Capítulo Vinte e Seis - Jack, sou eu.

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Ele havia perdido a fala.

Era como se sua voz tivesse sumido de suas cordas vocais. Lá estava ele, Brooklyn Wyatt. Parado, o olhar fixado em Jack. Os cabelos de Brook estavam em um topete bagunçado. Ele usava um sobretudo marrom aberto, onde mostrava uma camisa social branca e calças pretas com um par de coturnos. Brooklyn tinha uma tatuagem nova na mão. Era tão confuso o sentimento da volta de Brook, que Jack acabou por se encostar na mesa, sentindo lágrimas confusas.

Mas tinha que fazer a linha de indiferente. Afinal, ele voltou depois de anos. Não poderia sair chutando o balde de repente e tomar Jack para si.

— Incrível como aqui aumentou — Ele enfiou a mão nos bolsos e começou a andar pelo escritório grande — Não que eu queira falar que o meu é maior, mas realmente, aqui ficou melhor.

Jack ainda se encontrava sem ar e perdido. Brook continuou.

— Sabia que a porta do seu andar estava aberta? É um perigo, porque nem sempre os seguranças estão fazendo ronda. Mas vi um cara, tipo cosplay do... Do.... Aquele herói da Marvel... THOR isso o Thor, saindo do seu andar. Cliente né? Ele tem que cara que é bem rico.

— O que você... O que você está fazendo aqui?

Brook se virou, sorrindo.

— Ah, aqui? Eu resolvi voltar para Londres. Meu escritório está precisando ser reaberto e sabe, litígios me trouxeram de volta... Soube que Mikey parou de advogar para se dedicar ao bar. Confuso né?

— Você não deveria estar aqui — Jack se levantou, buscando forças em seus sentimentos de ódio e rancor — Você não deveria mesmo, estar aqui.

Brook suspirou.

— Cherly morreu, Jack. Eu precisava voltar e me redimir.

— Cinco meses depois?! Não me venha com esse assunto idiota de redenção. Você é um monstro que nem sequer tem sentimentos.

Ele balançou a cabeça.

— Eu vim pelo meu filho.

Jack teve vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo.

— Está falando do filho que você abandonou? Do filho que você nem sequer se despediu dele, do filho que você nem conhece?

— Ele ainda é meu.

— O cara que doa o esperma não é pai. Pai é quem fica e cria.

— Você é apenas o tutor.

Jack sentiu os poros emanarem raiva.

— Eu sou a droga do pai que ele nunca teve.

Brook o encarou confuso.

— Mas ele ainda é meu.

— Negligência familiar te impede de tomá-lo de mim. Cherly deixou bem claro.

— E como você e ela se conheceram? Por acaso, estava fodendo minha ex esposa?

Jack quis socar Brooklyn.

— Não uso sexo para atrair as pessoas. Não sou como você — Ele cuspiu.

— Você deve me achar um idiota de marca maior.

— Achar? Eu tenho certeza. Você me machucou, Brooklyn. Você saiu dessa mesma porta há dois anos atrás, me deixando. Você quebrou meu coração e qualquer sentimento que eu sentia por você. Você é um filho da puta egoísta e maldito.

O silêncio pesou naquela sala. Brook teve vontade de sair quebrando tudo. O pior era que Jack estava certo. Ele era um maldito.

Ele se aproximou e Jack se encolheu.

— Vá embora, Brooklyn. Por favor, não torne as coisas mais complicadas.

— Não vou desistir de me aproximar.

— Bear não vai querer te ver.

— Agora eu não falo de Bear, Jack.

Os olhos se encontraram. Verde com azul-esverdeado. Intensos, fortes e amorosos. Havia uma faísca naquele olhar. Uma faísca de poderia ser ódio ou saudade, amor ou dor. Nenhum dos dois sabia como interpretar aquele sentimento confuso e vazio que invadiu a tensão da sala.

Brook deu um passo para trás.

— Eu te ligo. Afinal, eu ainda tenho seu cartão.

Brook deu as costas e saiu. Quando a porta foi fechada, Jack desabou no chão.

Law&Love (Versão Jacklyn)Where stories live. Discover now