Capítulo 7: Prática 2, Lábia

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Terceira semana na cidade, já conheço as ruas e os rostos. Somos dez, todos no mesmo assentamento atrás do posto de gasolina.

Manuel e Amanda já me ajudam a arrumar as coisas, a cuidar dos iniciados e dos aspirantes. Vão dar bons Goetas, mas ainda tem muito o que aprender. 

A criança cresce feliz em meio de gente nova. Acho que ela precisa de um amigo, mas por enquanto ela está bem com seus múltiplos tios novos.

Agora, temos três carros no total. Vieram mais cinco pessoas em um carro maior do que o de Manuel, com muito mais dinheiro.

Largaram tudo pela Goétia, isso que é bom.

Decidi então dar mais uma aula, já que eu estava num ritmo legal no livro e os aspirantes precisavam de instrução.

A aula seria sobre a Lábia, o segundo capítulo de Pedra Minima.

Anunciei o começo da aula:

-Venham aqui vocês. Hoje é o dia da segunda aula.

Ansiosa, Amanda tomou a frente e disse:

-Elle, eu já arrumei tudo e todos os aspirantes estão aqui. Precisa de mais alguma coisa?

Eu respondi:

-Sim, planta uma bananeira e descola o número daquela frentista ruiva ali.

Ela fez, perfeitamente. Plantou a bananeira no maior estilo Daiane dos Santos, e me voltou com o número.

Adicionei e continuei:

-Amanda, você quer saber por que eu mandei você fazer isso?

-Bom, acho que não. Continua com a aula.

-Pois bem, a aula já começou.

Ela não tinha entendido, mas eu continuei para todos:

-A aula de hoje é sobre a Lábia. Essa vai ser muito necessária na vida de Goeta de vocês, que precisaram saber como ter o que querem perante aos infiéis e os Daimons. Por exemplo, eu conquistei a Amanda e ela fez algo irracional, somente por que eu disse.

Todos começaram a entender um pouco melhor a história, mas não totalmente. Ainda estavam confusos, claro, mas eu logo ensinaria.

Aula Cancelada

Liberei todos, que agora estavam mais confusos.

Eramos nove conscientes, retirando o bebê. Excluindo eu, eram eles oito. Dei a ordem e busquei Amanda.

Disse para ela tentar conquistar algum dos aspirantes durante o tempo de almoço, pedindo a comida. Disse que ela era a única que faria isso, para se redimir com o erro no começo da aula.

Óbvio, ela acreditou, e foi rapidinho pegar o almoço do homem barbudo.

Dez minutos depois, ela voltou com a marmita dela vazia e outra cheia na mão. Dei parabéns, mandei comer e fui embora. Ela comeu, se sentiu mal pelo homem passar fome, mas comeu.

Almocei e descansei um pouco.

Sobrevivência

Na hora do trabalho de todos, sobraram algumas pessoas no assentamento. O homem barbudo, Rodrigo, veio me relatar o que aconteceu.

Eu disse:

-Se quiser comer, vá atrás dos outros que ainda comem e, com sua lábia, conquiste seu almoço.

-Mas assim eles não terão o que comer.

-Igual você não teve. Se merecerem comer, não cairão na sua lábia. Agora vá e não pergunte mais. Vá atrás de Helena.

Uma coletânea de flertes com o DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora