A vida Continua

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Eu estava agoniado, caminhava de um lado para outro no pátio da faculdade, o que eu estava fazendo? Porque diabos eu me importava? Aquela vadia podia ter ele se ela quisesse, e entre nós, quem não iria querer um homem como Wes, mesmo sendo meu amigo eu reconhecia isso, o cara era lindo, charmoso, educado e todo dia podia te surpreender com algo novo. E no fim, Priscila era uma moça encantadora. Jovem, linda, sedutora, loira, com uma pele macia e perfeita como porcelana, olhos verdes e cabelos loiros naturais, ela era um anjo e quando ela decidiu que queria Wes ele estava perdido. Ao longo dos últimos 3 meses em que fortalecíamos nossa relação de amizade eu passei a idolatrar o cara, houveram dias em que eu estava mal, no fundo do poço, e ele ia lá e me resgatava, nos primeiros dias depois que André se foi minha vontade de viver também foi junto dele, eu não comia, não tinha vontade de fazer nada. Malhar, correr, cuidar de mim, foi Wes quem fez tudo isso por mim, ele passava mais tempo na minha quitinete do que na mansão dele, e por incrível que pareça ele estava feliz com isso, todo dia pela manha ele chegava com cara de poucos amigos e depois de pouco tempo já estava com um sorriso de pura felicidade estampado na cara, passávamos o dia todo juntos. Pela manha íamos para a academia, depois faculdade, às vezes almoçávamos juntos e a tarde cada um tomava seu caminho, eu ia dar aulas e ele ia cuidar da academia, à noite eu encontrava-o na academia e treinávamos juntos, no fim da noite saiamos para comer algo ou dar uma volta ou ir a algum bar ou boate e depois, já tarde da noite, cada um ia para sua casa (e mesmo assim era cada vez mais comum ele dormir na minha casa, não dormíamos no mesmo quarto, ele dormia em um colchão na sala).

Durante esse tempo eu observei a quantidade de mulheres de todas as idades que se jogavam sobre Wes, todas elas eram dispensadas da maneira mais sutil possível, mesmo não conhecendo elas Wes era sempre cuidadoso em não machucar seus corações, ferir seu orgulho, ele era encantador nesse sentido também.

Eu estava sentado atrás dele na sala de aula quando percebi o olhar de Priscila sobre meu amigo, parecia pronta a atacar sua presa, eu vi quando ela usou todas as táticas para enlaçar Wes, olhares sedutores, esbarrões, recados por amigos, qualquer desculpa para sentar-se ao seu lado e a verdade era que eu não podia ficar de olho neles direto, pois os avanços de Junior eram cada vez mais invasivos, ele queria minha atenção custe o que custasse e com Priscila sempre no encalço de Wes eram raras as vezes que nos falávamos dentro da faculdade, apesar de chegarmos juntos e irmos embora do mesmo jeito. Não tocávamos no assunto fora da faculdade, Wes parecia ignorar a atirada.

Uma semana atrás eu me surpreendi quando vi Wes sorrindo para ela, os dois pareciam confidenciar algo, quando Wes olhou para trás e me pegou olhando de boca aberta deu um sorriso e passou o braço ao redor dela, que soltou um gritinho agudo de satisfação.

Naquele dia quando íamos sair da faculdade eu me dirigi ao ponto de ônibus quando Wes parou em frente à parada e me mandou entrar no carro, quando retruquei ele simplesmente disse. "Para com esse ciúme besta e entra ai logo."

Sem reação nenhuma eu acabei entrando, "É comum sentirmos ciúmes dos amigos, brother. Não é?" ele me olhou atentamente, procurando algo no meu rosto, um sinal ou uma revelação que eu simplesmente não poderia dar para ele naquele momento.

"É sim, Wes, desculpe pela besteira, Priscila é uma gata, vai fundo." Essas foram umas das frases mais difíceis de minha vida, e eu não entendia o porque, não tive coragem de olhar na cara dele, virei o rosto e fingi que via algo interessantíssimo pela janela do passageiro. A noite eu ainda acordava com pesadelos nos quais André me deixava. Quando acordava começava a chorar pro constatar que ele tinha realmente me deixado, 3 meses não curaram o amor que eu sentia por ele, nada curaria, mas eu era muito bom em me focar em outras coisas, eu sabia que era como represar um rio, mais cedo ou mais tarde o dique que eu montei ao redor do rio André se romperia, e a pequena cidade Gil seria totalmente destruída.

BrutalidadeWhere stories live. Discover now