1.4 Yes

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Percebi que Olívia já estava dormindo assim que senti sua respiração ritmada e tranquila em meu pescoço. Fiquei um tempo a observando me perdendo em seus traços e deixando que os pensamentos me levassem.

O papo com seus pais não tinha acabado e, aparentemente, não ia terminar tão cedo. Ela era uma garota tão divertida e gentil, e tinha que admitir gostava dela, não conseguia mais imaginar meu dias sem a sua companhia, mesmo que fosse por mensagens. Se disponibilizou para o que precisasse, nada mais justo do que retribuir a altura.

Sua mãe a acertou um tapa, no rosto, na frente de todo mundo e isso me faz ter medo do que pode vir a fazer quando Finneas e eu não estivermos aqui. A ideia maluca de Olívia ficar uns dias lá em casa passou pela minha cabeça. Dificilmente alguém concordaria comigo, mas não custa tentar.

Minha atenção é roubada pela porta do quarto que abriu lentamente, me assustando, mas também revelando a imagem do tão conhecido ruivo.

- Dormiu? - Sussurra apontando para a garota entre meus braços e faço um positivo com o dedo. - Tenta descer aqui 'pra conversarmos. - Pede baixo.

Demorei uns bons minutos para conseguir sair da cama sem a despertar, mas consegui. Desci as escadas devagar, visualizando Lílian e meu irmão sentados olhando para o nada em silêncio, seu pai não estava lá provavelmente cuidado de Emília, a agitação da casa deixou todos nervosos.

Me sentei ao lado de Finn e suspirei tensa.

- Enquanto estava lá em cima com Olívia fiquei pensando. - Inicio os fazendo me olhar. - Não sei o que a senhora vai fazer, só o que tenho 'pra dizer é que amanhã sai uma nota advertindo sobre nossas fotos juntas. Gostaria muito de fazer algo, mas não posso, simplesmente, não tem nada o que eu possa fazer. - Desabafo chateada.

- Não sei que providências vou tomar. - Fala seca.

- Sei que quando estamos dentro de uma situação ruim é muito difícil ver uma solução 'pra aquele "problema". - Faço aspas com os dedos. - Então pensei na possibilidade de Olívia ficar alguns dias lá em casa, sei lá, três ou quatro dias. 'Pra você poder conversar com o seu marido e ver uma melhor maneira de acabar com isso. - Sugiro por fim.

- A única maneira de acabar com isso é você se afastar dela, tudo isso, toda essa situação só nos trás problemas. - Diz nervosa.

- Queria entender qual é o problema com a minha irmã?! - Indaga Finneas indignado.

- Por que ninguém entende que apenas não quero que minha filha vire lésbica. - Esclarece de uma vez por todas.

- Ah então era isso? A questão aqui era sua filha NÃO ter contato comigo por conta de sexualidade. Olha não entendo a sua linha de pensamento e nem vou tentar explicar porquê não vai te fazer entender. Só tenho a dizer que é um total ato de preconceito. - Levanto do sofá brava.

- Não é preconceito, é a verdade. Deus não aceita esse tipo de comportamento, é horrível, abominável. - Dispara.

- Não aceito que fale assim com a minha irmã! - Meu irmão interrompe.

- Olha, sinceramente, não ligo. Faça e fale o que quiser. Tem três dias 'pra pensa até lá Olívia vai ficar na minha casa. - Digo.

- MINHA FILHA NÃO VAI IR! - Grita desesperada.

- Ela foi agredida na minha frente, ela vai comigo e 'tá decidido. - Rebato.

- Denuncio você por isso e acabo com a sua carreira. - Ameaça raivosa.

- Você vai presa por agressão e minha carreira só vai alavancar com isso. - Dou de ombros e subo as escadas.

Uma parte do que disse é verdade a outra nem tanto, só resta saber qual é qual. Entrei no quarto e Olívia continuava dormindo, na mesma posição que a deixei.

Pirata • Billie Eilish [SENDO REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora