Capítulo 1

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Pode parecer um clichê, mas nossa historia começou na academia, geralmente eu malhava pela manha, antes de ir para a faculdade, fazia musculação, e a noite, depois de finalizar todos os meus compromissos eu voltava, para fazer a parte de esteira, bicicleta, luta, ginastica e outras atividades extras. As esteiras ficavam de frente para a área de musculação, sempre achei isso imbecil, você tinha que ficar correndo por 1 hora olhando para a cara de um infeliz puxando ferro, os dois com a cara de paisagem, olhando para qualquer outro lugar, mas foi assim que eu o vi.

O cara era grande, braços bem moldados, grandes e definidos, seu corpo era grande, tronco massivo, pernas grossas, ele era mais parecido com um trabalhador braçal do que com um rato de academia, e pelos pesos que puxava com certeza fazia outra atividade extra, seu abdômen não era travado ou seco, quando ele agachava ou sentava revelava uma barriga ínfima, mas estava lá e isso dava um charme másculo, seu rosto era severo, ele não era lindo, mas era um homem de verdade, cara de mal com direito a uma linha de expressão saindo do centro das sobrancelhas para a bochecha, de cada lado do rosto, cabelo na maquina 1 com corte militar. Ele estava sentado fazendo supino inclinado. Geralmente eu era discreto em relação a quem eu olhava, ninguém nunca tinha me surpreendido, mas aquele cara era o ápice da masculinidade e eu olhei por um milésimo a mais do que deveria e nossos olhos se cruzaram, ele tinha uma cara de mau, e eu olhei para outro ponto qualquer da academia. Eu tinha 19 anos na época, corpo sarado, malhava religiosamente a semana toda desde os 16 anos, barriga travada e cabelos pretos lisos jogados para trás, curtos. Tinha pernas grossas e bunda grande arrebitada, o que tinha me causado diversos problemas na escola. Minha mãe e meus irmãos sabiam da minha preferencia sexual, mas o resto nem desconfiava, pela maneira que eu agia seria até absurdo pensar nisso. Nunca fui falso na presença de ninguém, nunca precisei colocar a mascara de hétero, eu nunca quis ser mulher, sempre gostei da minha força masculina, sempre tive orgulho de ter um pau entre as pernas, não trocaria o fato de ser homem por nada, eu não era femea e talvez por isso nunca me interessasse por uma, sempre me interessei por homem, a forma masculina e o poder dela me atraiam, a questão era, eu era masculino demais, meus traços poderiam parecer belos ou delicados, mas minhas atitudes não, então era difícil encontrar um homem que não se intimidasse comigo, por isso eu nessa idade já havia descartado muitos, mesmo eles se apaixonando. Eles simplesmente não tinham força para lidar comigo.

Mas aquele cara ali, no momento que seu olhar cruzou com o meu eu sabia que ele teria a força pra me conter, mas eu não ficaria secando ele, o cara era hétero, e assim como nós não escolhemos ser gays, eles também não escolhem ser héteros. Mas como eu tinha certeza? Simples, já havia cruzado com ele uma vez pela rua, ele abraçado a uma loirinha linda, na época eu já tinha visto ele uma vez na academia, mas não havia reparado realmente como agora.

Claro que eu não podia deixar de olhar ele, mas ele era esperto e eu era muito cuidadoso, nunca mexia minha cabeça, apenas os olhos, assim podia focar eles em outro lugar se ele pelo menos ameaçasse me noticiar novamente. E ele fazia isso com uma frequência irritante, meu objetivo nunca foi chegar junto, só admirar nas sombras.

Isso se repetia por semanas, sempre a noite ele estava lá, e eu também, até que resolvi dar um fim a situação, parei de ir a noite, ia mais cedo, era correria, mas era menos dor de cabeça, me apaixonar ou me envolver com um hétero estava fora de cogitação, eu era mais esperto que aquilo. Numa segunda feira qualquer por motivo de força maior não me sobrou alternativa senão ir naquele horário, faziam 3 semanas que eu não ia em tal horário.

Ele estava lá e agora ele também me olhava, seu olhar era tão discreto quanto o meu, uma virada, uma passada de olhos, eu resolvi ver no que dava, comecei a retribuir o olhar, era por um segundo no máximo, mas quando ele me olhava eu segurava o olhar, para que ele soubesse que eu estava olhando. Terminei minha esteira e fui em direção ao vestiário para trocar de roupa e pegar minhas coisas. Sai da academia e fui para meu carro, indo embora. No caminho senti um puxão e fui prensado contra uma caminhonete alta que estava ao lado do meu, logo senti o calor da sua presença. Eu não tinha reparado antes, o cara não era só forte, era também alto, eu tive que jogar a cabeça para trás para olhar para ele, devia ter 1,90 em comparação aos meus modestos 1,70.

BrutalidadeWhere stories live. Discover now