Capítulo III

7 1 0
                                    

Capítulo III

 

AMANDA

           

- Diretor, isso não pode continuar assim! - Amanda simplesmente invadiu a sala do diretor do orfanato gritando. Atrás dela a secretária tentava segurá-la sem sucesso.

- Desculpe, Mr. Steve. Tentei detê-la e avisar que o senhor não está recebendo ninguém, mas ela avançou sobre mim! Mrs. Dawson, a secretária do diretor estava ofegante e com os fios do coque soltos ao redor do rosto. Parecia ter saído de uma briga.

- Senhor diretor, preciso falar com o senhor urgentemente. Que história é essa de que o aquecimento dos quartos foi cortado? Não podemos sobreviver ao inverno sem aquecedor. Estamos em Maybell, uma das cidades mais frias dos Estados Unidos! Vamos congelar! – Amanda falava rapidamente, sem dar chance a respostas. Seus olhos azuis cintilavam com raiva e a pele branca estava ligeiramente rosada. Aparentemente, havia brigado mesmo com Mrs. Dawson.

Mr. Steve era diretor daquele orfanato fazia dois anos. Odiava aquela menina insolente. Ela sempre reclamava de tudo e fazia sua vida mais difícil. Agora, estava novamente brigando pelo aquecimento que tinha sido cortado. Ora, imagine se aquelas crianças largadas precisavam do luxo de um aquecedor. Eram nada mais que órfãos e tinham que contentar-se com aquela realidade. E serem gratos por terem casa e comida. Ele precisava domar Amanda. No dia seguinte, teriam uma visita do prefeito da cidade e tudo tinha que estar aparentemente perfeito para os olhos do político. Não queria ninguém questionando onde ele aplicava o dinheiro destinado ao orfanato.

- Sente-se, Amanda. Pode ir, Mrs. Dawson. – Assim que a secretária fechou a porta atrás de si, o diretor falou com a voz mais macia que tinha. Escute, Amanda. Nós já estamos cuidando do problema do aquecimento. O pagamento do conserto já foi feito, porém o técnico teve um problema e virá depois de amanhã, para deixar tudo pronto. Só peço a vocês um pouco de paciência.

- Diretor, nós estamos com frio… Se a temperatura cair mais nos próximos dias, o que a previsão diz que vai acontecer, os menores podem até ficar doentes! O técnico não pode vir hoje ou amanhã?

- Não Amanda, não há a possibilidade. Não se preocupe, vou mandar levar mais cobertores para vocês. Calma, tudo vai se resolver. – Deu um sorriso paternal, apesar de ter vontade de sacudir a garota. – Que bom que você veio até aqui, pois precisamos conversar um assunto importante.

- Que foi agora?

Os modos de Amanda estavam tirando o diretor do sério, porém ele precisava ter paciência. Sabia que se convencesse a menina a se comportar bem no dia seguinte, todas as outras crianças do orfanato a seguiriam.

- Amanhã teremos uma visita importante. O nosso prefeito e seus assessores nos honrarão com sua visita. Também estarão presentes alguns jornalistas que cobrirão o evento. Por isso preciso que tudo esteja funcionando perfeitamente no nosso orfanato. Você e as outras crianças têm que se comportar bem e manter os quartos e camas arrumados e limpos. Quero todos sorridentes e respondendo educadamente às perguntas do senhor prefeito e de seus assessores.

- Sei… Aí o senhor fica bem na foto, como se fosse o melhor diretor de orfanato dos Estados Unidos. Provavelmente, já está pensando em um cargo político às nossas custas, certo? O que eu quero saber é o que a gente ganha com isso?

O diretor começou a ficar vermelho com aquela insolência, esforçando-se para manter o controle.

- Amanda querida, você tem que entender que se o prefeito perceber o quanto nossa casa é organizada e nossas crianças educadas, ele vai querer investir mais em nós. Com isso, vocês só têm a ganhar. Com um orçamento maior, poderemos dar mais conforto para vocês, comprar novas roupas para todos, melhorar a comida... Enfim, precisamos convencer o prefeito que o dinheiro colocado aqui é bem aplicado. Eu não ganho nada com isso, quem ganha são vocês. – Terminou a frase com um sorriso carinhoso.

ARCAOnde histórias criam vida. Descubra agora