Capítulo 41

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Diaval

Simplesmente não consigo entender.

Aquele sonho foi uma coisa tão estranha,tão diferente de tudo que já vi,mas ao mesmo tempo,era muito real,como se fosse um recado importante a mim transmitido.Na noite passada,eu fui submetido a ele novamente,só que parecia ainda mais tenebroso e assustador,pois Malévola desfalecia em meus braços,até que sua respiração parou completamente e seus olhos se cerraram.Isso tudo era no mínimo muito estranho.

Eu despertei com uma dor terrível nas costas e uma voz em minha mente que sussurrava "Você deve ir para Moors antes que seja tarde demais".

Não obedeci.

Claro que eu não iria sair feito um louco em disparate para a floresta em plena madrugada após acordar de um pesadelo ridículo.Não vai acontecer nada,isto é apenas fruto de minha imaginação,que agora tem mais tempo para criar paranoias,pois eu não tenho mais nada de interessante para fazer.

Quando o sol nasceu e seus raios começaram a iluminar meu pálido rosto,eu pude agradecer por todo aquele terror noturno ter acabado,apesar de saber que quando a lua retornar,acontecerá tudo de novo.

Estou com vontade de chorar,gritar,me desesperar a todo instante.Não aguento mais isso,não suporto mais pensar em Malévola durante boa parte do meu dia.Não sei quanto tempo sobreviverei sem dormir por culpa dela.Cinco dias assim já está sendo um grande tormento.

Se ao menos Aurora se lembrasse de minha miserável existência,se ao menos eu tivesse alguém para desabafar isso.Mas eu não tenho.Não mais.Estou tendo que aprender a usufruir apenas de minha própia companhia e as coisas não aparentam que vão tomar uma direção diferente.

Minha vida está ficando cada dia mais sem graça.Tudo está parecendo adquirir um tom monótono,da mesma forma que meus olhos visualizavam as coisas em meu sonho.Preto e branco.Eu ainda vejo as cores no literal,mas meu interior está sem a presença delas.Sem a presença de alegria,ou ânimo.Sem a presença de mais nada positivo.

-Diaval? -uma melodiosa voz ecoa por trás da porta do quarto que adotei como meu.Não fiz questão de me levantar da cama para atender,não fiz questão de responder nenhuma palavra.Acreditava que podia ser uma serva trazendo o café da manhã,como de costume,mas me enganei ao ver Aurora entrando ali.

Aurora lembrou de mim?

-Princesa? -entoo surpreso e permito que meu corpo se levante para abraçar a garota -Que..Que bom te ver,eu..eu achei que...

-Que eu tivesse se esquecido de sua existência? -ela completa,dando um sorriso brincalhão,ao passo que se solta de meu enlace -Claro que não,Diaval.Eu tive um problema sério para resolver entre os empregados estes dias.Foi caso de levar até o Rei Jonh.

-Que tipo de problema? -questiono um pouco preocupado.O mínimo que sei sobre reinos,entendo que para um caso chegar até o rei,tem de ser coisa séria.Muito séria.

-Ah,nós acabamos descobrindo que aquela comida que serviram para a madrinha foi entregue estragada de propósito.

-Como? -não evito arregalar meus olhos pasmo.Aquilo já tinha acontecido a um tempo considerável,mas na minha cabeça eu ainda martelava quem poderia ter feito tal coisa com Malévola,e saber que realmente existiu este alguém e que ainda foi proposital me deixou atônito.

-Erin,um dos chefs da cozinha. -a garota responde. -Ele era irmão de Gerda,uma serva de Ingrith que atirou em Malévola na noite do jantar.Fez isso por vingança à morte de sua irmã.

Eu me lembrava bem desta tal Gerda.Era uma mulher que não tinha expressões ou sentimentos.Um ser totalmente nada dotado de sensibilidade e afeto.Ela teve uma boa punição graças a Knotgrass e Thistlewit,que se revoltaram com a partida de Flittle,quando esta deu sua vida pelas outras criaturas naquele massacre que levou muitas das fadas de Moors à morte.

FEELINGS-MALÉVOLA E DIAVALOnde histórias criam vida. Descubra agora