Capítulo 30

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Malévola

Zeyn me deixou pior do que eu estava com suas palavras arrogantes.Sei que como sábio das trevosas,ele só quer o melhor para elas,mas não precisa me sufocar,pondo a extinção da espécie em minha responsabilidade.Aquilo tudo era um grande exagero,um tremendo erro.As coisas não precisavam ser assim.As fadas das trevas podem se recuperar e voltar a reproduzir bem,sem minha interferência nisso.

Quando o fada-macho branco saiu,tive vontade de explodir a capela,quebrar as cadeiras e coisas do tipo.Mas não o fiz,em respeito ao pedido que minha filha havia feito a mim dias atrás,quando arrumávamos a decoração da festa.Me lembro perfeitamente de suas palavras:

"Mãe,sei que às vezes você perde a paciência,mas quero te pedir que evite usar seus poderes no dia do batizado."

Ela falou isso porque temia que as pessoas se assustassem comigo e até entendo.Prometi que não faria estragos e quando faço uma promessa,eu a cumpro.Preciso aprender a controlar minhas raivas,mesmo que segurar uma fúria interior seja algo doloroso.

Não foi fácil manter os dedos da minha mão quietinhos e imóveis enquanto Zeyn praticamente me afrontava.Podia sentir faíscas de magia serem liberadas ao passo que ele me cobrava,porém devia ter domínio própio.

E bem,acho que consegui.

Está na hora do banquete e todos estavam indo em direção ao mesmo,mas minha fome simplesmente sumiu,e não tenho vontade de mais nada.Não estava me sentindo bem com tudo isso.Será mesmo que minha espécie vai morrer por negligência minha?

Decido sair e buscar um canto,longe de tudo e todos.Necessitava de um momento sozinha,comigo mesma.Precisava pensar e descansar a minha cabeça.

Como não conheço o palácio direito,acabei passando pelo salão de festas lotado,coisa que menos queria que acontecesse.Mas percebo que tem um corredor com quartos e saio correndo para lá,ignorando todos que tentavam me cumprimentar.Precisava de um lugar para desabar,precisava apenas gritar o mais alto que minha garganta pudesse aguentar.

Entro em um dos aposentos que tinha a porta já aberta.Se por um acaso,minha agressividade fosse liberada,ninguém estaria me vendo.Não haveria prejudicados.

E eu não estaria descumprindo minha promessa,pois não assustaria ninguém já que não havia nenhum ser humano ali presente.

Mas eu não estava sozinha.

Infelizmente,ao me virar,vejo Borra.Ele veio me seguindo até aqui e nem percebi.

Por que não me deixa em paz?Esse fada irritante consegue tirar toda minha paciência mais rápido que qualquer outra criatura.Como todo meu estoque de serenidade e equilíbrio já havia esgotado,era bem provável que Borra fosse a vítima de meus ataques se permanecesse ali.

-Borra,suma da minha frente,quero ficar sozinha! -grito com ele,sentindo minhas mãos suarem.Meu coração batia tão forte que eu poderia jurar que ele seria expelido de meu corpo em breve.

-Aceitou a oferta de Zeyn? -ele me ignora com preocupação e desdém expressos na voz -Você vai salvar as trevosas?

-Isso não é da sua conta. -respondo arrogante.Eu já não aguentava mais aquelas cobranças,não suportava Borra e suas idiotices para cima de mim,não suportava mais nada.Estava no meu limite.

-Eu quero ser o pai dos seus filhos,Malévola,eu... -ele se aproxima mais de mim e põe a mão no meu queixo,me assustando -Eu acho que te amo -seus olhos amarelados me encaram,penosos.

Como é que é?

Não tenho tempo de expressar meu espanto.

Ele deixa seu rosto perto do meu e,rapidamente,me beijou.

FEELINGS-MALÉVOLA E DIAVALOnde histórias criam vida. Descubra agora