Capítulo Dezassete

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«Volta.»

Theo sorriu com a mensagem de Arden, mas sabia que não podia. Tinha passado toda a tarde com ela, a explorarem-se um ao outro, e ele sabia que eventualmente os seus pais ficariam preocupados. No caminho para casa, sabendo que nunca se sentiria confortável a falar do que acabara de acontecer com os seus pais, ligara a Gabriel, o marido da sua irmã mais velha. O médico atendera imediatamente, quase como se uma chamada de Theo fosse a coisa mais importante que pudesse acontecer. Quando Theo explicou a razão da chamada, Gabriel riu alto, dispensou quem quer que fosse que estivesse no seu escritório, e pediu para ele explicar.

- A Samantha já há de te ter dito que eu conheci uma pessoa.

- A jornalista assustadora, sim. – Gabriel interveio, fazendo Theo rir. – Aconteceu alguma coisa?

- Fui almoçar a casa dela. Ontem fui eu que a ajudei daquele ataque que passou por todo o lado na televisão.

- Theo! – Gabriel repreendeu, indignado. Theo revirou os olhos, escolhendo ignorar. – Está bem. Almoçaste com ela, e depois? Espera, não me digas, eu já sei. Seu malandro!

Theo riu alto, abanando a cabeça. Sabia que, ao contrário do que aconteceria se tivesse ligado a Samantha, Gabriel preferiria rir-se com ele e elogiá-lo. Se havia alguém que fizera Theo duvidar alguma vez da sua escolha, foi o marido da sua irmã. Ele estivera mais que preparado para deixar Theo ficar no hospital durante mais um tempo, fazer comentários falsos à imprensa, tudo para que a vida de Theo não ficasse marcada daquela forma. No entanto, Theo não queria uma vida no hospital mais do que quisera uma vida passada em sua casa, e os esforços de Gabriel verificaram-se inúteis.

Ainda assim, Gabriel seria sempre primeiro a elogiar Theo por qualquer esforço que ele fizesse na direção de uma outra normalidade. A partir do momento em que soubera o que realmente tinha acontecido, demorou o caminho inteiro até Theo chegar a casa para a conversa terminar. Mesmo Gabriel estando supostamente ocupado com a direção do hospital. Só no momento em que o carro de Theo foi desligado é que eles se conseguiram despedir realmente e o mais novo saiu do veículo, e da conversa, muito mais leve do que tinha começado. Sorriu ao lembrar-se de todas as horas que tinha passado com Arden.

Entrou pela porta que dava da garagem ao resto da casa lentamente, ainda processando tudo o que estava a acontecer na sua vida. Dois meses antes e ele era Theo Levi apenas a fingir ser Peter Landon quando saía de casa. Naquele momento, e a partir daquele dia, ele era Theo Levi em casa, para a sua família, e Peter Landon para uma pessoa com quem estava envolvido. Tudo estava a tornar-se demasiado complicado e ele já não sabia bem o que fazer, mas sabia definitivamente que não queria afastar-se de Arden. Quando estava com ela, embora ela não estivesse consigo, ele sentia-se despreocupado – algo que não deveria acontecer, sendo que ela era uma jornalista. Uma boa jornalista, aliás.

- Theo, és tu? – ouviu a voz do seu pai a perguntar, ao longe. Theo gritou a resposta, caminhando até à zona de onde a voz tinha vindo. – Onde estiveste? Não. Não sei se quero saber.

- Como ficamos? – Theo perguntou, rindo.

John Levi observou o seu filho atentamente, notando as diferenças na sua expressão.

- Em casa daquela jornalista de quem falaste? – assentiu. – Sabes quão perigoso é? – voltou a assentir. – O meu trabalho está feito, então. Divertiste-te?

- Bastante. – Theo admitiu, contente por o seu pai não ter insistido demasiado.

Do outro lado da cidade, Arden estava deitada na sua cama, apenas com um robe de seda sobre o seu corpo, olhando atentamente para a mensagem que Holand lhe tinha enviado. Arden já lhe tinha tentado ligar para pedir mais informações, mas o guarda-costas não tinha atendido, então a única coisa que restava era esperar. A tarde passada com Peter – se é que esse era realmente o seu nome – tinha sido uma das melhores horas da sua vida, simplesmente pelo facto de a terem passado a conversar e enrolados um no outro. Inicialmente, Peter mostrara-se tímido e contido, mas Arden tinha feito o suficiente para ele se soltar e tinham terminado tudo no quarto, passando as seguintes horas na sua cama.

Equilibrar a VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora