Um Dia da Caça...

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"Ela veio de boa vontade até aqui, então foi surpreendida pelo acompanhante, o primero golpe abriu um buraco no seu estomago, a arma é desconhecida, ela tentou fugir, então na altura das escadas do auditório o assassino terminou o serviço."

Enquanto André narrava o acontecimento eu estava sentado na beirada da cama, tentando não vomitar ou imaginar que aquela pessoa na qual ele falava em tom tão impessoal tinha sido uma grande amiga e uma ótima chefe.

Era difícil imaginar a vida abandonar uma pessoa que havia lutado tanto por ela, ela realmente deixaria um buraco no mundo. Também me admirava o tom impessoal que Drezão usava, era assustadoramente incrível como ele estava acostumado ao seu trabalho, se sentia completamente a vontade sendo um policial, delegado, sei lá.

"Hey, olha para mim." Nem percebi quando ele agachou entre minhas pernas e segurou meu rosto com as mãos. "Tudo vai ficar bem, ok. Você vai ficar bem."

"Não é por mim , mas ela tem uma família, marido, filhos, pais. Eu conheci todos eles nas reuniões da escola." Eu me odiava por essa cena patética, eu estava tremendo, nem era eu quem tinha sido afetado, que direito eu tinha de bancar o coitado.

"Merdas assim acontecem o tempo todo amor, os que vão, eles sim encontram a paz, nós que ficamos resta a luta diária. Existem dois lados em toda a moeda."

Então lagrimas começaram a rolar do meu rosto, como ele podia ser tão forte quando o próximo poderia ser ele. Eu apertei as mãos nos olhos e involuntariamente imaginei André no lugar de Marci, meu corpo ficou mais frio do que estava antes. Perder André não era uma opção.

"Quem foi?" falei entre os dentes, nesse segundo me passou pela cabeça que André tinha ido ao seminário para proteger alguém e que não tínhamos sido informados do real perigo. Eu não duvidava da competência do André, e em algum ponto ele havia me dito que não tinha ido sozinho mas a verdade é que ele não saia do meu lado e isso me despertava um mal pressentimento.

André pareceu meio embaraçado, seus olhos olhavam em qualquer lugar, menos para mim, nessa hora eu vi que algo estava realmente errado. "Eu tenho uma suspeita, mas eu não deveria..."

"André, isso não vai funcionar se você não for sincero comigo, me deixar te ajudar." Ele ficou pálido, os olhos arregalados. "Não! Por deus não estou falando da nossa relação, estou falando de tudo o que está acontecendo nesse thermas, quer dizer, e claro que ambos teremos que ser sinceros e honestos com o namoro e tudo mais. Mas André, não quero topar com outro cadáver pela frente, e nem quero que ele seja você." A expressão dele me dizia que entendia o que eu estava dizendo agora. "E também acho que você não quer que seja eu."

Suas mãos apertaram meu rosto. "Não, não quero. Não posso nem cogitar isso, por isso estou aqui."

Merda, ai vem bomba, meus temores estavam prestes a se revelarem.

"Eu vim aqui atrás do Ivan, um dia antes de você viajar Ivan emboscou a mim e meu parceiro em uma construção abandonada, eu achei que ele iria me matar, mas ao invés disso ele jurou que iria atrás de você, Gil ele está louco, acho que ele acha que me ama ou algo do tipo."

A lembrança involuntária da noite de terror com Ivan foi mais uma vez trancada no quarto escuro da minha mente. "eu sei, ele planejava me usar para chegar até você, ele me disse isso quando.."

"Ele me prometeu coisas horríveis, então eu tinha que ficar ao seu lado. Tinha que te proteger, você entende não ter te falado nada, seria mais fácil te proteger, mas agora, ele matou alguém de fato."

"Você acha que foi Ivan?" o banheiro, caramba, talvez eu tivesse subestimado Ivan.

"Sim, eu acho, tenho certeza na verdade."

BrutalidadeWhere stories live. Discover now