Você me ama ou não? { Mailila }

"A pequena caixinha"

Maiara

Naquele dia fora difícil dormir, pois sei que havia pegado pesado com Marília.
Eram exatas 1 da manhã, e eu estava sem um pingo de sono, ligo meu celular e uma notificação veio para mim do Instagram. Maraisa havia iniciado uma live, sorri e entrei. Era uma live do show. Ver ela cantando lindamente me fazia feliz, ela sorria para o público e fazia aquelas dancinhas que ela amava. Algo me chamou atenção, aproximo meu celular de meus olhos e vejo Luiza no palco, ela estava com a roupa da produção, e com algumas coisas de maquiagem. Sorri por dentro, talvez pelo menos, umas histórias poderia dar certo a final...
Falando em final feliz... Olho para a grande porta a minha frente e respiro fundo, eu teria que admitir, desde que voltei, meu coração pulsou de forma que há muito tempo não pulsava. Eu levantei com o coração apertado, e posicionei minha mão até aquela maçaneta. Era como se tudo fosse melhorar se eu a girasse, se eu parasse de tentar me vingar, se eu me desprendesse do passado. Mas como? Como fazer isso?

Marília

Aquela noite fora uma das noites mais frias que havia encontrado nesses últimos anos, só não perdia para o dia que tudo aconteceu... Ouvir tudo que ela falou me deixou desolada, eu não podia culpa-la, mas ao mesmo tempo, meu coração se machucou com suas palavras. Desde que ela voltou, ela me olhava com aquele olhar, um olhar como se eu fosse a pior pessoa do mundo.
Ama-la nunca foi tão difícil, não era aquele medo de todos saberem, já havíamos passado disso , o meu maior medo naquele momento, era de continuar a sentir tudo isso. Talvez a nossa história já estava desgastada demais, talvez nunca possamos voltar ao que um dia fomos. Talvez, eu deveria ter pedido desculpas antes... Ou melhor, ter acreditado nela. Mas o que está feito, está feito, e por mais que eu queira do fundo do meu coração concertar as coisas , já não é mais possível. Concertar um espelho quebrado em 1000 partes, é mais difícil do que eu havia pensado.
Me dirijo até a maçaneta e coloco minha mão ali, sinto um calor, e penso até que ela também estava do outro lado segurando a maçaneta, mas era apenas uma simples ilusão...

Narrador

E então, naquela noite fria, dois corações estavam unidos, mesmo sem saber, mesmo sem querer. Nenhuma das duas se atreveu a abrir a grande porta a sua frente, porém as portas dos seus corações se mantinham fechadas, fechadas por uma chave que ambas possuíam, porém, quem daria o primeiro passo?
No dia seguinte, Maiara acordou primeiro, tomou seu café , logo depois Marília desceu, ambas se viram e se cumprimentaram com um pequeno e singelo "oi" , mesmo tendo tantas palavras para serem ditas, apenas essa foi escolhida.

Marília

Ao ver ela ali, sentada naquela mesa, quis dizer tanta coisa, quis revidar, quis até beija-la, mas nada aconteceu. Subo para meu quarto, aquele grande quarto, que não me adiantou de nada esses últimos anos, do que me adiantava ter um quarto tão grande, se meu coração estava vazio. Sento na cama esgotada, o dia mal havia começado e eu já me encontrava totalmente desgastada.
Foi então que avistei minha poltrona, e do seu lado havia uma gaveta. O que continha essa gaveta, eu sabia muito bem, por todos esses anos fora minha gaveta do refúgio, ou melhor, a gaveta que me fez me conectar com o passado de uma certa forma. Me levanto e pego a chave, a abro e ali vejo aquela famosa e tão conhecida por mim caixinha, eu a pego e retorno para a cama novamente. A abro, e automaticamente meus olhos se enchem de lágrimas, havia algo maior do que eu podia controlar naquele momento dentro daquela caixa, todas as memórias minhas com ela, fotos que me faziam lembrar que o passado talvez fosse muito, quer dizer, era mesmo muito melhor que o presente.
Foto de nossas filhas junto a nós, foto dela rindo quando eu fazia graça, foto de nós nos shows, em aniversário, festas, tudo isso levava para um mesmo fim. Fotos de quando eu não havia estragado tudo, de quando eu confiava nela, e era disso que eu me esqueci. Novamente eu sinto a dor do remorço, diferentemente das vezes que abri aquela pequena caixa durante todos esses anos, ela estava aqui, eu poderia consertar tudo, eu poderia, mas talvez, eu não soubesse ao certo como.
Começo a chorar de uma forma que era inevitável controlar, sinto todo meu corpo fraco, após uma hora, me sinto um pouco melhor, não era como se chorar resolvesse tudo, mas pelo menos, me ajudava em alguns quesitos. Me levanto me encorajando a continuar essa luta de jogos e indiferenças, mas antes disso, precisava de um banho.
Pego minha toalha e roupa e abro a porta do banheiro, deixando aquelas velhas fotos espalhadas por minha cama, cada uma já continha uma lágrima sobre elas ...

Maiara

Eu tentei evitar sentir, deveria estar feliz, eu a machuquei como queria, foi para isso que vim, para a fazer sofrer tanto quanto eu havia sofrido. Mas não adiantava, não importava o que eu estivesse fazendo no momento, minha mente viajou para um mundo onde apenas ela existia em meus pensamentos, apenas ela e ela poderiam resolver a dor que meu coração se encontrava agora.
Então, quando o orgulho finalmente havia sido derrotado dentro de mim, me levanto e subo até seu quarto. No qual estava trancado, suspiro fundo e bato uma vez, ela não disse nada, eu entendo ela não querer falar comigo, mas não pude desistir assim.
Entro em meu quarto e encaro aquela grande porta em minha frente, que conectava mais que nossos quartos, conectava nossos corações de uma certa forma também.
E foi então, foi então que deixei todo meu orgulho do lado de fora e atravessei aquela porta.

-Marilia? Disse. Porém não escutei sua voz, apenas o chuveiro ligado, ótimo, penso.
Bem quando passo por cima do meu orgulho, ela não estava aqui para ver.
Mas então, quase desistindo de estar ali, eu reparo algo em sua cama, fotos... Muitas fotos.
Cada uma era de um momento nosso, quando nos beijamos no palco, quando éramos apenas amigas, mas já sabendo que era algo a mais. Fotos de nossa família, filhas e amigos . Fotos de quando , éramos felizes juntas.
Eu sorri involuntariamente, meu coração que antes estava partido, deu vestígios de voltar a ficar bem, foi aí que reparo algo estranho nas fotos.

-Isso não é... Digo sem fala, em cima de sua cama não havia somente fotos nossas, mas sim minhas. De quando havíamos nós separado, de todos esses anos que vivi nós E.U.A.
Quando me formei na faculdade, ali estava, a foto que havia tirado com meu diploma. Quando consegui meu emprego, ali estava uma cópia do contrato. Tudo estava ali, toda minha vida depois de nos separarmos ainda estava ali.
E então muito confusa, resolve checar um pouco mais perto, e encontro uma carta dentro de uma pequena caixa que continha algumas outras fotos.

Carta

Cara Marília, novamente venho por meio desta carta te contar como as coisas estão por aqui. Ela está bem, se é isso que quer saber. Talvez ainda não feliz, mas não se preocupe, eu farei de tudo para que ela tenha uma vida incrível aqui em NY. Fiz o que você pediu, achei um apartamento lindo para ela, e também um ótimo emprego. Coloquei as informações tudo em seu correio, logo mais, ela os procurá-ra.
Espero que esteja tudo bem aí, sei que ainda a ama, e por isso não se preocupe, eu irei protegê-la.
De seu velho amigo, Léo.

Fim da Carta

Maiara

Por um momento não acreditei no que havia lido, encontro também uma passagem para NY, porém parece nunca ter sido realizado a viajem destinada. O que será que aconteceu nesse tempo que eu estive fora,m Ouço o barulho do chuveiro desligando, e então deixo aquela carta onde a encontrei e saio de lá. Era muita coisa para se assimilar assim... Eu precisava de um tempo para entender...

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Então gente... Talvez, só talvez, Marília nunca esteve longe dela realmente...

Notas finais

PatroasDoBr

Obrigada amiga, pela inspiração da caixinha, vai render muitos capítulos 😊