Capítulo 11: Casamento na Mansão Coque (PART II/II)

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É, ela aceitou.

Pula pra dois meses depois, toda a Mansão está decorada. Dos pés da cabeça, a Coque parece outra. Todos estão com aquele espírito de Natal, de que uma coisa boa vai acontecer. Todos querem que aconteça.

Se abraçam, a solidariedade entre eles corre solta, eu realmente criei uma comunidade pacífica. Estou feliz em ver que eles estão trabalhando duro pela nossa cabeça. É, eu não expliquei isso.

Devidas Explicações

Bom, a cabeça é o centro do corpo noa Goétia, é onde o Daimon está, onde ele ataca, por onde ele foge e etc, tudo isso os meus discípulos sabem, vocês que não. Porém, a cabeça é uma coisa muito instável, e qualquer baque pode abalar e enfraquecer a bendita, como a morte ou parto e, nesse caso, um casamento.

Então, eu preciso que meus discípulos cuidem da minha cabeça e da cabeça de Melissa, que se tornará uma só. Fofi.

Eu não posso fazer isso, porque eu posso perder o controle e me machucar e a ela, e isso eu não quero.

A aula acabou.

Começa a Limpeza

Na verdade, a aula não acabou, mas eu vou explicar contando.

Como dito, eu não posso mexer na minha cabeça, então fomos eu e Melissa recolhidos para um quarto escuro da Mansão, onde os rituais eram feitos. Se me cabe a palavra, eu nem sabia que ele existia, porque as iniciações são no pátio e ninguém evoluiu muito depois disso. Então, aquilo virou um quarto de tranqueira.

Depois de ficarmos os dois sentados na porta do quarto, de indiozinho, enquanto os dois patetas limpavam e tiravam tudo, eles levaram a gente pra ficar num círculo muito do mal desenhado.

Iyaworan

Ele era especial, pelo menos. Era a Yika, a base da prendedura de Limpeza.

Um de costas pro outro, fomos colocados dentro do círculo, só assim a gente cabia. Foi desenhada, então, a Yika em nossas mãos, e fechada com a digital deles. Calado fiquei, não podia interferir.

Eu já tava me corroendo de raiva, mas eu não podia dar pitaco na obra dos dois, poxa. Eu ensinei, tenho que confiar neles, eu só tenho eles pra confiar, no fim de tudo.

Calado continuei, quando fomos descansar.

Todo o processo é exaustivo; a gente tinha que descansar de pouco em pouco, não podia ficar muito tempo em pé ou fazendo a mesma coisa e andava muito lentamente. Quase não falávamos, parecíamos o Homem da Palha, como dizia a mãe Estela.

Ficamos de repouso por mais um tempo. Comemos, deitamos e relaxamos um pouco. Nada disso eu lembro, muito menos ela, só sei do que os dois patetas me contaram. Ficamos fora de nós, estávamos nos casando, pelo amor de deus, quem se casa hoje em dia?

Porém, me lembro de acordar pronto pra mais um procedimento do casamento, a Sorte.

Oriire

A Sorte era conhecida de todos, a segunda prendedura mais famosa, já que bebia da mesma fonte da de Proteção.

Ambas usavam a Igbaya, a couraça da palma da mão, como base de sua runa.

Fizeram eles isso: desenharam a palma de suas mãos em nossos antebraços, como uma tatuagem com muito mal gosto. Quando foram terminar, se lembraram da importância da digital.

A digital é a chave de tudo, é ela que fecha toda a runa e direciona a porra toda pro lugar certo.

As bestas colocaram a digital deles e não a nossa no desenho, que estávamos inconscientes e não pudíamos interferir de qualquer forma.

Uma coletânea de flertes com o DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora