[33] Perguntas e saudade.

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— Como você veio parar aqui?! — perguntou Jaemin.

— Por que você tá' usando o meu moletom? — perguntou Renjun.

— Você não tá' machucado, né'? — novamente perguntou Jaemin.

— Por favor, vamos nos organizar! Eu já não estou entendendo mais nada.

— Jaemin, quem tá' aí? — a voz de Hana soou do lado de fora da casa.

— Essa não... — sussurrou Jaemin.

— Quem é essa? — perguntou Renjun.

— A minha mãe.

— Que ótimo! — Renjun levantou-se — Oi se-

Jaemin puxou o amigo para baixo e tampou sua boca com a destra, fazendo o garoto arregalar os olhos em uma expressão de susto.

— Você não tá' entendendo! — exclamou Jaemin em tom baixo.

— O quê? Qual o problema? — indagou Renjun, confuso.

— Jaemin? — novamente a senhora Na chamou.

— Merda... Vem, rápido.

Jaemin puxou com rapidez Renjun até seu quarto e fechou a porta, sussurrando um "fica aí". Assim que fechou a porta, deu de cara com sua mãe entrando em casa.

— Jaemin? Quem tava aí?

— O Jeno.

— O Jeno tava aqui?

— Não, eu tava em chamada com ele pelo celular — explicou Jaemin, nervoso.

— Ah, sim...

— Eu vou dormir, tá'? Por favor, não abre a porta sem bater.

— Tão cedo? — Hana arqueou uma sobrancelha.

— É, eu tô' cansado.

— Certo...

A progenitora voltou para o quarto com um olhar desconfiado. Jaemin soltou todo o ar de seus pulmões assim que a porta do quarto de sua mãe havia sido fechada. Rapidamente entrou no próprio quarto e ligou a luz, soltando mais um suspiro assim que fechou a porta com as costas.

— Quem é Jeno? — perguntou Renjun enquanto balançava os pés.

— É o meu melhor amigo.

— Eu posso conhecer ele? — perguntou com um sorriso no rosto.

— Pode... Outra hora... Primeiro eu tenho que bolar um plano...

— Um plano? Pra quê? — perguntou Renjun — Ah, você me deve algumas respostas, também.

— Você também me deve algumas... Olha, vamos fazer assim: Uma pergunta de cada; eu pergunto, você responde, depois você pergunta e eu respondo e por aí vai, ok? — sugeriu Jaemin.

— Certo...

— Como você chegou até aqui?

— Primeiro eu fui buscar meu cachorro pra' comer. O Pluto, lembra? Fui dar comida pra' ele. Mas ele não tava em casa. Aí' eu fui procurar ele do lado de fora, mas tava' ventando muuuito! Aí' eu achei ele, mas quando eu achei ele, eu percebi que tava' vindo um redemoinho. Pluto correu pra' casa e eu fiquei. O redemoinho me pegou e me atirou pra' longe da Lua. Eu tava' quase conseguindo chegar lá, mas deu o horário T e eu fui sugado pra' cá e caí na sua casa, que nem as cartas — explicou Renjun. Jaemin estava boquiaberto.

— E você se machucou? — perguntou Jaemin, preocupado.

— Sou eu quem pergunto agora! — Jaemin ergueu as duas mãos para a exclamação de Renjun — Por que você tá' usando o meu moletom?

— Ah, ele caiu aqui. Eu tava' evitando usar, mas depois que você... Ah, eu tenho uma pergunta!

— Termina de me responder, primeiro! Sem trapaças! — Renjun cruzou os braços e franziu o cenho.

— Tá', tá... Depois que você parou de me enviar cartas, eu fiquei com saudade. Então eu comecei a usar de vez em quando.

— "Saudade"...?

— Uma pergunta de cada vez — Jaemin sorriu — Aquela carta não era sua, era? A última que me pedia pra' nunca mais te enviar cartas.

— Não... — respondeu.

— Quem enviou?

— Uma per-

— Por favor...

Renjun suspirou. Abaixou o olhar e balançou vagarosamente os pés, deixando os ombros caídos.

— Foi a minha mãe. Ela descobriu, ficou brava, gritou comigo... E então acabou com tudo... Deve ter sido difícil, me desculpe... A culpa é toda minha... — Renjun fungou.

— Ei... Não foi sua culpa... — Jaemin colocou a destra sobre o ombro de Renjun e sorriu para confortá-lo.

— O que... O que é isso...? — perguntou Renjun.

— É... Consolo — respondeu Jaemin.

— Consolo...?

— Eu não sou bom com conselhos, então eu tento consolar as pessoas com ações — Jaemin aproximou-se de Renjun e deu-lhe um abraço suave.

— Entendi... — Renjun sorriu e apertou o abraço, esfregando a ponta do nariz no ombro de Jaemin e sentindo o cheiro do moletom, soltando um riso fraco.

— O que foi? — Jaemin perguntou, sem quebrar o abraço.

— Ainda tem o cheiro do meu perfume.

— Parando pra' pensar, você realmente tem esse cheiro. É bom.

— Obrigado — Renjun fechou os olhos e soprou um riso — Jaemin... Posso trapacear...?

— Claro...

— O que é "saudade"?

— Você não sabe o que é...? 

— Não sei muito sobre sentimentos e emoções.

— Ah... É um sentimento que não dá pra' te explicar... Você precisa sentir pra' saber... Mas é quando você tem uma estante preenchida com livros e então um livro sai dali. Você sente a perda daquele livro, porque você gostava muito daquele livro. Então você pensa muito naquele livro e sente um peso no seu coração. Isso é saudade — explicou Jaemin.

— Eu... acho que entendi.

Os dois ficaram em silêncio, desfrutando do abraço confortável.

— Jaemin.

— Oi?

— Eu também tava' com saudade de você — Renjun sussurrou, fazendo com que Jaemin apertasse levemente o garoto em seus braços, levando a destra até os fios curtos da nuca de Renjun e acariciando-os suavemente.

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora