Equilibrar a Verdade

Capítulo Três

Depois de pedir autorização a Joslin para divulgar a informação chocante que ela tinha partilhado com Arden, a jornalista empenhou-se a escrever o melhor rascunho possível antes de o enviar a Emily. Após agradecer o tempo disponibilizado e de tirar todas as dúvidas que originaram da confissão de Joslin, Arden partira imediatamente para a esquadra de polícia local. Lá, o segurança tentou impedi-la de entrar, mas a confusão e a proteção apertada foram o suficiente para Arden perceber quão afincadamente as autoridades não queriam falar.

Arden tinha as informações necessárias para conseguir falar com Jake e pedir-lhe mais e melhores. Joslin tinha-lhe dado o nome do agente, a sua descrição - até lhe tinha mostrado todos os recortes de páginas de jornais que tinha feito desde o sucedido. Quando Arden lhe perguntou se o seu marido sabia da verdade, Joslin tinha sorrido tristemente e assentido, mas afirmara que isso nunca tinha feito Michael ser menos amado. Pelo contrário, na realidade. O único que não sabia a verdade, além de Michael, era o seu filho mais velho, por ser demasiado novo para perceber tudo o que acontecera com a sua mãe.

Joslin tinha tentado apresentar queixa, mas o seu marido ficara demasiado assustado pela mulher e acabaram por decidir, em conjunto, que manteriam o segredo até morrerem. Nenhum dos dois imaginara que isso seria tão cedo como acontecera, nem que Joslin ficaria completamente sozinha, dezasseis anos depois. Quando Arden lhe perguntou se suspeitava que tinha sido o mesmo polícia a matar o seu marido e Jason, Joslin negara fortemente. Foi assim que ela contou o que realmente aconteceu, para que a jornalista conseguisse distinguir todas as situações.

Há mais de dezasseis anos, Joslin trabalhava como empregada de mesa num restaurante. Naquela altura, Jason tinha apenas quatro anos e o seu marido trabalhava a tempo inteiro para conseguir suportar toda a família. Ela trabalhava nos turnos da noite, para que Jason nunca estivesse sozinho em casa. Num dos dias, o agente da polícia – a quem Arden recusara atribuir um nome no seu cérebro, guardando todo o rancor para quando chegasse a hora de expor a verdade – foi ao restaurante em questão e estava constantemente a incomodar Joslin. Quando ela deu para trás com demasiada convicção, contou ela, ele ficou chateado e esperou na rua até que ela saísse do seu turno.

Violou Joslin, fazendo-a engravidar de Michael. Dezasseis anos depois, matou o próprio filho, a prova do que tinha feito. Joslin estava certa de que tinha sobrevivido por puro acaso.

- Jake. – Arden cumprimentou, assim que entrou no café em que tinha combinado encontrar-se com o rapaz, depois de ele lhe ter pedido para falarem longe da esquadra. Aquele era sempre o seu ponto de encontro, para quando não queriam que ninguém perigoso ouvisse as suas conversas.

- O que é que descobriste, Arden? – como sempre, Jake foi direto ao assunto.

Jake Maddison era um antigo amigo de Arden. Tinham-se conhecido quando ainda eram adolescentes, num campo de férias onde os pais de ambos os tinham inscrito sem o seu conhecimento. Logo no primeiro dia, deram-se bem, porque eram ambos pouco faladores e iam sempre diretos ao assunto. Arden estava a ler um livro de Truman Capote que, embora não entendesse completamente, estava a fasciná-la e, por coincidência, Jake tinha acabado de ler o mesmo livro na semana anterior, por diferentes razões. Arden, pela vertente investigativa; Jake, pela parte criminal.

Mantiveram contacto até, eventualmente, cada um terminar na área de trabalho com que sempre sonharam. Arden como jornalista e Jake como um agente policial, embora na parte dos Recursos Humanos. Conhecendo-se há mais de dez anos, já tinham uma espécie de intimidade muito específica entre eles e sabiam que trabalhavam bem juntos. Eram demasiado parecidos, no entanto, e só conseguiam manter-se próximos por períodos curtos de tempo. Acabavam sempre em discussões, se as coisas corressem de outra forma.