Você me ama ou não? { Mailila }

O quarto ao lado

Marília

Ao sair daquele apartamento eu senti todo o meu corpo em chamas, o que estava acontecendo? Por que eu ainda sentia isso? Será que a amava? Não! Eu não podia ama-la.
Escoro na porta do seu apartamento do lado de fora pensando na possibilidade, isso não podia estar acontecendo!

Maiara

Se passaram alguns segundos que ela havia saído , e eu sei que ri de toda a situação, mas eu sentia algo estranho se enrolar em meu peito, sentia algo que não sabia explicar, me dirigi até a porta e ali me escoro, se ela ainda me amava como eu achava que ela me amava, se iríamos casar e morar juntas, será que um sentimento antigo renasceria? Será que meu corpo seria forte o suficiente para recusa-la? Fecho os olhos respirando profundo, NÃO! Eu não me deixaria levar por um sentimento que está morto dentro do meu coração! Isso não aconteceria, o importante era somente a minha vingança, isso era unicamente o que eu me importava.

Assim como o combinado, passou 2 dias eu já estava no aeroporto, não foi fácil me despedir de tudo que vivi aqui nesse país, sentiria saudades, saudades pois construí uma nova vida aqui, tinha um emprego bom, um apartamento ótimo, e era cômodo... Porém, eu quero arriscar novamente, já não aguento mais viver no cômodo que minha vida se encontrava, estava com saudades da minha família, das minhas filhas, e até do palco...
Desde que parei com minha carreira eu não cantei mais... Nunca mais... Eu não conseguia, toda vez que eu cantava eu sentia um enorme vazio em minha alma, um vazio que eu não sabia como completar... Mas que agora seria preenchido por vingança, vingança a quem me fez me sentir assim, a quem me abandonou, a quem não se importou comigo.
Não se importou de tirar tudo de mim. E foi pensando nisso que vejo Maria acenar do outro lado do coredor do aeroporto, lá estava ela, a mulher pelo qual sofri tanto, ela me encarava e eu a encarava de volta.
Ao seu lado estavam minhas filhas. Sofia abriu um pequeno sorriso quase não identificável, ao me ver, e aquilo já valeu por tudo, então ela sentiu saudades de mim será?

-Tô tão feliz que você vai voltar pro Brasil mãe. Dizia Maria me abraçando forte eu apenas sorri.

-Estou feliz também, já estava na hora neh.

-Então vamos? Marília disse e então entramos no avião.

Foram longas horas de vôo, mas não consegui sequer pregar o olho, minhas filhas estavam dormindo já , e ao olhar para o lado vejo Marília olhando triste para a janela, e por um momento meu coração se apertou.

-Ta tudo bem?

-É sério? Ela me encara. -Depois de tudo, você vem me perguntar se está tudo bem?

-Eu só queria...

-Não! Você vai me fazer terminar o meu relacionado, um relacionamento em que eu estava feliz, você tá me obrigando a casar com você , você já pensou o que a mídia vai falar sobre isso? Como vamos explicar para as meninas? Ela dizia brava sussurando

Apenas ouço tudo quieta e não digo nada, não valeria a pena dizer algo. Quando chegamos em solo Brasileiro meus olhos se encheram de lágrimas, eram tantas lembranças, minha vida estava aqui.

-Onde você vai ficar mãe? Diz Maria empolgada.

-Ela vai ficar com a gente. Dizia Marília sem dar muita importância.

-Por que? Sofia emburrou a cara .

-Isso é verdade mãe? Maria sorriu lindamente e eu concordei com a cabeça.

-Tô tão feliz. Maria me abraçou forte e logo fomos para a casa de Marília que na verdade, também era minha casa

-Depois de anos retorno a minha casa. Digo olhando orgulhosa para aquela casa que eu e Marília havíamos comprado anos atrás.

-Pois é, e ela está do jeito que você deixou. Maria sorri pegando na minha mão correndo para me mostrar tudo.

Ela continuava igual como eu me lembrava, aquele cheirinho de casa nunca saiu do meu olfato, aquele barulho de grilo a noite era uma sensação tão boa, eu olho ao meu redor feliz...

-Você vai dormir onde mãe? Maria me pergunta.

-Naquele quarto de hóspedes que tem do lado do quarto da sua mãe.

-Naquele quarto que você dormia quando estava brava com ela? Maria segurou a risada e eu a olhei reprovando. -Ah mãe, mas era engraçado, a mamãe me contava as vezes que vocês brigavam e você se enfiava nesse quarto, porém sempre esquecia que aquele quarto tem uma porta conjunta com o quarto da mamãe, e você sempre acabava abrindo a porta e bem neh faziam sei lá o que. Ela ri.

-Você não tem idade para essas coisas mocinha. Sorri rindo.

Logo subo e abro a porta daquele quarto, aquele quanto que tinha tanta história...
Tudo começou quando eu e Marília nós mudamos para lá, quando compramos a casa esse foi um dos detalhes que amei, naquela enorme casa haviam dois quartos que se interligavam , e sempre que eu e Marília brigávamos eu abria a porta e entrava no outro quarto, porém aquela porta tinha algo poderoso, ela sempre era aberta por uma de nós, não conseguíamos ficar uma sem a outra por muito tempo...

Me pego pensando em tudo olhando aquela porta, ela parecia igual, e talvez até fosse difícil não querer girar aquela maçaneta...

-Você lembra? Ouço uma voz vinda da porta e olho era Marília

-A gente era feliz quando brigava.

-Era sempre uma disputa. Ela sorriu se aproximando da porta ficando do meu lado. -Quem vai abrir a porta primeiro? Ela dizia sussurrando e eu sorri.

-Eu sempre perdia. Ri.

-É que você não aguentava ficar sem mim. Ela ri e eu também, porém logo a dura realidade que nos encontrávamos caiu sob nós...

-Espero que goste do quarto, tá como você deixou... E se precisar de qualquer coisa ... Só me chamar, e é melhor assim, quando nos casarmos não iremos ter que explicar para nossas filhas porque não dormimos no mesmo quarto, afinal, elas não precisam saber disso . Ela sorri tímida e sai do quarto.

Respiro fundo e logo vou até o banheiro que havia no quarto e tomo um belo banho...

"Enquanto eu fechava os olhos...
Lavando o meu cabelo...
O sabonete escorria por todo o meu corpo...
Foi quando senti suas mãos me acariciando,
Quando senti sua boca seca na minha boca molhada...
O chuveiro foi mudado para água fria, pois aquele calor que nossos dois corpos emitiam juntos...
Faziam até a água ferver"

Abro meus olhos rapidamente pensando em todas as lembranças que tive com Marília naquele lugar, de todas as vezes que ela brigou comigo e eu fiquei chateada e me enfiei neste quarto, e que quando eu ia tomar banho ela vinha e me pedia perdão da melhor maneira possível.

-Droga. Digo em voz alta tentando afastar todos aqueles velhos pensamentos. -Você voltou para se vingar. Repetia novamente e novamente, até minha mente tomar aquilo como verdade, mas afinal, era verdade!

Logo termino de tomar o meu banho e me troco.

Ouço uma batida na porta

-Pode entrar, oiê Maria. Sorri

-Oie mãe, vim te chamar pra comer

-Estou indo. Sorri.
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Continua??