3.5 Hell

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Deixo o celular de lado encarando o teto.

Meus pais vão se separar é isso? Não, não vou ficar com problemas psicológicos por conta disso. Sempre me considerei uma pessoa fria para questões familiares e as únicas vezes que chorei foi por falta de opção para expressar meus sentimentos.

Apesar de ter chorado só na morte da minha avó paterna e por amor quando Billie e eu nos "separamos", estava com medo. Meu pai iria se mudar, com quem eu deveria de ficar?

Minha mãe, desculpa mãe, mas você anda sendo extremamente insensível com as pessoas botando os seus caprichos e crenças acima de tudo e todos. Isso nos machuca e nos leva a nos afastarmos de você, então, você mereceu.

Um dos motivos de aceitar qualquer convite de ficar na casa de Billie é não querer mais ouvir e muito menos ver Lílian sendo grossa com o meu pai. Ele é incrível e um doce, não merecia estar com alguém tão cuzona. No final estou feliz por se separarem, porém sinto por Emília, ela não vai ter as mesmas lembranças que eu ou talvez tenha. É melhor assim de qualquer jeito.

- O que tanto pensa? - Billie me tira dos pensamentos e me viro de lado a encarando.

- Nada. - Dou de ombros.

- Sabe uma coisa que gosto muito, além de abraços, claro, e seus beijos. - Ri me tirando um riso baixo.

- O que você gosta? - Pergunto curiosa levando minha mão para sua barriga em desenhos abstratos que só faziam sentido na minha imaginação.

Não estávamos com muitas roupas, tínhamos acabado de fazer coisas interessantes.

- Honestinade. Hoje preciso ser honesta com você e quero que seja comigo também. - Fala.

Suspiro.

Ela era a única pessoa que me fez enfiar o meu "nada" no cu falar sobre os meus sentimentos.

- Pensei sobre a separação, sobre como isso pode ser meio triste, mas sei lá, parace que diante de todas as coisas que escuto quando estou em casa isso é o melhor que pode ter acontecido. - Compartilho.

- Se meus pais estiverem brigando, tristes um com o outro e não se amarem mais prefiro que sejam amigos. - Billie revela.

- Não imagino um mundo onde Patrick e Maggie não estejam juntos. Eles são fofos. - Digo sorrindo.

- São fofos porquê se amam. Mas se um dia não se amarem não irá fazer sentido. Desculpa por te deixar triste, mas acho que seus pais tomaram a decisão mais certa e corajosa. - Fala.

- Eu sei, tenho medo por Emília. - Assumo.

- Sabe, eu imagino muitas possibilidades 'pra nós duas juntas. Ultimamente não tenho sonhando coisas boas, mas estão melhorando, na noite passada sonhei que morávamos juntas e que eu estava cozinhando cookies e você entrou deixando uma menininha passar correndo pelo apartamento, ela era a sua irmã tinha, sei lá, seis anos? - Conta confusa. - Tínhamos mais cachorros e um gato. É engraçado, parecia tão real. Éramos mais velhas, e tinha lembraças de coisas que nós, aqui, não vivemos. - Continua olhando para o teto.

- Isso significa que eu tinha vinte e dois anos e você vinte e três. - Devaneio a observando.

- Vamos 'pra Santa Mônica? - Indaga.

- O que? - Retruco confusa.

- Sei que disse amanhã, mas sabe, nosso namoro deve estar em todos os lugares e as pessoas vão nos parar todo o tempo. Vamos agora, de madrugada, só nós duas andando pelo píer. - Sugere.

- Billie, sua mãe nos quer na casa dela de manhã, vamos virar a noite. - Lembro.

- Não estou com sono. Se nunca dormimos vai ser 'pra sempre o seu aniversário. - Sorri e a dou um tapa no ombro.

Pirata • Billie Eilish [SENDO REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora