TREZE

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Eugênio

O Rafa e a Helena moravam em um prédio pequeno e branco, com as paredes cobertas por plantas trepadeiras. Quando chegamos, os dois estavam no portão nos esperando.

- E aí, suave? - Rafa disse, nos cumprimentando com um daqueles apertos de mão descolados. A Helena foi mais empolgada e nos deu um abraço apertado.

- Meu deus, que chuchuzinhooos! - Ela disse, nos apertando. - Tem bolo, biscoito, suco fresquinho na geladeira. Meus bichinhos estão com a Cíntia, então o espaço é todo de vocês. Ela disse que até ofereceria a própria casa, mas só tem o quarto dela e o da mãe. É apertado e ela queria que ficassem a vontade... aí entendi tudo!

- Helena! - Rafa falou. - Desse jeito você deixa os hóspedes sem graça!

- Que sem graça o que! Dois adolescentes bonitos, solteiros, com química... Contanto que tenham juízo e não façam nada inapropriado ou irresponsável ou as duas coisas, está tudo bem. Não é, meninos? – Ela respondeu piscando para nós.

Pisquei surpreso e comecei a rir com o jeito da tia da Cíntia. Deu para entender porque ela gostava tanto dela! Quando olhei para o lado, percebi que Marisol estava com as bochechas coradas, mas também estava rindo baixinho. 

Rafa estava balançando a cabeça com os braços cruzados.

- Não levem à sério, a Helena está brincando, não é? - Disse, lançando uma mirada direta para a namorada e fazendo com que ela rolasse os olhos.

- Tá legal, qual de vocês é mais forte? - Ele perguntou. Olhei para Marisol.

- Essa pequena aqui me derrubou quando nos conhecermos. - Coloquei a mão no ombro dela. - Acho que você já tem a sua resposta!

- Olha só! - Rafa disse, impressionado. - Topa subir para me ajudar a trazer o restante dos equipamentos até o carro?

Marisol deu de ombros.

- Claro, sem problemas!

Eu e a Helena olhamos os dois sumirem subindo as escadas.

- Garoto, você está todo bobo! O que está esperando? - Helena disse, dando um tapinha no meu braço.

Me abracei e olhei para baixo.

- Ihh... que cara é essa? – Helena perguntou.

- Eu e a Marisol quase nos beijamos no ônibus.

- E isso não é bom?

- Você não está entendendo...eu me afastei. - Completei. - Não sei até onde a gente vai poder levar essa história. A Cíntia chegou a comentar...

- Da bruaca com quem a garota mora? - Ela perguntou. - Desculpa, é que eu sou sincera!

- É, mas a Cíntia não sabe da última! A Sol veio me ver machucada esses dias. Literalmente. - Comentei em voz baixa.

- Caramba. – Helena falou pela primeira vez sem sorrir. – Não sabia que era tão sério.

- A Marisol vive assustada, se sente culpada por coisas bobas... – Continuei. - Por mais que eu queira que fiquemos juntos, não seria egoísmo da minha parte pedir que vivesse com mais essa pressão de não conseguir contar sobre a gente? Ela fica dizendo que está tudo bem, mas isso não é normal!

- Não tiro sua razão. - Helena balançou a cabeça, concordando. - Você gosta mesmo dela para estar com medo assim, não é? E eu achando que a mulher do meu ex-cunhado era difícil de lidar...

Ela colocou as mãos na cintura e suspirou pensativa.

- Quer saber de uma coisa? – Disse, de repente. - Vocês já estão aqui, então aproveite esse tempo! Imagina que esse show é um baile de conto de fadas onde os dois vão esquecer todos os problemas por uma noite. Quando acabar, prometo que a gente vai pensar no que pode fazer. Vai ser nossa troca: Biscoito e cama quentinha por uma noite mágica e quem sabe, um beijo de amor verdadeiro... Na sua princesa, claro! 

Helena deu risada e conseguiu fazer com que o clima voltasse a ficar leve. Ela percebeu que tinha me convencido quando eu já estava sorrindo com a ideia.

- Já está melhor! – Comemorou. - Temos um acordo?

Ela estendeu o dedinho para mim.

- Temos. - Respondi, enrolando meu dedo no dela.

- Ótimo. Pinta de príncipe você já tem, agora só falta acreditar! A coroa é pesada, mas você se acostuma. Vai dar tudo certo no final, confie em mim!

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N/A: Obrigada @darkredingrid@catchsme pelo toque! Espero que tenha ficado bom =)

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