[07] Perdido.

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— Mamãe, você viu o meu moletom rosa? — perguntou Renjun, ajeitando a mochila nas costas.

— Rosália lavou ontem. Deve estar no varal — disse a mais velha do quarto.

— Obrigado! — agradeceu a informação e foi até o quintal, onde haviam algumas roupas na grama, outras presas apenas com um pregador as segurando no varal, mas nenhum sinal de seu moletom.

Comprimiu as sobrancelhas de modo que quase se juntaram enquanto colhia as roupas meio sujas do chão e ajeitava as do varal.

Caminhou até dentro de casa com as roupas em seus braços e uma feição tristonha em sua cara.

— Mamãe? — chamou.

A mais velha saira de seu quarto com a roupa do trabalho, um coque bem feito com seus cabelos acinzentados e um perfume doce de morango que Renjun tanto gostava de usar.

— Encontrei essas roupas no chão... Parece que de madrugada algum vento muito forte passou... — suspirou o Huang.

— E você encontrou o seu moletom? — negou com a cabeça — Acha que ele pode ter caído na Terra? — Renjun assentiu com a cabeça. A mais velha deu uma alta risada, fazendo o garoto se assustar.

— Mamãe! Não zombe de mim... Se algum morador da Terra pegar o meu moletom, eu estou ferrado! — exclamou, desesperado.

— Provavelmente caiu naqueles grandes oceanos ou em uma mata desabitada, ninguém vai achar — gesticulou com as mãos.

— Obrigado por me deixar mais tenso ainda... Todo o meu dinheiro em vão... — Sentou-se no sofá com as roupas ainda nos braços e fez um muxoxo.

Renjun comprara o moletom com o próprio dinheiro que juntara com todo o seu esforço, era o último da loja e o que mais gostava em toda a face da Lua.

Sua mãe soltou um longo suspiro, pensativa enquanto olhava carinhosamente para Renjun.

— Nós vamos dar um jeito, sim? — a mais velha chegou perto do garoto e abaixou-se, aproximando-se do rosto do garoto, deixando um beijinho em sua bochecha.

— Era o último da loja... Era feito de materiais tão especiais... — os olhos do Huang marejaram.

— LiMing vai cuidar disso, sim? — a mais velha sorriu, passando ambos polegares por baixo dos olhos do garoto.

— Pare de falar em terceira pessoa, mamãe... — soltou um pequeno riso anasalado.

— Você sabe que é assim que eu arranco um sorriso seu quando você está triste — disse a mais velha, levantando.

— Sim... — um suspiro cansado escapou pelos seus lábios — O que faço com essas roupas?

— Pode deixar em uma cadeira com um bilhete, Rosália há de ver quando chegar do subterrâneo — respondeu enquanto se afastava em direção à porta.

— Perdi o primeiro ônibus... Posso faltar hoje? — perguntou o mais novo.

LiMing soprou um riso e ajeitou o coque diante do espelho.

— Pode sim, mas só porque você tá' triste. Não esquece de dar comida ao Pluto — disse antes de sair de casa.

Renjun caminhou até a cadeira da mesa e colocou as roupas, logo voltando para o sofá e soltando um suspiro alto.

moon dust ─ ren.minOnde histórias criam vida. Descubra agora