Papo Sério

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Quando o sol nos alcançou ainda estávamos agarrados, eu nunca havia dormido tão bem em toda minha vida, mesmo antes de abrir o olhos havia decidido que não participaria do congresso naquele dia e sejam lá quais fossem os planos de Drezão naquele dia ele teria que cancela-los também.

Estávamos deitados de conchinha, suas mãos entrelaçadas a minha na altura do meu peito, sua ereção matinal entre minhas coxas empurrando meu saco para cima.

Ele roncava, e alto, mas eu não me importava, no fim era como se fosse uma canção de ninar. Era típico do André ser calado, porem barulhento e eu amava isso nele também.

Eu adormeci novamente e quando acordei ele pairava sobre mim, um sorriso no rosto apoiado no cotovelo, eu estava de barriga para cima e sua mão deslizava sobre meu abdômen.

"Bom dia, meu amor." Eu poderia acordar daquele jeito pelo resto da minha vida, muito fácil.

"Bom dia Drezão." Eu sorri e fiquei vermelho, ele era lindo e naquele momento me olhava como se somente eu existisse em seu mundo. Olhei ao redor, procurando uma desculpa qualquer para desviar sua atenção. "Você não vai trabalhar hoje?"

"Hoje minha atenção é totalmente sua." Ele se inclinou e deu um selinho na minha boca. Então me toquei que tinha acabado de acordar, estávamos sujos e com mau hálito, visto que transamos e nos chupamos a noite inteira.

Levantei da cama nú enquanto ele me olhava intensamente, dei a volta e fui ao seu lado e puxei-o para o banheiro. Dentro do banheiro ficamos abraçados debaixo do chuveiro quente, minha cabeça ficava na altura do seu peito e eu sentia seu coração bater forte, o deixei o som invadir minha cabeça. Ambos sabíamos o que deveria ser dito, e ambos estávamos adiando a conversa. Demos banho um no outro em silencio, com um sorriso estampado no rosto. André saiu enquanto eu fazia minha higiene matinal e quando me juntei a ele no quarto estava sentado na beira da cama pensativo.

Quando me viu estendeu a mão para que eu fosse até ele, apesar do ar de preocupação em seus olhos negros e seu cenho franzido ele tentou esboçar um sorriso. Me espantou ele achar que eu iria sair correndo, talvez eu tivesse tão empenhado em fugir dele que o havia traumatizado.

Eu abri um sorriso e os poucos metros que me separavam da porta do banheiro e da cama cruzei correndo, me jogando encima de André, que surpreso me pegou no ar e caiu de costas na cama, comigo pousando em seu peito, rimos feito duas crianças e nos beijamos como dois amantes.

"Vamos ficar juntos agora, para sempre?" ele perguntou, se sentando e me colocando no colo, de frente para ele e com as pernas enlaçadas em sua cintura. Seu rosto mantinha o sorriso e as covinhas ao lado da sua boca eram adoráveis e contrastavam com seu maxilar forte, mas o medo estava em seus olhos, o desejo, a apreensão.

"Depende do que você vai me dizer agora, você precisa me contar tudo que se passou no seu coração, me dizer por que você foi embora..." então eu não pude segurar uma lagrima, era maravilhoso tê-lo ao meu alcance, ser banhado no calor do amor que ele exalava e ainda assim ter tanto medo de perder tudo aquilo novamente."... porque eu não quero que você vá novamente."

Drezão me abraçou forte e cobriu minha testa de beijos. "Nunca mais, eu prometo nunca mais te abandonar."

O silencio momentâneo caiu sobre nós, aquele momento em que acumulamos nossas forças para a batalha afrente.

Então André contou sua historia, desde o minuto que me conheceu até quando voltou de viagem (capitulo 17).

"Eu fui fraco, amor. Eu fui estupido e você tinha razão, foi culpa minha que toda essa desgraça que se abateu em sua vida, eu não deveria ter ido, mas não é justo eu ter voltado e... mas você tem que entender que eu não consigo ficar longe de você." A culpa dele me machucava, eu nunca realmente o culpei por ter me deixado, eu fiquei magoado, mas os acontecimentos que se seguiram estavam fora do nosso controle, mesmo que eu tenha jogado a culpa encima dele algumas vezes por pura força do momento.

BrutalidadeWhere stories live. Discover now