0.9 I Missed That

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Quando, finalmente, o dia da mudança chegou percebi o quanto aquela última semana havia sido uma loucura. Avisar amigos/familiares, minha mãe enlouquecida fechando papeladas, vistos, malas para serem feitas e mais um monte de outras coisas.

Mas depois de todo esse trabalho pegamos um voo até Lima, que seria nossa única conexão, durou em torno de cinco horas e tivemos uma escala de doze. Isso foi ótimo porque nos permitiu dormir, comer e até tomar banho em um hotel próximo ao aeroporto. E com mais nove horas presa em um avião, Califórnia.

Billie não poderia vir me receber, era cedo da tarde e a mesma estaria ocupada em reuniões. Saí com minha mochila nas costas e Emília em meus braços, ela estava adormecida em mais uma de suas sonecas.

Quando peguei as malas, fiquei esperando meus pais enquanto observava o movimento de vai e vem de pessoas pelo aeroporto. Tinham pessoas dos mais diferentes estilos, algumas sérias, outras rindo. Mas a que mais me chamou atenção foi a garota pequena de cabelos azuis desbotados.

Era Billie com um de seus casacos de moletom, esse em vermelho, uma bermuda preta um par de tênis na mesma cor e uma touca que combinava com todo o resto. Sempre tão bonita, isso me fez deixar um sorriso lateral tomar conta dos meus lábios.

A vi passar a mão por suas correntes penduradas no pescoço procurando algo. Me procurando.

Meu coração disparou e acabei apertando firme Emília contra mim para não correr o risco de deixá-la cair. Nesses milésimos de segundos Billie pareceu encontrar o que queria e, veio sorridente em passos rápidos ao meu encontro.

— Achei que não viria. — Falo quando a mesma se aproxima o suficiente para me ouvir.

— Quis fazer uma surpresa de última hora. Finn e eu quase nos ajoelhamos 'pros nossos pais nos deixarem vir. — Conta sorrindo.

— Não quero te arranjar problemas, pelo menos não logo de cara. — Digo rindo.

— Não está bebê. — Sorri sem mostrar os dentes. — Eu vi essa criaturinha nascer. — Comenta passando as costas de seus dedos na bochecha de Emília.

— Passou muito rápido. — Concordo.

Eilish não diz nada e apenas me abraça, retribuo como dava pela minha irmã entre a gente.

— Estava com saudades. — Admite em meio ao nosso contato.

Com a mão direita desocupada tento retribuir seu abraço passando a mesma pelas suas costas. Deito minha cabeça em seu ombro me aproveitando do seu perfume.

— Seu cheiro é muito bom. — Concluo em voz alta antes de selar sua bochecha rapidamente e me afastar.

— O da sua irmã também. — Diz e ri me fazendo revirar os olhos. — Não fica brava, só dá 'pra sentir o perfume de neném dela mesmo. Não 'tô mentindo. — Explica.

— Filha? — Sou chamada pela minha mãe.

— Oi, aqui. — Respondo e por algum motivo Billie se afasta mais de mim.

— Quem é? — Indaga em português mas como apontou o dedo para Eilish, ela acabou entendendo.

— Billie, Billie Eilish. — A mesma se apresentou.

— É a menina que fez show no Brasil ano passado? — Questiona.

— Sim, sou eu. — Concorda sorridente.

— Olívia a gente tem que ir 'pro estacionamento, pegar o carro. — Avisa e sai puxando as malas.

Se pudesse ocorrer óbitos por vergonha, eu seria um dos casos. Minha mãe foi tão indelicada, achei totalmente desnecessário ignorar Billie, ela nem sequer a conhecia direito.

Pirata • Billie Eilish [SENDO REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora