[38] Bobo.

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Renjun encarou a porta do quarto de Jaemin com um certo medo do que estaria lá dentro. Nunca viu Jaemin irritado com seriedade, apenas de brincadeira. Pensar em ser fitado pelo amigo em uma expressão tão intensa o deixava temeroso.

Fechou os olhos e respirou fundo. Ergueu a cabeça e mentalmente disse a si mesmo "Eu consigo!". Fechou a destra em um punho e bateu duas vezes de leve na porta, tendo um silêncio como resposta. Suspirou e novamente bateu na porta. Silêncio novamente. "Certo, Jaemin precisa de um tempo." foi o que Renjun pensou.

Caminhou para a sala de estar e deixou as coisas acima da mesa. Soltou um suspiro pesado e sentou-se em uma das cadeiras enquanto fitava o chão com uma certa preocupação no olhar.

Da cozinha, Hana pode ver o garoto cabisbaixo. Enxugou as mãos e caminhou em sua direção.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Eu acho que eu deixei o Jaemin chateado... — suspirou.

— Por quê?

Renjun suspirou. Realmente não queria admitir que só estava fazendo aquilo para se parecer com Jeno, ou pelo menos chegar perto disso.

— Olha, Jun... O Jaemin é meio complicadinho de reconquistar... Mas primeiro você precisa dar um tempinho pra' ele se acalmar. Depois você entra no quarto dele de mansinho e senta do lado dele. Se você tiver feito algo, você pede desculpas e em toda a conversa você precisa se abrir e falar a verdade — aconselhou Hana.

— Falar... A verdade...? — Renjun sentiu um aperto no peito. Se Jaemin já estava bravo com ele se ele nem havia o contado a verdade... 

— Mentir, abafar, só piora as coisas. Você não é muito acostumado a se desentender com as pessoas, né'? — Renjun negou com a cabeça — Deu pra' perceber. 

Renjun soprou um risinho triste e olhou para a mais velha com um pequeno sorriso nos lábios.

— Obrigado, senhora Na.

— Já disse pra' não me chamar assim! — Hana bateu o pano que estava em seu ombro no ombro de Renjun. O garoto gargalhou e negou com a cabeça — Vem me ajudar na cozinha, depois você resolve as coisas com o Jaemin.

[...]

Novamente lá estava Renjun na frente da porta do quarto de Jaemin, mas agora segurando uma xícara de café para o garoto. Bateu na porta e novamente não obteve uma resposta. Fechou os olhos e respirou fundo. Jaemin realmente havia ficado chateado consigo. Renjun então encheu os pulmões de ar e resolveu abrir a porta por contra própria e enfrentar a fera.

Assim que adentrou o cômodo, Jaemin estava deitado na cama em uma completa escuridão. Renjun fechou a porta atrás de si e ligou o abajur. Colocou a xícara de café acima da cômoda e sentou-se ao lado de Jaemin.

— Jaemin... — chamou.

— O que é?

— Eu vim conversar com você... — ditou em tom baixo.

— Sobre o quê?

— Sobre... O que está errado...

Jaemin soltou um suspiro audível e levantou-se, ficando sentado. Olhou para Renjun e os dois ficaram em silêncio por alguns instantes.

— Então...?

— Eu... O Jeno... No dia que nós estávamos jogando videogame ele me disse um negócio que me fez pensar muito...

— O que ele disse?

— Ele disse que... Achava que você gostava dele... — Jaemin franziu as sobrancelhas com a fala de Renjun.

— Ele disse isso? — Renjun concordou com a cabeça.

— E desde então e-eu quis me parecer com ele... P-porque... Porque eu... — as bochechas de Renjun estavam tão vermelhas que parecia que ele iria explodir a qualquer momento.

— Não precisa falar, eu já entendi — disse Jaemin.

Renjun olhou para o garoto com os olhos arregalados. Jaemin esboçou um sorriso e puxou Renjun para si, abraçando-o.

— Você não precisa se preocupar. Você não precisa mudar. Renjun.

Jaemin afastou Renjun e segurou o seu rosto com as duas mãos.

— Eu gosto de você do seu jeito, Renjun. Eu gosto do seu cabelo prateado natural, eu gosto do seu jeito de agir, do seu jeito de falar. Como você nunca percebeu que a pessoa que eu gosto é você, e não o Jeno?

As orbes brilhantes de Renjun fitavam Jaemin de uma maneira intensa e singela. Renjun não conseguia falar nada.

— Seu bobo... — disse Jaemin.

Novamente Jaemin puxou Renjun para um abraço. Ele ainda estava sem reação, incrédulo; Jaemin realmente gostava dele? Renjun nunca havia escutado alguém dizer aquilo para si; muito menos a pessoa que ele gostava.

— O que... Nós vamos fazer com a tinta que a sua mãe comprou...? — perguntou Renjun com a voz abafada.

— Eu vou pintar meu cabelo de rosa — disse Jaemin.

— O quê?!

— É isso aí. E você vai me ajudar.

— Ok... Eu ajudo.

Renjun tentou sair do abraço, mas fora impedido por Jaemin.

— Só mais um pouco. Eu gosto do seu cheiro.

Renjun suspirou e sentiu o coração errar as batidas. Jaemin disse aquilo de novo.

— Eu também... Gosto do seu cheiro...

Jaemin soprou um riso.

— O que foi? — perguntou Renjun.

— O seu coração tá' acelerado.

— O seu também fica quando eu faço isso — Renjun deu um beijinho na bochecha de Jaemin e gargalhou.

— Seu...

— Bobo?

— Sim. Renjun é um bobo.

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora