2.3 The Missing Part In Me

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Acordei, sem saber direito onde estava. Estava exausta praticamente virada, a palavra que me define é quebrada.

Sento na cama e me situo de tudo. Os dias fora de casa, da briga, do meu longo caminho de volta e de finalmente chorar até dormir. Era noite o que me mostrava que dormi por muitas horas, já que quando dormi não estava nem perto do meio dia.

Pego o celular largado dentre os travesseiros e ligo o seu ecrã, vendo que se passava das 19PM. Dormi exatas nove horas, mas ainda me sinto mal. Levanto e arrumo minha cama que estava bagunçada, o que me surpreende já que me lembro de adormecer na mesma posição a qual acordei. Tomo um longo banho e com um coque feito manualmente em meus cabelos secos, visto uns dos meus pijamas limpos que havia ficado em casa.

Gostaria de definhar em minha cama até que esteja formada, com um emprego legal, uma casa e carro maneiro e o principal estar com o coração curado e aberto. Desejando isso terminei de escovar os dentes e fechei as persianas do quarto após ligar o abajur.

Organizei o mesmo por conta daquela bagunça feita mais cedo, desfiz a mochila guardando e separando as roupas sujas. Deixei tudo extremamente organizado para que me sentisse melhor de alguma forma, peguei o punhado de peças sujas e desci as escadas calma, saindo do ninho.

- Olívia, que bom que acordou! - Se pronuncia meu pai, enquanto fazia uma mamadeira de leite para Emília.

- Desculpa por dormir tanto, estava muito cansada. - Falo.

- Tudo bem querida, eu percebi. - Diz colocando a mamadeira agora cheia em cima da ilha no meio da cozinha. - O que são? - Aponta para as peças emboladas em meus braços.

- Roupas sujas, dos dias que estive fora. Vou colocar 'pra lavar. - Dou de ombros começando a andar mas sou interrompida.

- Dá aqui, ponho 'pra lavar. Leva a mamadeira 'pra sua mãe lá no quarto da Lia. - Diz meu pai vindo em minha direção e pegando tudo dos meus braços caminhando rumo a lavanderia. - Rápido Olívia, o jantar já vai ficar pronto. - Apressa.

- Okay. - Digo pegando o objeto com leite morno e caminhando até o quarto de Emília no segundo andar.

Bato na porta sem muito entusiasmo e ouço um "entra". Assim que adentro o cômodo sinto minha mãe me observar surpresa.

- Quando chegou? - Questiona olhando-me enquanto me aproximo.

- Hoje de manhã. - Respondo a entregando a mamadeira.

- Billie? - Pronuncia o nome com uma expressão não tão boa.

- Se é isso que te interessa, não precisa se preocupar, nós não somos mais amigas. - Falo me retirando do quarto.

- Querida... - Sou interrompida. - Pode parecer que sou dura e inflexível. Mas senti muitas saudades, eu te amo. - Diz pondo Emília em sua cama, no chão.

- Também te amo. - Falo baixo e saio do quarto de vez indo para o primeiro andar.

Caminho um pouco sem rumo pelo primeiro andar e ouço barulhos de pratos e/ou talheres, e deduzo que meu pai esteja colocando a mesa para o jantar. Adentrei o cômodo confirmando minha intuição.

- Quer ajuda? - Ofereço me aproximando.

- Só que pegue os copos, por favor. - Pede.

- Claro. - Ando em direção a cozinha.

Pego a quantidade necessária de copos rapidamente e volto para a sala de jantar.

- Está com fome? - Pergunta.

- Não muito, mas não irei fazer desfeita. - Falo rindo nasalmente enquanto distribuo os copos pela mesa.

- Está gostoso, prometo... - Diz mas é interrompido com o forno apitando. - Falando nele.

Me sento a mesa, aguardando minha mãe chegar para começarmos a jantar. Não demora muito e a mesma chega, nos sentamos todos juntos e o jantar começou.

- Olívia está ocupada amanhã? - Papai quebra o silêncio e o irritante barulho de talheres.

- Que eu saiba não. Precisa de algo? - Pergunto.

- Consegui uma entrevista de emprego. Sua mãe conversou com eles, e não acharam grandes problemas eu ainda não ser fluente. Conviver com o inglês irá me ajudar. - Explica ele.

- Quer que eu traduza 'pro senhor durante minhas férias? - Deduzo.

- Se não for te atrapalhar, claro. - Diz levando o garfo cheio à boca.

- Óbvio que não, estou precisando ocupar a cabeça mesmo. Quando será? - Digo dando gole na limonada que continha no copo.

- Daqui a exatas... - Pensa. -... Duas semanas. - Diz finalizando seu prato.

- Okay. - Concordo.

Assim que terminamos o jantar, mamãe se retirou da mesa com a desculpa que estava muito cansada e precisava tomar logo um banho e ir dormir. Odeio as suas desculpas, sei que ela sustenta a casa sozinha mas isso não significa que deve se ausentar das outras tarefas, afinal, vivemos todos na mesma casa.

Ajudei a retirar a mesa, estava lavando a louça enquanto papai separava as que iriam para a lava louças e quais seriam enxugadas e já guardadas em seus lugares ao meio de uma conversa.

- Filha achei um colar nas suas roupas, deixei em cima da bancada na lavanderia. - Diz.

- Deve ser da Billie. Ela pode ter colocado nas minhas coisas sem querer, quando tiver tempo devolvo 'pra ela. - Digo me fazendo de desentendida.

Era a corrente que Billie havia me dado. Mas depois do acontecido, irei devolver assim que tiver coragem de a olhar sem fazer nenhuma merda.

- Suas roupas já lavaram é só colocar 'pra secar. - Avisa.

- Irei terminar de lavá-las agora a noite, dormi de mais, estou sem sono. - Falo rindo baixo.

Terminamos de limpar e organizar a cozinha, logo, papai se despediu me desejando boa noite. Segui rumo a lavanderia, tirando as roupas da máquina de lavar as pondo na secadora. Enquanto esperava o período do eletrodoméstico fazer a sua tarefa, tirei o celular do bolso abrindo o Instagram tratando de verificar aquela explosão de notificações.

Claudia e Finneas haviam me seguindo pela manhã, fazendo com que principalmente os perfis sobre a Billie comentassem suspeitando que a gente tivesse algo, mas não temos e é isso que importa. Meu número de seguidores havia triplicado, não me incomodava, mas agora não fazia mais sentido tudo isso. Minhas fotos com a Billie na festa na noite anterior estavam sendo comentadas em todos os sites de fofocas possíveis.

Recebi também as minhas fotos solos daquela festa e resolvi postar para encerrar, sei lá, criar um marco na minha vida, dividi-la em: antes da Billie, com a Billie e depois dela. Porquê tudo mudou, e não poderia fingir que não.

Por mais que a gente nunca mais tenha ou mantenha contato. Eu a pertenço, é esquisito, mas é uma definição curta para dizer que ela sempre vai me ter, pelo menos um pedaço de mim vai sempre a pertencer, pois ela fez morada e nada vai mudar isso. É difícil dizer mas não existe alguém que vá fazer isso com tanta intensidade quanto ela fez.

Não é papinho de garota que se apaixonou por quem perdeu a virgindade. Papinho de garota apaixonada é, porém não me apaixonei pela virgindade, que continua intacta inclusive.

Não enxergo minha vida sem ela pois sempre planejei absolutamente tudo, ela não foi planejada e veio como um furacão bagunçando tudo. Me fez viver o momento sem pensar no futuro e agora tudo acabou e estou nublada. Um dia de cada vez.

Ou seja

Um dia mais triste que o outro sentindo saudade de completar a parte que falta em mim.

Pirata • Billie Eilish [SENDO REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora