Capítulo 12: Excursão

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Vida boa, vida boa

Sábado a noite, não temos problemas. A comunidade se dá bem, estamos lucrando com as bugigangas e todo mundo consegue aprender. Iniciei acho que umas 100 pessoas depois de alguns meses do casamento, olha só.

Mas eu não tava satisfeito, ainda.

Sabe, todo mundo que entrou pra minha fração da Goécia, tudo mundo que me segue e que acredita no que eu falo e faço, mora comigo. Por mais que a Mansão seja, bom, uma Mansão, ela ainda é pequena.

E, além disso, eu não tenho influência nenhuma em lugar nenhum, que não seja a Mansão.

Eu não sou respeitado quando a gente sai pra comprar alguma coisa, a gente é tratado como escória, bando de satanista. Quando chega gente nova na Mansão, com seus carros grandes e roupas bonitas, a cidade pequena e seu bando de capiau sem conhecimento começa a julgar e, claro, espalhar fofoca.

Já cheguei a ouvir que a gente matava cabra e bebia o sangue, que estuprava criança, que rolava orgia de manhã até o anoitecer. Uma dessas é verdade, descubra.

Mas o ponto é que a gente não tinha respeito fora da Mansão, e se eu quisesse aumentar de qualquer forma a seita, uma hora ou outra, eu ia ter que enfrentar aquele povo.

E foi isso que eu fiz.

Um belo dia reuni só a elite da seita. Amanda, Manuel, Melissa e João, coloquei todos no meu quarto e começamos a bolar o plano do mal.

Sentados todos nas cadeiras do quarto, que se apoiava na cama gigantesca da Melissa, eu puxei o assunto pra eles:

-A gente tem que aumentar a influência fora da Mansão. Preciso de planos.

Manuel se levantou e disse:

-Dá pra sair com, sei lá, umas 50 cabeças e ir panfletando, no estilo que a gente fazia atrás do posto, lembra?

Tremi um pouco de vergonha, mas antes que eu reclamasse, João tomou a palavra. Ele disse:

-Isso, acho uma boa ideia. Eu posso recomendar uns caminhos e uns lugares, conheço essas bandas. Além disso, eu cuido do lugar enquanto vocês saem.

Eu não confio muito nele, mas é a melhor opção. Manuel teve uma boa ideia, aleluia. Então eu disse, murmurando, tendo que concordar com o Manuel:

-Moças, vocês concordam?

Melissa, que sabe muito bem dessa minha neura, falou:

-Se esse é a única opção de ganhar o respeito deles, eu tô dentro. Mas eu acho que a gente podia fazer diferente, só não sei como.

Nessa filosofia dela, voltamos pra estaca zero. Enquanto eu fui buscar uma bebida no bar do quarto, eu ouvi baixinho a Amanda dizer:

-A ideia do Manuel é legal, mas eu acho que o Elle não vai aceitar. Vamos pensar.

E ficaram pensando.

Eu, como sou um digníssimo filho da puta, bebi o meu Whisky, fui no banheiro, encontrei a Carla, conversei com o pessoal, verifiquei o armazém, cuidei das minhas plantinhas, tirei a carne pro almoço, só pra fazer eles pensarem mais e mais, sem ter resposta.

Voltei algum tempo depois, com Carla nos meus braços e meu copo vazio. Imaginem a visão, Carla estava ficando cada dia mais pesada. Perguntei se alguma ideia tinha brotado durante a minha saída. Nada eles me responderam. Com um pouco mais de força na voz do que o normal, eu falei:

-Então vamos fazer logo com o que a gente tem. Manuel, reúna quem você acha que tem que ir com a gente, vamos pela segunda de manhã. João, cria umas rotas aí do seu gosto e passa pro Manuel, ele explica pra gente na hora. Amanda e Melissa, preparem as coisas pra viagem. Eu preciso dos livros e de todas as bugigangas que vocês puderem carregar. Vão!

Uma coletânea de flertes com o DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora