria risco algum. Pelo telefone a escutei suspirar, e um breve silêncio interveio, ao fundo escutei o murmurar da conversa dela com meu pai, e depois de quase um minuto esperando na linha a resposta veio, uma resposta positiva, eles permitiram. Ela quis saber aonde ficava a casa dele e o número de sua casa, eu passei um endereço fictício e um número inválido, não me preocuparia em ser muito exato nesses detalhes, a preocupação dela era infundada - apesar de ela não saber disso - ninguém vai me assassinar, eu sou o assassino! Por último ela perguntou se eu conseguiria ir com eles a igreja no dia seguinte, e eu respondi que talvez não. Realmente a igreja é um lugar que eu evito ir.

Os Gêmeos: Na Ilha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora