Capítulo 3: Um Vômito Fantasmagórico

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Meu livro continua sujo, perdi bem o clímax da história. Comi rápido demais, correndo, estou com má-digestão. Meu fone enrolou, meu telefone descarregou e eu perdi a tampa da tupperware na rua. Pelo menos eu cheguei em casa. 

Virei pro lado e dormi. Não tava com saco nem de fazer uma magia básica, minha cabeça tava cheia demais e simplesmente não dava mais; alguma coisa eu tinha que fazer depois de tudo isso.

Acordei dois dias depois, com o barulho do meu corsinha sendo guinchado. Aparentemente, depois de dormir 45 horas e sem pagar pra estacionar, teu carro é levado, já que você não tem a capacidade motora de levantar da cama.

Levantei puto, claro, nem meio dia era, tinha gente querendo dormir.

Como eu sou muito proativo, virei o travesseiro pro lado gelado e dormi de novo.

Mas eu não conseguia.

Talvez fosse pelo guincho enferrujado a pelo menos duas décadas riscando a lataria do meu carro, mas a minha mente não relaxa o suficiente pra adormecer. Finalmente, eu tive aquele click na mente, lembrei:

EU CONTROLO O DAIMON!

Sendo assim, eu posso fazer de um tudo que dependa dele. 

Acordei o bom damo

-Caifaz, me serves. Obedeças ao meu dizer, ou sofrerá das piores crueldades que um humano pode cometer. Menosprezavas aquele que agora o comanda, e por teu pecado sangrarás rios de sangue e chorará oceanos intermináveis. Faças ao meu bel-prazer e viverá para ver teus irmãos de sangue impuro caírem ao meu comando.

Gastei no português, mas ficou bem claro pro capetão quem manda e quem obedece. Primeira ordem no comando foi acabar com o barulho que me acordara.

Sem precisar dizer mais ou menos, Caifaz entendeu e fez.

Nem círculo trançado eu tive que fazer, ele logo se materializou num capeta um pouco maior que eu, fogo nas ventas e tava pronto pra amedrontar, no maior estilo Monstros S.A.

Logo os caras que tavam guinchando foram embora correndo, mas deixaram o meu carro em cima do caminhão.

Falei pro Caifaz:

-Faças o que deves direito, não meça esforços para me obedecer. Me tire daqui.

Ele me tirou do caminhão e me colocou no chão.

Agora, com todo esse poder em minhas mãos, eu não sabia o que não fazer. Exato, eu sabia claramente qual seria o meu próximo movimento.

Eu quero ser famoso

Existem quatro tipos de pessoas: as mortas, as vivas, as vivas-mortas e as mortas-vivas.

As mortas e as vivas são fáceis de se entender e compreender, agora as duas últimas não.

Uma viva-morta é uma pessoa que não tem mais nada, uma suicida, uma largada a mercê da boa sorte e gentileza das vivas, não das mortas-vivas.

Uma morta-viva é uma pessoa que deixou o seu legado e marcou indefinidamente seu espaço, uma pessoa de verdade. Um astro, uma figura. EU QUERO SER ESSE.

É, é isso que eu quero ser. Eu não quero dinheiro, bom, quem não quer. Mas não é meu foco. Eu quero ser famoso, amado e temido, falado. Nunca esquecido, IMORTALIZADO. Lembrado, feito para o infinito e além.

Eu quero rua, empresa, livro, filme e documentário. Eu quero referência, animação, citação, música. Eu quero tudo. 

Quero beat, quero punchline, quero vaia e quero aplauso. Quero boombap, trap, r&b e funk.

Uma coletânea de flertes com o DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora