You keep me coming for ya - Shanwmila

21

CAMILA

Meus olhos se encheram de lágrimas quando Shanw gritou e desligou o telefone em minha cara. Talvez esse era o preço por ter ignorado tudo que aconteceu no Japão.

- Josie, diga a senhorita que Shanw não poderá falar com ela hoje. Ele está ocupado. Obrigada. - Disse desligando o telefone.

Eu estava cansada de Shanw. Mesmo que uma parte de mim merecesse que ele estivesse me tratando assim. Mas eu estava cansada do jeito que ele me tratava. Eu não podia criar mais sentimentos por alguém que era exatamente como uma parte do meu passado. Eu estava cansada do meu passado. E cansada disso me perseguir em pensamentos.

Passei a mão pelo meu rosto que agora estava molhado pelas lágrimas. Eu só queria entender tudo.

Queria entender o porquê sentia isso por Shanw. Ou porque meu passado ainda me assustava.

Chorei por mais algum tempo ali sozinha na minha sala. Eu deixe as lágrimas saírem e levarem embora com elas toda a minha dor.

Me levantei e fui até o pequeno banheiro do corredor lavar meu rosto. Não podia correr o risco de alguém me ver com o rosto inchado pelo choro.

Quando retornei para minha sala ouvi meu telefone tocar e o atendi:

- Camila, bom dia.

- Camila me traga os documentos que ficaram com você por gentileza? - Dizia Shanw agora mais calmo do outro lado.

Aquilo me fez ficar muito irritada. Minutos antes ele gritava como se fosse um idiota e minutos depois acha que pode fingir que tá tudo certo.

Shanw Mendes ia me escutar..

Sai da minha sala pisando forte e nem bati na porta da sala de Shanw para entrar. Entrei e bati a porta fazendo-o assustar.

- Qual é o seu problema Camila, não pode entrar na minha sala assim. - Disse ele irritado.

- O meu problema? Qual é o seu Shanw. Você acha que pode me tratar assim. O que eu te fiz hein? - Gritei brava.

Shanw se levantou e veio até minha direção muito nervoso.

- Eu juro que não consigo entender você Shanw. Porque se esconde atrás dessa máscara de idiota. Eu não preciso de alguém me tratando assim. - Ele ia dizer algo, mas eu apontei meu dedo em sua cara e voltei a falar. - Eu não mereço isso Shanw. Eu sou sua secretária e sempre te tratei com respeito. Você está irritado por conta da viagem? É isso? Porquê eu não consigo entender o porque você me trata assim. Olha quer saber eu me demito.

- Você o que? - Disse ele incrédulo.

- Me demito Shanw. Eu não quero mais trabalhar aqui. - Eu estava tão irada de raiva. Minha cabeça só conseguia pensar em como ele merecia ouvir tudo aquilo. E ao mesmo tempo eu também pensava nele abraçado comigo dormindo, aquele beijo no elevador.

- EU NÃO AUTORIZO ISSO.  - Respondeu ele gritando me encarando.

- Eu não tô pedindo pra você aceitar Shanw. Eu não quero mais ficar perto de você... - Só que eu não consegui terminar a frase, Shanw em um movimento rápido me puxou e me beijou.

Naquele misto de raiva e desejo eu não relutei. Eu não relutei para sair do beijo porque eu queria aquele beijo.  Shanw me beijava tão ferozmente como se ele quisesse negar para si mesmo o que estava acontecendo. Era um beijo quente que fazia com que meu corpo todo estremecesse ao sentir sua língua na minha.

Eu senti Shanw passar uma das suas mãos para minha cintura e puxar meu corpo para perto do seu e me encostar para parede de sua sala.

Eu não conseguia se mexer e nem pensar em nada. Um minuto atrás estavamos gritando um com o outro e tudo que eu conseguia sentir agora era o toque quente de sua boca em meu pescoço.

Até que ouvi o barulho de sua porta se abrir rapidamente e eu o empurrei.

- Senhor Mendes me desculpa eu disse para essa senhorita que você não podia falar com ela pois estava ocupada, mas ela subiu mesmo assim.

- Eu vejo que você estava bem ocupado Shanw.  - Disse a mulher o olhando com os olhos cemicerrados e voltando olhar para mim.

Olhei para ele que estava paralisando com um olhar estranho olhando aquela mulher.

- Não sentiu saudades de mim? - Disse ela rindo ironicamente.

- Com licença. - Disse saindo da sala.

Eu só consegui respirar quando entrei na minha sala e fechei a porta. Meu corpo todo queimava. Eu comecei a pensar no que teria acontecido se não tivéssemos sido interrompidos. Mas afinal, quem era aquela mulher?

...

SHANW

- Até parece que você viu um fantasma Shanw. - Dizia Sofia ali parada em minha frente.

- O que... - Respirei fundo a olhando. - O que você está fazendo aqui?

- Eu vim te ver. - Respondeu ela sorrindo.

- Para Sofia. Para de brincadeira. Vou perguntar de novo: O que você está fazendo aqui? - Perguntei a ela nervoso.

- Vim para conversar com você Shanw.

- Me poupe. Eu não quero te ouvir. Dá o fora daqui Sofia. Você perdeu o direito de vir atrás de mim quando me traiu com meu irmão.

- Eu preciso muito falar com você Shanw. - Disse ela abaixando o olhar. - É muito sério.

- EU NÃO TENHO NADA PRA OUVIR DE VOCÊ SOFIA. ME DEIXA EM PAZ. VOCÊ ME ABANDONOU, VOCÊ FOI EMBORA.

- Shanw me escuta. Se você quer me ouvir ou não, isso não importa. Eu preciso falar isso para você mesmo assim.  Seu irmão está com câncer e está em estado terminal. Sua mãe e ele acharam que você deveria saber.

- O que? - Perguntei boquiaberto.

- Descobrimos a pouco tempo, mas já era tarde demais. Os médicos disseram que não tem o que fazer, apenas esperar e aproveitar o resto que ele tem.

Eu não me importava com minha mãe e meu irmão depois do que eles fizeram comigo. Eu já havia desejado que ele morresse, verdade seja dita, mas ouvir aquilo ali era muito surreal.

- Shanw eu sei que nos magoamos muito você. Mas é importante que você saiba. Sam nao tem muito tempo mais... Você precisa perdoar ele. - Disse ela deixando lágrimas escaparem. - Ele nao merece partir sem o teu perdão.  E eu também mereço o seu Shanw. Nós podemos ter outra chance depois que ele descansar em paz. Eu .. eu nunca te esqueci... - Eu não podia acreditar naquelas palavras. Ela estava tentando se aproveitar da morte dele para nós voltamos?

- Me deixa em paz Sofia. SAI DAQUI. - Gritei para ela. - SAAAAAAAAI.

Antes de ver ela sair, ela deixou um envelope branco encima da minha mesa e saiu.

Eu nunca achei que veria ela novamente. Muito menos pensava que ela poderia ser tão baixa ao ponto de usar uma morte para voltarmos. Olhei para o envelope branco, peguei nas mãos e abri para ler.