[32] Carne, osso e pó lunar.

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— Jaemin, meu amor... — a senhora Na chamou assim que bateu delicadamente na porta.

— Oi, mamãe — respondeu o Na mais novo, abaixando o volume da música calma em seu fone de ouvido.

— Já terminou de estudar? — assentiu com a cabeça — Então limpa a varanda, por favor.

Jaemin suspirou e assentiu com a cabeça pela segunda vez. Hana sorriu curto e fechou a porta vagarosamente, parando assim que Jaemin começou a falar.

— Tem poeira lá...?

— Um pouquinho só. Mas das normais, não da que você tá' pensando — respondeu. Jaemin novamente suspirou.

A porta fora fechada por sua progenitora e o garoto que antes estava sentado na cama, jogou-se de costas propositalmente, soltando um suspiro alto. Vestia o casaco de Renjun; evitava usá-lo muitas vezes, já que não queria que o cheiro que tinha naquela peça quente de roupa saísse.

Segurou o celular contra o peito e apertou. Os fones de ouvido com a música baixa permitiram o garoto escutar sua mãe gritar da sala que iria à casa vizinha conversar alguma coisa com a moradora. Jaemin não dava tanta importância, de qualquer jeito.

Os olhos do garoto indicavam o mais puro cansaço, visto que as pálpebras passaram a pesar toneladas; Jaemin não conseguia os manter abertos.

Um cochilo de curta duração fora interrompido assim que um barulho na casa acordou o Na aos pulos. Levantou-se com o coração disparado e abriu a porta do quarto. Olhou os dois lados e franziu o cenho. Não fazia ideia de onde havia surgido aquele som que parecia um grito.

Foi quando o garoto viu pelo canto do olho algo se mexendo na varanda; seria um ladrão? Jaemin caminhou vagarosa e apreensivamente até a porta do local, ficando estático ao ver que, sim, havia alguém ali. E ele não sabia se era um ladrão ou coisa do tipo.

— Onde... Eu estou...? — a voz da pessoa desconhecida foi ouvida por Jaemin como um sussurro.

O desconhecido passou as mãos pelas roupas para limpá-las e esfregou a destra no topo da cabeça antes de virar-se para Jaemin e os dois ficarem estáticos sem dizer uma palavra sequer.

— Quem...

— R...

Jaemin arregalou os olhos.

"Não é possível... Isso... Isso pode acontecer?" — pensou Jaemin.

O garoto olhava confuso para o rosto de Jaemin; desceu o olhar até a roupa que estava vestindo e arqueou uma sobrancelha.

— Eu conheço esse moletom! — apontou para a veste no corpo de Jaemin.

— Ren... Renjun?

O garoto novamente arqueou a sobrancelha.

— Como...

O Na não hesitou. Correu sem pensar duas vezes na direção do garoto agora conhecido por si e o envolveu em seus braços em um abraço apertado. Não teve controle dos seus olhos e então as lágrimas começaram a rolar pelo rosto do menino sem pausa e sem pudor.

Os dois caíram no chão, e embora o outro estivesse totalmente confuso, estava começando a entender tudo agora. Os soluços do garoto em sua frente eram totalmente expressivos.

— Jae... Min? — disse o Huang, fazendo com que Jaemin chorasse ainda mais.

As lágrimas começaram a escorrer timidamente pelas bochechas pálidas de Renjun, dando-o coragem para enlaçar seus braços no corpo de Jaemin e retribuir aquele abraço que tanto parecia um sonho.

— Me belisca, por favor... — sussurrou Jaemin.

— O quê? 

— Me belisca! — Renjun apertou a pele do braço de Jaemin com dois dedos, confuso.

— Ai!

— Você quem pediu! — defendeu-se.

— Não é... Não é um sonho... É real... — Jaemin sussurrou para si.

— Eu quero olhar o seu rosto... Mas eu não consigo... Eu ainda tô' em choque...

— Você é o Renjun? O que mora na lua? — perguntou Jaemin, abafado.

— Eu sou... E você? É o Jaemin? O que mora na Terra? — perguntou Renjun.

— Sou...

Passaram alguns longos segundos abraçados até Jaemin tomar a iniciativa de quebrar aquele enlace afetuoso. Distanciou-se o suficiente para poder olhar de perto o rosto do amigo lunar.

— Eu não consigo acreditar... — tocou o rosto do Huang com as duas mãos.

— Nem eu... — imitou a ação de Jaemin, tocando o rosto deste com ambas as mãos.

— Caralho, você é real...?

— Não xinga.

— Você é real.

— E você é doido — Renjun franziu as sobrancelhas em uma expressão de confusão.

— Você é real! Renjun! Você é real! Você existe!

— Dá pra' parar de repetir isso? Vou ficar com medo.

Jaemin novamente abraçou o amigo. Aquilo realmente estava acontecendo. Renjun estava em sua varanda, assim como as cartas estiveram, assim como a poeira esteve. Era Renjun, em carne, osso e pó lunar. 

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora