Primeira Fuga

177 13 0
                                    


Por volta das cinco da manha, uma hora depois que eu tinha ido dormir escutei um estrondo na porta, levantei em um pulo e corri para a sala, bem na hora que ela caia no chão com um estrondo, André tinha arrombado a porta com dois golpes, seu rosto revirado em fúria e álcool, assim que me viu parado no portal que ficava entre meu quarto e a sala sua cara fechou mais ainda, se é que era possível.

"Ivan, tinha que ser logo com o Ivan!" ele gritava enquanto avançava na minha direção, cada dia que passava era como se eu descobrisse um grau novo de fúria no André, esse era pior do que todos os outros que eu tinha presenciado.

"Você seduziu o meu amigo, seu porco!" antes que eu pudesse me mover ele me agarrou pela gola da camisa que usava para dormir e me prensou contra a parede, meus pés estavam no ar.

"Eu confiei em você, eu entreguei meu coração para você, e te levei na minha casa, você não vale nada, você é um bosta!" o bafo de álcool me atingia em cheio, enquanto ele falava a saliva era expelida da boca, seu rosto estava muito deformado pela raiva.

Mas perae, eu não fiz nada com Ivan, muito pelo contrario, ele que estava se jogando para uma vadia qualquer quando eu sai da festa, olhei para trás dele e vi a porta caída no chão, que merda, pensei, ele arrombou minha porta, vou ter que pagar uma nova.

"Você me humilhou, acabou com minha vida, com os planos que eu tinha para nós!"

Nessa hora ele levantou uma das mãos e fechou os punhos, se ele disparasse um soco em mim eu entraria em coma.

Falar com ele não era uma opção, ia só dar combustível para sua raiva, então levei minha mão para sua nuca, deslizei ela entre os cabelos dela e segurei sua cabeça firme, joguei a minha cabeça para trás para pegar impulso e atirei minha cabeça para frente, chocando minha testa contra a testa de André, por incrível que pareça não doeu em mim mas André sentiu, estava estampado em sua cara a surpresa, aproveitei minha vantagem e fiz mais duas vezes, até sentir a pontada de dor em minha testa, mas finalmente ele me largou e recuou com a mão na testa, ele virou uma joelhada em mim, mas eu vi a joelhada vindo e esquivei dela usando ginga de capoeira (meu pai era mestre de capoeira quando eu era pequeno, e me ensinou bastante, apesar de não usar os movimentos durante uma luta eu acho muito fácil usar a ginga para esquivar de golpes), meu espaço para manobrar não era grande então eu tive que cair de lado e sair rolando, estava apoiado sobre um dos joelhos quando vi do meu lado uma vassoura, sem pensar peguei ela e quebrei o cabo de madeira na minha coxa, segurando uma das pontas afiadas que ficou do meu lado, como uma espada e descartando a outra parte (meu amigo Nando, que por incrível que pareça ainda não entrou na historia, tinha um jogo de espadas e gastamos muito tempo explorando elas e as técnicas de manobrar uma espada) era um cabo de madeira, mas ainda assim eu poderia colocar umas farpas nele, não passou pela minha cabeça chamar a policia, afinal, ele era a policia, e também não queria causar problemas para alguém bêbado.

Ele olhou para mim, avaliando a situação. "Ivan me mostrou suas roupas no quarto dele, você foi até lá e seduziu ele no banho, depois ele te mandou embora, para te manter longe de mim."

Eu só sorri não me restava mais nada, o que eu iria fazer, me explicar, convencer ele do contrário, quem iria acreditar que eu cai na piscina por acidente e acabei parando no quarto do anfitrião da festa pelado enquanto ele, um cara aparentemente hetero, dava encima de mim. E outra coisa, eu não levava gente bêbada a serio, logo era inútil prolongar o sofrimento.

"Sai daqui André, acredita no que você quiser, eu só te digo que não seduzi ninguém nem transei com ninguém hoje além de você." Opa, isso foi ontem. "Você tentou me bater e provavelmente me mataria, agora sai da minha casa, não me procura mais, esquece que eu existo!"

BrutalidadeWhere stories live. Discover now