O OITAVO DIA

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Tendo os exemplos do dia anterior causado uma profunda impressão, não se encontrouninguém, ninguém se podia encontrar em falta no dia seguinte. As lições continuaram, foramexecutadas nos fodedores, e como o dia não produzisse qualquer evento extraordinário até aodesjejum, começaremos nosso relato por esse pequeno rito. 0 café foi servido por Augustine,Zelmire, Narcisse e Zéphyr. Começaram de novo as fodas nas coxas, Curval deitou a mão aZelmire, o Duque a Augustine, e depois de terem admirado e beijado suas bonitas bundas asquais, verdadeiramente não sei por que, possuíam nesse dia um encanto, uma atração, umtom avermelhado que os amigos não tinham até então observado, depois, dizia, de nossosamigos libertinos terem cuidadosamente beijado e acariciado aquelas requintadas bundazinhas,foram solicitados peidos as mesmas; o Bispo, que tinha Narcisse a seu lado, já tomara essaprecaução, Zéphyr podia ouvir-se ecoando na boca de Durcet — por que não imitá-las?Zelmire conseguiu, mas Augustine esforçou-se e contraiuse, o Duque ameaçou-a com novomartírio no sábado, com um castigo tão severo quanto aquele que sofrera na véspera, masapertos e contrações, ameaças e imprecações, tudo era em vão, nada emergia da pobrecriaturazinha, estava já em lágrimas quando finalmente um soprozinho saiu, e satisfez o Duqueque inspirou o aroma e, altamente satisfeito com esta marca de docilidade da adorável criançade quem gostava tanto, acampou seu enorme engenho entre suas coxas, depois retirou-oquando estava prestes a descarregar, e inundou totalmente suas duas nádegas. Curval fizera omesmo a Zelmire, mas o Bispo e Durcet, contentaram-se com aquilo que é conhecido porpasso de ganso; mais tarde, depois da sesta, passaram ao auditório onde a esplêndidaDuclos, arrumada nesse dia com tudo que pudesse levar com mais sucesso o observador aesquecer sua idade, parecia ainda mais adorável sob o candelabro, e nossos libertinos, muitoquentes com a longa contemplação da nossa narradora, não lhe permitiram que subisse àplataforma sem primeiro exibir suas nádegas à assembléia."Uma bunda magnífica, juro por minha alma", disse Curval. "Oh, sim, realmente, meuamigo", disse Durcet, "garanto que não há muitas mais dignas de tais elogios".Ouvidos estes encômios, nossa heroína baixou as saias, tomou seu lugar, e retomou suanarração da maneira que o leitor observará, se lhe agradar continuar, o que, a bem do prazer,o aconselhamos a fazer."Um reflexo e um evento foram responsáveis, Senhores, pela mudança nos campos debatalha; os combates que a partir de agora relatarei, foram travados noutras imediações. Areflexão foi muito simples: observei a lamentável condição de minha bolsa, e imediatamente mepus a pensar. Estava há nove anos na casa de Madame Guérin, e, embora, durante essetempo, tivesse gasto muito pouco dinheiro, achei-me então com menos de cem luízes; essamulher, extremamente esperta e nem uma única vez surda ao apelo de seu bem-estar, achavasempre maneira de embolsar dois terços das receitas da casa, e de impor novas deduções aoque sobrava. Essas práticas desagradavam-me e, sujeita as repetidas solicitações de outraprocuradora, Madame Fournier, que apenas queria que eu me instalasse a seu lado, esabendo que essa Fournier recebia debochados velhos de tom mais elevado e meio superioresa clientela de Guérin, decidi sair de uma, e jogar minha sorte na outra. Quanto ao evento queemprestou apoio a idéia, foi a perda de minha irmã: tinha por ela um enorme afeto, e nãopodia continuar numa casa onde tudo me recordava dela, mas da qual estava ausente. Duranteseis meses minha querida irmã recebera visitas de um homem alto, moreno e silencioso, cujorosto eu achava extremamente desagradável. Afastavam-se os dois, e eu não sei comopassavam seu tempo porque minha irmã nunca quis discutir o que faziam, e nunca amaramnum lugar onde eu pudesse observar seu negócio. Seja como for, ela veio a meu quarto umabela manhã, abraçou-me, e disse-me que sua fortuna estava feita, ia ser amante do homemalto de quem eu não gostava, e soube apenas que o fator decisivo na conquista era a belezade suas nádegas. E com isso deume seu endereço, acertou suas contas com a Guérin, deuum beijo de despedida em cada uma de nós, e partiu. Podem estar certos de que não deixeide ir ao endereço que ela indicou, porque queria vê-la. Foi dois dias depois de sua partida;cheguei, perguntei por minha irmã, e minha pergunta foi respondida com um encolher deombros e expressões duvidosas. Vi com toda clareza que minha irmã fora lograda, porque nãoposso imaginar que me privasse do prazer de sua companhia. Quando relatei a coisa a Guérin,e me queixei do que acontecera, um sorriso maligno surgiu em seu rosto. Recusou qualquerexplicação; por isso concluí que ela participara dessa misteriosa aventura, mas não queria queme envolvesse na mesma. Tudo isso teve um profundo efeito em mim, e trouxe um rápidotermo a minha indecisão; como, Senhores, não terei oportunidade de voltar a falar dessaadorada irmã, no futuro, posso dizer agora que, a despeito das investigações que fiz e detodos os meus esforços para a encontrar, nunca consegui descobrir o que lhe aconteceu."Não me atrevo a dizer", observou Desgranges, "porque, vinte e quatro horas depois de ater deixado, não estava mais viva. Não, ela não enganou você; pelo contrário, ela é que foilograda. Mas, como você suspeitou, Guérin sabia o que estava acontecendo"."Deus Misericordioso! que me está dizendo"? exclamou Duclos. "Ai, embora privada desua presença, imaginei que estivesse viva"."Erradamente", respondeu Desgranges, "Ela contou-lhe a estrita verdade: foi na realidadea beleza de suas nádegas, a espantosa superioridade daquela notável bunda que lhe trouxe aaventura em que pensou vir a ganhar uma fortuna, mas na qual conquistou penas a morte"."E o homem alto e silencioso"? Duclos perguntou."Não passava de um bajulador na história, trabalhava para outra pessoa"."Mesmo assim, digo-lhe uma coisa, ele visitou-a assiduamente durante seis meses"."Para a enganar", Desgranges respondeu; "mas continue com sua história, estesesclarecimentos podem provar tediosos para Suas Senhorias, e se desejarem ouvir maisdetalhes da questão, podem ficar certos de que a anedota figurará em seu depoimento"."E poupe-nos as demonstrações emocionais, Duclos", o Duque disse secamente, aonotar que ela não conseguia mais reter algumas lágrimas involuntárias, "não nos interessammuito lamentações e tristezas; na verdade, todas as obras da Natureza podem ir pelos ares eparar no inferno, que não daremos nem um ai. Deixe as lágrimas aos idiotas e às crianças, enão deixe que elas sujem as faces de uma mulher desempoeirada e esclarecida, da espécieque estimamos".Com essas palavras, nossa heroína controlou-se e recomeçou imediatamente suanarrativa.Em virtude das duas razões que acabo de apresentar a Vossas Senhorias, decidi partir;Fournier ofereceu-me melhores acomodações, uma mesa de longe mais interessante, trabalhomuito mais remunerador embora mais árduo, uma parte igual nas receitas, e nada de taxas deserviço.. Fui imediatamente ao seu encontro. Nessa época ocupava uma casa inteira, e cincobonitas moças compunham seu serralho; comigo, seis. Permitam-se que faça de novo, comoanteriormente, quando descrevi o estabelecimento da Guérin: não retratarei minhascompanheiras de armas até "surgirem, uma a uma, na arena.Na manhã de minha chegada, foi-me dado um projeto, pois Fournier dirigia uma casaatarefadíssima, pessoas entravam e saíam constante-mente, cada uma de nós recebia muitasvezes cinco ou seis clientes no espaço de um dia; mas, continuarei, como até agora, aselecionar apenas aqueles que, por sua singularidade ou malícia, são suscetíveis de prendervossa atenção.0 primeiro homem que recebi em minha nova habitação, era um oficial de intendência, decerca de cinqüenta anos. Fez-me ajoelhar ao lado da cama com meu queixo apoiado na borda;instalou-se na cama, também de joelhos, e por cima de mim. Esfregou seu pau bem em frentede minha boca, mandando que a conservasse bem aberta; não perdi nem uma gota, e oobsceno camarada divertiu-se prodigiosamente com as contorções e vômitos que aquelahorrível lavagem de boca me causara.Talvez prefiram que agrupe as outras quatro aventuras desta categoria que vivi na casade Madame Fournier, embora os Senhores compreendam que esses encontros foramseparados, no tempo. Estou certa de que o relato será longe de desagradável ao SenhorDurcet, e talvez muito oportuno, e durante o resto da noite gentilmente me permitirá que odistraia com relatos de uma paixão pela qual tem entusiasmo, e que me proporcionou a honrade o ter conhecido."Que é isso"? exclamou Durcet, "você vai-me fazer desempenhar um papel na suahistória"?"Com sua graciosa permissão, meu Senhor", Duclos respondeu. "Simplesmente avisareios Senhores quando atingir o ponto em que o Senhor Durcet entra"."Mas minha modéstia... que coisa! Perante estas meninas, você vai mesmo revelar todasas minhas torpezas a seus ouvidos inocentes"? E depois de todos terem gargalhado com oscaprichosos receios do banqueiro, Duelos retomou sua narrativa.Outro libertino, muito mais velho e de modo diferente odioso, sucedeu ao que mencioneihá momentos, e veio fazer-me uma segunda representação da mesma mania; mandou-medeitar ao comprido, nua, na cama; deitou-se também, sua cabeça voltada para meus pés,enfiou seu pau em minha boca, e sua língua em minha boceta, e tendo adotado esta atitude,fêz-me retribuir as titilações voluptuosas que declarou sua língua sem dúvida me provocaria.Chupei o melhor que consegui; tocou em minha pucela, lambeu, borbulhou, derramou e, semdúvida, em todas estas manobras, trabalhou infinitamente mais em seu nome do que em meu.Seja qual for a verdade, nada senti, e fiquei extremamente feliz por não ter ficadohorrivelmente revoltada com o negócio; seguiu-se a descarga do devasso, uma operação que,de acordo com os veementes desejos de Fournier, pois ela me dera conhecimento prévio detudo, uma operação, dizia, que me esforcei por tornar tão lúbrica quanto possível, chupando,extraindo o suco de seu pau com meus lábios, gargarejando com ele em minha boca, epassando minha mão em suas nádegas e titilando seu ânus, detalhe este que afirmou lheagradava imenso, e que por seu lado executava em mim o melhor que sabia... Completado onegócio, nosso homem retirou-se, garantindo a Madame Fournier que nunca sentira tantoprazer como comigo.Pouco depois desta minha última aventura, surgiu em nossa casa uma velha bruxa decerca de setenta anos; fiquei curiosa por saber o que ali a levava, parecia ter um ar deexpectativa, e, sim, disseramme que aguardava um cliente. Extremamente ansiosa por saberqual o uso que alguém daria a tal saco de ossos, perguntei a minhas colegas se não havia umquarto de onde se pudesse espreitar os combates, como na casa de Madame Guérin. Uma deminhas amigas respondeu que realmente existia essa possibilidade, e conduziu-me a umaposento equipado não com um, mas com dois buracos; ocupamos nossos postos, e eis o quevimos e ouvimos, porque a parede não passava de uma simples divisão, e o som atravessavaacom tal facilidade, que não perdemos uma palavra. A velha dama chegou primeiro. Viu-se noespelho, retocou-se, fez ajustamentos, como se pensasse que seus encantos eram aindacapazes de conquistar. Alguns minutos mais tarde, entra o sedutor; tinha no máximo sessentaanos, comissário de impostos, um homem muito bem na vida e que preferia gastar seu dinheirocom mulheres velhas e desgastadas como aquela, em vez de moças bonitas; e por quê? Umasingularidade de gosto que os Senhores compreendem e, na realidade, explicamadmiravelmente. Avança, observando sua Dulcinéia; esta faz-lhe uma respeitosa vênia."Deixa de besteira, velha puta", diz o devasso, "não me interessam maneiras elegantes.Tira a roupa... Mas espera um momento. Você tem algum dente"?"Não, Senhor, nem um", responde a dama, abrindo sua boca nojenta. "Pode ver, se lheagrada, Senhor".Logo após, Sua Senhoria agarra a cabeça da mulher, e deposita em seus lábios os beijosmais apaixonados que já vi em toda minha vida; não beijou apenas, mas chupou, devorou,amorosamente enfiou a língua ate onde conseguiu naquela pútrida goela, e a querida vovó, aquem não faziam coisa semelhante há muitos anos, respondeu com uma ternura que... teriagrande dificuldade em descrever aos Senhores."Muito bem", disse o funcionário, "chega. Tira a roupa".Entretanto, ele abre também sua calça, e revela um pequeno membro murcho e escuro,no qual nada há que prometa uma ereção. Contudo, a velha moça está nua, e com umaafronta inqualificável, oferece a seu amante o espetáculo de um corpo velho, amarelo eencarquilhado, seco, sem formas e sem carne, a plena descrição do qual, independentementedas fantasias dos Senhores em- tal matéria, os encheria tanto de horror, que é preferível nãocontinuar; mas, longe de enojado, de sentir repulsa e ficar perturbado por aquilo que saúdaseu olhar, nosso libertino fica positivamente encantado; estático, agarra sua amada, arrasta-apara onde está sentado em uma cadeira, mexe nela toda enquanto aguarda a remoção de seuúltimo ponto da roupa, de novo dardeja sua língua na boca dela e voltando-a, rende duranteum momento homenagem ao reverso da medalha. Vi muito distintamente quando acariciavasuas nádegas — mas que estou dizendo? Nádegas? Antes o vi manipular os dois traposenrugados que caíam em ondas de suas ancas e pendiam sobre suas coxas. De qualquermodo, separou-as, voluptuosamente colou seus lábios a infame cloaca que elas cobriam,repetidas vezes lhe enfiou a língua, e, ao mesmo tempo que suava de felicidade sobre aquelaruína, ela lutava por dar alguma firmeza ao dispositivo moribundo que esfregava."Vamos ao âmago da questão", disse o amado; "sem minhas habilidades favoritas, todasas suas tentativas serão em vão. Já lhe disseram"?"Sim, Senhor, já me disseram"."E você sabe que tem de engolir"?"Sim, meu querido, eu engulo, oh sim, meu chuchu, meu amor, eu engulo, vou devorarcada gotinha que meu patinho fizer".E então o libertino deposita-a no leito, sua cabeça voltada para os pés do bem amado,ele imediatamente enfia seu débil engenho entre suas gengivas, empurra-o valentemente atéaos testículos, retorce-se até agarrar as pernas de seu doce e as escarranchar em seusombros, seu focinho òtimamente colocado entre as nádegas da criatura. Sua língua passeiafundo no requintado buraco; a abelha em busca do néctar da rosa não chupa maisvoluptuosamente; a dama também chupa, nosso herói começa a agitar-se. "Ah, esperma"exclama depois de quinze minutos de ginástica libidinosa, "chupa, chupa, chupa e engole putaimunda, engole, está saindo, pelo rosto de Jesus, está saindo, não sente"? 'E derramandobeijos por todos os lados, beijando tudo que encontra, coxas, vagina, nádegas, ânus, tudo élambido, tudo é chupado, a velha puta engole, e a pobre velha ruína, que retira um dispositivotão débil quanto o que introduziu, e que aparentemente descarregou sem ereção, saicambaleando cheio de vergonha de seus transportes, e tão prontamente quanto pode dirige-seà porta, a fim de evitar a vista temperadora do espantoso objeto que acabava de o seduzir emsua fraqueza."E a velha puta"? inquiriu o Duque.A velha puta tossiu, cuspiu, assoou o nariz, vestiu-se com a possível brevidade, e foiembora.Alguns dias mais tarde, a mesma companheira graças a qual me fora permitido desfrutaro espetáculo desta cena, teve sua vez. Era uma moça loura de cerca de dezesseis anos, coma fisionomia mais interessante do mundo; avidamente agarrei a oportunidade de a vertrabalhar. O homem com quem ela ia conferenciar era pelo menos tão velho quanto ocomissário de impostos. Fê-la ajoelhar entre suas pernas, imobilizou-lhe a cabeça segurandoambas as suas orelhas, e enfiou em sua boca espantada um pau que me pareceu mais sujo emenos apetitoso do que um trapo abandonado na água do esgoto. Ao observar aquelepavoroso naco aproximar-se de seus lábios limpos e saudáveis, minha pobre colega quisrecuar, mas não era a toa que nosso cavalheiro a segurava como um spaniel pelas orelhas."Que diabo é isso"? balbuciou. "Você vai ser difícil"?E ameaçando chamar Fournier, que sem dúvida lhe tinha recomendado a atitude maisconciliatória, triunfou sobre as hesitações da moça. Ela abre seus lábios, recua, abre-os denovo e finalmente, cheia de ânsias e náuseas, aceita na mais doce das bocas, a mais infamedas relíquias: a partir desse momento, as palavras do vilão são extremamente grosseiras."Ah, sua vagabunda", gritou enfurecido, "você tem escrúpulos, não tem, de chupar omelhor pau da França? Você acha que se devem lavar os colhões apenas por sua causa?Bem, foda-se, sua puta; chupa, ouviu? Chupa a carne doce".Agradecendo calorosamente a esses sarcasmos e a repulsa que notou estar inspirandoem minha companheira, porque é verdade, Senhores, que o asco que nos despertais se tornao moscardo que acorda vosso prazer, excita vossa lascívia; tornando-se mais ardente, dizia. olibertino mergulhou em êxtase e deixou na boca da moça a evidência mais definida de suavirilidade. Menos complacente do que a velha, nada engoliu, e muito mais revoltada, vomitoumomentos depois tudo que tinha no estomago, e nosso libertino, arrumando-se sem prestargrande atenção ao que se passava, ria com um ar de desprezo entre os dentes, divertido comas cruéis conseqüências de sua libertinagem.Minha vez chegou depois. Mas, mais feliz do que minhas antecessoras, foi ao próprioCupido que me entregaram, e depois de o ter satisfeito, só me restou admiração pelo fato deum jovem tão simpático ter gostos tão peculiares. Chega, manda-me tirar a roupa toda, edeita-se na cama e ordena-me que fique de cócoras por cima de seu rosto, e com minha bocatrate de provocar uma descarga num pau muito medíocre, pelo qual, contudo, manifestalouvor, e cujo esperma me ordena que engula assim que começar a correr."Mas não perca a oportunidade", o libertino acrescenta, "entretanto, quero que suaboceta inunde minha boca de urina, prometo engolir tudo enquanto você engole meu esperma,e ficarei encantado se puder cheirar alguns peidos dessa esplêndida bunda".Dediquei-me a tarefa e executei simultaneamente meus três serviços com tantahabilidade e graça, que a pequena anchova logo vomitou toda a sua fúria em minha boca;engoli de boa vontade, meu Adonis do mesmo modo não perdeu tempo com o mijo que saíade minha fenda e, enquanto bebia, aspirava a fragrância que uma corrente ininterrupta depeidos levava a suas narinas."Realmente, Mademoiselle", murmurou Durcet, "você bem podia ter dispensadorevelações que recordam minha infância"."Ha"! disse o Duque rindo alegremente, "muito bem! Você, que hoje mal tem coragem deolhar para uma boceta, gostava então que elas lhe mijassem nos velhos tempos"?'É verdade", disse Durcet, "coro de vergonha, pois que coisa pode ser mais pavorosa doque ter mais torpezas na consciência? Oh, sinto hoje o pesado fardo do remorso, meu amigo...Oh! deliciosas bundas"! exclamou, beijando em seu entusiasmo a de Sophie, a quem chamarapara um momento de carícia, "Oh bundas divinas. corno me censuro pelo incenso de que vosprivei! Oh fundamentos deliciosos, prometo-vos um sacrifício expiatório, juro por vossos altaresnunca mais me desviar, enquanto vivo, dos caminhos da retidão".E tendo ficado um tanto quente com aquele esplendido traseiro, o libertino pôs a noviçanuma posição que era indubitavelmente muito indecente, mas que lhe permitia, como vimosacima, que sua anchova fosse chupada ao mesmo tempo que chupava a bunda mais bonita,fresca e voluptuosa. Mas Durcet, então indiferente demais, saciado daquele prazer, só rarasvezes o achava revigorante; podia chupar-se o que se quisesse, ele podia fazer a mesmacoisa até seus lábios rebentarem, era sempre a mesma coisa: retirava no mesmo estado decolapso, e maldizendo e praguejando contra a menina, adiava regularmente até um momentomais feliz os prazeres que a Natureza então lhe negava.Nem todos foram assim infelizes; o Duque, que passara a seu aposento com Zélamir,Clivador de Bundas e Théreze, emitia gritos e berros que atestavam sua felicidade, eColombe, tossindo e cuspindo com grande aflição, deixou poucas dúvidas acerca do temploonde fizera suas orações. Quanto ao Bispo, reclinado em seu divã da maneira mais natural,com as coxas de Adelaide esfregando seu nariz e seu pau na boca dela, estava no sétimo céu,pois recebia brande abundância de peidos da jovem; Curval, num estado extremamentecorreto, pregava a pequena boca de Hébé com seu prego disforme, e derramava seu espermaao mesmo tempo que recorria a outras habilidades.Chegou a hora da refeição. O Duque pretendia por a tese de que se a felicidade consistena satisfação inteira de todos os sentidos, era difícil alguém ser mais feliz do que eles."A observação não é de um libertino", disse Durcet. "Como se pode ser feliz, quando nospodemos satisfazer constantemente? A felicidade não consiste na consumação do desejo, masno próprio desejo, na remoção dos obstáculos colocados na frente do que se deseja. Bem,qual é a perspectiva aqui? Só precisamos de desejar para ter. "Juro", continuou, "que desdeque aqui cheguei, nem uma vez meu esperma correu per causa dos objetos que me rodeiamno castelo. Todas as vezes descarreguei pelo que aqui não está, pelo que se encontra ausentedeste lugar, e é assim", declarou o financista, "que, de acordo com minha crença, há umacoisa essencial a menos em nossa felicidade. É o prazer da comparação, prazer que só podesurgir da observação de pessoas desgraçadas, e aqui não se vê nenhuma. É a vista daquelesque nem por sombras usufruem o que eu usufruo, e que sofrem, que surge o encanto de sepoder dizer consigo próprio: Sou portanto mais feliz do que elas. Onde quer que os homenspossam ser iguais, e onde não houver tais diferenças, a felicidade também nunca existirá: é ahistória do homem que só compreende bem o que é a saúde, depois de ter estado doente"."Nesse 'caso", disse o Bispo, "você afirma que é uma verdadeira fonte de prazer aobservação e contemplação das lágrimas das pessoas vitimadas pela miséria"?"Evidentemente", Durcet respondeu. "No mundo inteiro talvez não haja voluptuosidade quemais lisonjeie os sentidos do que aquela que acabava de citar"."O quê? Você não socorreria os desgraçados e miseráveis"? exclamou o Bispo quemanifestou o mais genuíno agrado em fazer com que Durcet explorasse uma questão cujoexame era tanto do agrado de todos e a respeito da qual, todos viam, o financista podiamanifestar sólidas opiniões."A que chama você socorrer"? respondeu Durcet. "E que a voluptuosidade que sinto eque é resultado dessa doce comparação da sua condição com a minha, deixaria de existir seeu os socorresse: libertando-os do estado de miséria, faria com que saboreassem um instantede felicidade, destruindo assim o prazer proporcionado pela comparação"."Portanto, é necessário", raciocinou o Duque, "devemos, de uma maneira ou de outra,para melhor estabelecer essa distinção indispensável à felicidade, devemos, dizia, agravarbastante seu calvário"."Não há dúvida a esse respeito", disse Durcet, "e isso explica as infâmias de que fuiacusado toda minha vida. Os que ignoram perfeitamente meus motivos", o banqueirocontinuou, "chamam-se duro, feroz, bárbaro, mas, rindo de todas essas denominações,continuo alegremente; provoco, atrevo-me a dizer, aquilo que os idiotas descrevem comoatrocidades, mas com isso evoco distinções criadoras de prazer e faço muitas comparaçõesdeliciosas"."Vamos", disse o Duque, "confesse, meu caro amigo: admita que mais de vinte vezesvocê engendrou a ruína de pessoas pobres, simples-mente para com isso servir os perversosgostos que acaba de reconhecer"."Mais de vinte"? disse Durcet. "Mais de duzentas, meu amigo, e sem o menor exagero,posso enumerar mais de quatrocentas famílias reduzidas a mendicância, estado em que agoranão se encontrariam se não fosse eu"."E", disse Curval, "imagino que você lucrou com a sua ruína"?"Ora, claro, isso sucedeu com freqüência, mas devo também confessar que inúmerasvezes não agi para lucrar, mas simplesmente para desfazer, em nome de uma certa maldadeque quase sempre desperta em mim os órgãos da lubricidade; meu pau positivamente pulaquando faço mal, no mal descubro precisamente aquilo que é necessário para estimular emmim todas as sensações do prazer, e faço mal por essa razão, apenas por ela, sem qualquermotivo ulterior"."Pela minha alma", declarou o Presidente, "confesso que nada me agrada tanto quantoesse gosto. Quando, pertencia ao Parlamento, devo ter votado cem vezes a favor doenforcamento de pobres diabos; eram todos inocentes, sabem, e nunca me entreguei a essaspequenas injustiças sem experimentar, bem no fundo de mim, a titilação mais voluptuosa: nadamais era preciso para inflamar meus colhões, nada os aquecia com tanta certeza. Podemimaginar como me sinto quando faço pior"."É certo", disse o Duque, cujo cérebro começava a ferver enquanto apalpava Zéphyr",que o crime tem suficiente encanto em si próprio para incendiar todos os sentidos, sem sernecessário recorrer a outro expediente; ninguém compreende melhor do que eu que asenormidades e malversações, mesmo aquelas no extremo mais oposto do maucomportamento libertino, são tão capazes de incitar uma ereção como as que residemdiretamente dentro da esfera da libertinagem. O homem que vos fala neste mesmo momentodeve espasmos ao roubo, fogo posto, e está perfeitamente certo de que não é o objeto dasintenções libertinas que nos incendeia, mas a idéia do mal, e que conseqüentemente é sógraças ao mal e apenas em seu nome que ficamos de pau duro, não graças ao objeto, e seesse objeto fosse destituído do poder de fazermos mal, nosso pau murcharia, não nosinteressaria mais"."Que pode haver de mais certo do que isso"? perguntou o Bispo. "E daí nasce outracerteza: os maiores prazeres derivam das fontes mais infames. A doutrina que deve governarperpetuamente nossa conduta é a seguinte: quanto mais prazer se procura nas profundezas docrime, mais pavoroso o crime deve ser; quanto a mim, Senhores, acrescentou o Bispo, "se mepermitem falar pessoalmente, afirmo que atingi um ponto em que não sou mais vulnerável asensação que estão discutindo, não mais a experimento, dizia, como resultado de crimesmaiores ou menores, e se os que perpetro não combinarem tanto de atroz, baixo, odioso,doloso e traiçoeiro como se possa possivelmente imaginar, a sensação não é apenas vaga,não há mesmo sensação alguma"."Muito bem", disse Durcet, "é possível cometer crimes como aqueles que nossa mentecobiça, crimes como os que acabam de ser mencionados? Pela minha parte, devo declararque minha imaginação sempre ultrapassou minhas faculdades; faltam-me os meios para fazero que devia, aquilo que concebo mil vezes melhor e mais do que fiz,- e queixo-me da Naturezaque, embora dando-me o desejo de a ultrajar, sempre me privou dos meios para o fazer"."Há apenas", disse Curval, "dois ou três crimes a cometer neste mundo, e esses, vezpraticados, nada mais há a dizer; tudo o resto é inferior, deixa-se de sentir. Ah, quantas vezes,por Deus, não desejei ser capaz de assaltar o sol, arrebatá-lo do universo, fazer a escuridãogeral, ou usa,essa estrela para queimar o mundo! ah, isso seria um crime, oh sim, e não umpecadinho como os que praticamos que se limitam num ano inteiro a metamorfosear uma dúziade criaturas em pedaços de barro".Logo após, seus espíritos alegres e quentes, como duas ou três das meninas já tinhamobservado, e começando seus paus a subir, saíram da mesa e foram em busca de bocasbonitas, nas quais derramar as torrentes do licor cujas convulsões demasiadamente insistentespromoviam a prática de tantos horrores. Nessa noite limitaram-se a prazeres de boca, masinventaram cem maneiras de os variar, e depois de correrem, os quatro, uma magníficacorrida, nalgumas horas de repouso procuraram achar a resistência necessária para começarde novo.

Os 120 Dias de Sodoma ou a Escola da LibertinagemOnde histórias criam vida. Descubra agora