[12] Nada é por acaso.

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Jaemin ouviu batidas leves em sua porta de madeira, chamando a sua atenção por segundos. Apertou a almofada em seus braços e hesitou em ir destrancá-la. Novamente ouviu a batida com algo especial; era o toque que ele e seu pai faziam quando Jaemin era criança. Um sorrisinho nostálgico surgiu nos lábios do garoto, fazendo-o levantar-se da cama e destrancar a porta, girando a maçaneta e dando espaço para o mais velho entrar.

— Fico feliz que não tenha esquecido o nosso toque secreto. Faz tempo que não usamos... — disse o mais velho em baixo tom enquanto Jaemin fechava a porta e ligava a luz.

Sentaram-se na beirada da cama e Jaemin evitou contato visual, mantendo a sua feição melancólica inconscientemente.

— Sua mãe pode ser assim às vezes... Mas entenda que é pelo seu bem...

— Me chamar de louco é pelo meu bem, papai? — perguntou Jaemin indignado.

O mais velho sussurrou e negou com a cabeça.

— Tudo bem, você não vai ceder sem uma explicação correta, certo?

— Como assim?

— Então vamos lá. A sua pergunta de mais cedo foi...?

— Se existiam pessoas morando na lua... — respondeu Jaemin baixinho.

— Nada foi comprovado — Jaemin suspirou pesado —... para a população — Jaemin levantou a cabeça como um cachorrinho levanta ao ficar atento.

— Mesmo? — arregalou os olhos brilhantes. Senhor Na sorriu ao vê-lo entusiasmado daquela maneira.

— Sim. Desde a primeira ida do homem à Lua foi comprovado que haviam pessoas vivendo lá, mas a sua maioria em seu interior, por isso não vemos casas daqui pelo telescópio. Mas algumas poucas casas são bem "camufladas" na superfície e foram por elas que soubemos de sua existência. Outras viagens tripuladas foram feitas até a Lua e alguns ficaram por um tempo. Não sei se você lembra, mas um boato com isso começou quando você era só uma criancinha e eu ainda não trabalhava no laboratório, porque segundo um astronauta chinês que vazou as informações, existia vida lá e então tudo foi mascarado — concluiu.

— Então eu não sou louco... Ainda bem! — Jaemin brincou — Mas porque mamãe não gosta que eu fale sobre esse assunto?

— Porque o que eu estudo no laboratório é justamente isso. Uma forma de provar para a humanidade que não seja assustadora para todos e cause pânico. E ela tem medo de que eu vá e nunca mais volte pra' cá — suspirou pesado.

— Mas você não vai... né? — Jaemin esperou uma resposta negativa, mas teve o silêncio como resposta — Papai, você nem é formado nisso...

— O que acha que eu estudei todos esses anos sem vir longas semanas para casa? — soprou um riso — Minnie, nada é por acaso.

— Eu não quero que você vá...

— Uma hora eu vou precisar ir.

Jaemin calou-se, com a garganta apertando de tanta vontade de chorar.

— Porque você se interessou sobre vida lunar? — perguntou o mais velho.

— Porque eu... Recebi algumas coisas de lá...

Seu pai arregalou os olhos e colocou as duas mãos no ombro do garoto.

— Como assim?!

— Ultimamente tem caído muita poeira na varanda e eu não entendia. Depois um bilhete apareceu e depois um moletom rosa. E agora eu recebi uma carta de lá... — contou, hesitante.

— Isso e sério? — perguntou o pai de Jaemin, que engoliu em seco.

— É... Olha aqui o moletom — caminhou até o guarda-roupa e retirou o moletom de lá — E o bilhete, e a carta — entregou nas mãos do pai.

— Jaemin isso é... Estranhamente incrível... — disse o senhor Na com os olhos brilhando — O tecido é diferente... um pelo... Não temos animais, certo? Eu vou pegar esse pelo e levar pro' laboratório. O resto não importa — disse o mais velho, saindo do quarto às pressas.

Jaemin suspirou. Muita coisa estava acontecendo no momento, mas Jaemin não fazia ideia do que sentir naquele instante. Podia perder o pai, podia se afastar de sua mãe, podia continuar limpando a poeira e também podia continuar sem conseguir responder a carta do desconhecido Renjun; ao menos se não tentasse.

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora