3.9 Nova York

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Ver Billie se apresentando naquele palco enorme era algo surreal.

Nunca vou esquecer da intensidade dos gritos das pessoas ao meu redor quando perceberam que ela era a próxima performance da noite.

Chorei o tempo inteiro, nada escandaloso, mas sempre tinha uma lágrima ou outra escorrendo. Ela é uma menininha, ali emcima, demonstrando para o que veio.

Apesar de muitos meses atrás ter desejado que ela não fosse famosa para que fosse feliz, não acho que isso de fato aconteceria.

Billie tem inúmeros talentos, influências e apoio a música e a ser a imagem destorcida que a mídia precisava, o que nós todos como sociedade, na visão cultural e musical, precisávamos.

Ela nasceu, inteiramente, para ser famosa. E algum dia ainda vai ver que não poderia viver sem isso, tudo na nossa vida tem partes tristes. Algumas maiores que as outras devido as suas intensidades, mas apenas para demonstrar que não somos felizes o tempo inteiro e assim damos valor aos bons momentos.

A fama está no seu momento ruim, mas vai melhorar, sinto como se Eilish tivesse vindo para mudar a forma como vemos as pessoas famosas. Ela vai lidar com isso e vai mudar, tudo.

Falando nela, na bendita fama, nosso beijo estava em todos os lugares. Nossas fotos no Coachella juntas também, os vídeos meus chorando, cantando. Não de um modo negativo, as pessoas falavam bem de mim agora em um geral claro, vivemos em um constante mundo de exceções. Algumas pessoas disseram que eu parecia ser a melhor opção para ela diante dos seus fracassos amorosos.

É confuso no começo, é como se Billie te desse um tapa e escondesse a mão e você tivesse que descobrir quem foi e criar coragem para ir bater de cara com ela.

Bom, pelo menos era assim que me sentia no começo.

Mas tem opção de esperar, um dia ela te estapeia na cara e mostra o que sente, depois desse dia, tudo é intenso.

Ela é intensa. Me fazia sentir tudo com clareza, até os toques de um abraço era intenso, os olhares.

Era até difícil administrar o jeito com que recebia suas investidas, mas ao mesmo tempo me pergunto qual pessoa além dela seria capaz de me fazer explorar os sentimentos de uma forma tão devastadora como essa.

No final, ainda relutante por conta do papo de auto-suficiência, não consigo me imaginar sem ela.

E por isso, tenho medo, e esse motivo sempre me leva a chorar. É engraçado, Billie mexe comigo de uma forma muito completa. Talvez esteja enlouquecidamente apaixonada.

Cega. Só existia ela. Isso é bom?

[...]

- Amanhã você vai empurrar minha cadeira de rodas no festival? - Pergunta Billie com as mãos cheias de coisas.

Ela sempre andava com um monte de coisas.

- Não seja boba, um gelo e o seu tornozelo fica bom. - Digo revirando os olhos abrindo a porta do nosso quarto no Hotel.

- Com certeza. - Retruca em um tom de ironia mancando enquanto devolvia as mais diferenciadas coisas em suas mãos aos devidos lugares.

- Toma banho, quando sair peço gelo 'pra colocarmos. - Falo e a vejo concordar.

Tiro meus coturnos, tive que deixar os tênis de lado estavam imundos, e prendo o meu cabelo em um coque manual logo em seguida andando rumo ao banheiro.

Pego um lenço demaquilante e começo, com calma, a retirar a maquiagem daquele dia.

- Tem certeza que um gelo resolve? - Indaga Eilish risonha parada na porta do local onde eu estava.

Pirata • Billie Eilish [SENDO REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora