[28] Estranho.

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Na Jaemin.

Os dias se passaram desde a última carta de Renjun. Se é que foi ele quem me mandou. Tudo está muito suspeito. Ele me disse que gostava de pregar peças, espero que não esteja brincando comigo; ou eu nunca mais irei responder suas cartas.

Faltei cinco dias na escola por puro desânimo; Renjun era a única pessoa que me deixava animado para viver o dia, mas agora sem as suas cartas, eu não consigo achar uma razão para tal.

Virando de lado diversas vezes procurando uma posição confortável para o meu corpo e finalmente dormir pela terceira vez naquele dia, ouço o toque do meu celular; não tinha colocado nenhum alarme para aquela hora e muito menos aquele dia. A causa era a única; o meu melhor amigo, Jeno — que a propósito eu venho evitando nos últimos sete dias que eu recebi a carta de despedida.

Jaemin? — a voz do mais alto soou suave do outro lado da linha.

— Fala.

Céus, achei que você tinha morrido! Não vai à escola, não responde minhas mensagens, não recebe chamadas, não posta no Twitter... O que deu em você, hein? — sua voz estava cheia de nervosismo e irritação — Você tá doente? Precisa de algo? O que eu posso fazer por você? Quer conversar? — agora a sua voz tinha tom suave e preocupado.

— Me desculpa, eu só... Queria um tempo sozinho... — menti em uma explicação vaga.

"Queria um tempo sozinho"?! Conta outra, Na Jaemin! Eu tô' indo pra' sua casa agora.

— Espera, Jeno! Eu... Desligou... Droga...

Soltei um suspiro alto e bloqueei o celular, jogando-o no canto da cama e enfiando a minha cara no travesseiro para gritar.
Ouvi batidas na porta e logo pensei "Jeno chegou tão rápido?". Abri um de meus olhos assim que ouvi a porta se abrir e me arrependi de ter realizado tal ação, pois a luz que vinha da varanda acabara de me cegar por instantes.

— Jaemin...? — a voz doce e preocupada da minha mãe se fez presente no meu quarto, fazendo com que eu soltasse o ar do meu pulmão e instantaneamente o meu corpo relaxasse — Melhorou da febre? — sim, eu fiquei com febre ontem; provavelmente uma resposta do meu corpo para o pouco alimento que eu estava ingerindo nos últimos dias.

— Ah, eu acho que sim... Mas ainda sinto o meu corpo meio quebrado — e o meu coração também.

— É porque você não tem comido direito nos últimos dias... — a mais velha adentrou o cômodo, ligou a luz, fechou a porta e sentou-se na beirada da cama para afagar os meus fios castanho-claro.

— É... Eu acho que sim... — suspirei.

— O que aconteceu? Você normalmente é tão cheio de energia e do nada ela sumiu. Quer conversar? — perguntou-me de modo acalentador.

Mas, segundo sua reação quando falei sobre o bilhete que havia caído coincidentemente na nossa varanda, eu duvido que ela acreditaria se eu mencionasse pela segunda vez Renjun, e tampouco teria uma reação agradável.

— É sobre o Renjun? — arregalei os olhos. Ela acertou em cheio. Senti como se enfiassem um objeto pontiagudo bem no meio do meu coração, fazendo todos os meus órgãos sentirem o impacto daquela pergunta.

— Por que você pergunta se sequer acredita em mim? — perguntei um fio de voz.

— Às vezes a sua imaginação foi tão longe que deu um fim ao seu amigo imaginário... Ent-

— Por favor... — eu a interrompi — Se for voltar com esse discurso... É melhor ficar em silêncio. Achei que você respeitasse a minha condição.

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora