Há um provérbio — e que coisas excelentes são os provérbios — há um, dizia eu, que dizque o apetite se restaura comendo. Este provérbio, rude, grosseiro, mais ainda, vulgar quepossa ser, tem, não obstante, um significado muito grande: a saber, que, quando se executamhorrores, o desejo de cometer outros é aquecido, e quanto mais se cometem, mais sedesejam.Bem, era esse exatamente o caso de nossos insaciáveis libertinos. Através de umaseveridade imperdoável, de um refinamento detestável de deboche, eles, como sabemos,tinham condenado suas esposas a prestar-lhes os serviços mais vis e mais sujos a suaemergência das privadas. Não se contentaram com isso e no dia 29 de dezembroproclamaram uma nova lei (que parecia ter sido inspirada na libertinagem sodomística da noiteanterior) uma nova lei, dizia eu, que determinava que, a partir do dia 14 de dezembro essasmulheres seriam os únicos vasos das necessidades de seus maridos, e que as referidasnecessidades, grandes e pequenas, nunca seriam executadas a não ser na boca de suasesposas; quando os Senhores tivessem vontade de satisfazer essas necessidadesfundamentais, seriam seguidos por quatro sultanas as quais lhes prestariam, depois desatisfeitas as mesmas, o serviço até então desempenhado pelas esposas e que a partir deentão as citadas esposas seriam incapazes de executar, uma vez que suas obrigações seriammaiores; que as quatro sultanas oficiantes seriam Colombe para Curval, Hébé para o Duque,Rosette para o Bispo e Michette para Durcet; e que o menor erro ou fracasso cometido nocurso de qualquer dessas operações, na que envolvia as esposas ou na que empregava asmeninas, seria castigado com prodigiosa severidade. Mal as mulheres souberam deste novoregulamento choraram e agitaram as mãos, infelizmente, tudo em vão. Foi no entantodeterminado que cada esposa serviria seu marido e Mine o Bispo, e que para essa operaçãoos Senhores não poderiam trocar de companheira. Foi resolvido que duas duenhas serevezassem apresentando-se para o mesmo serviço, e o horário dessa obrigação seriainalteravelmente fixado a hora que os Senhores se dirigissem as orgias noturnas; foi decididoque os Senhores procederiam sempre aquele ritual na companhia uns dos outros, e queenquanto as velhas operavam, as quatro sultanas, enquanto esperavam para prestar osserviços que lhes competiam, exibiriam conspicuamente suas bundas, e as velhas iriam deanus em ânus, apertando-o, abrindo-o encorajando-o a funcionar geralmente. Promulgada estalegislação, os amigos procederam então a aplicação dos castigos não distribuídos na noiteanterior em virtude da decisão de se dedicarem a orgias com a assistência exclusiva dehomens.A operação foi executada nos aposentos das sultanas; foram atendidas as oito, e depoisdelas foi a vez de Adelaide, Aline e Cupidon, que foram também incluídos na lista fatal; acerimônia, com os detalhes e todo o protocolo observado em tais circunstâncias, arrastou-sedurante quase quatro horas, terminadas as quais Suas Senhorias desceram para jantar, suascabeças em fogo, especialmente a de Curval que, adorando prodigiosamente exercíciosdaqueles, nunca tomava parte nos mesmos sem a ereção mais definida. Quanto ao Duque,descarregara no meio da cena, o mesmo fazendo Durcet. Este último, que começava adesenvolver uma impertinência libertina muito maliciosa por sua esposa Adelaide, não eracapaz de a disciplinar sem tremores de prazer que em última análise soltavam sua semente.O jantar foi seguido, como sempre, de café; os Senhores, dispostos a ter a mão umasbundazinhas bonitas, tinham nomeado Zéphyr e Giton para servir as xícaras e a estes doispodiam ter acrescentado um grande número de outros; mas nem uma única sultana tinha suabunda em estado apropriado. De acordo com o horário, a equipe do café foi reforçada porColombe e Michette. Curval, examinando a bunda de Colombe, a condição enlameada damesma, em parte obra do próprio Presidente, ficou possuído de desejos singulares, enfioulheo pau entre as coxas por trás, apalpando avidamente as nádegas da menina; de vez emquando, em suas idas e vindas, seu engenho, como se por distração, roçava no queridoorificiozinho que ele daria um reino por perfurar. Por um momento chegou a pensar nisso."Oh, Deus sagrado", disse voltando-se para seus amigos. "Pago a sociedade duzentosluíses, agora mesmo, se me derem licença para perfurar esta bunda".A razão prevaleceu, não obstante, conseguiu controlar-se e nem sequer descarregou.Mas o Bispo fez com que Zéphyr descarregasse em sua boca e derramou seu próprioesperma santificado no momento em que engolia o da criança; Durcet teve sua bunda atacadaa pontapés por Giton, depois ordenou a este que cagasse e comeu o presente, e continuoucasto. Os Senhores passaram ao auditório, onde cada pai, por uma combinação um tantofreqüente, teve sua filha a seu lado; abertas as calças, passaram a ouvir as cinco histórias denossa narradora."Parecia que, desde o dia em que executara a piedosa vontade de Fournier, a felicidadesorria cada vez mais calorosamente a minha casa, disse aquela distinta puta. Nunca tiveratantos conhecidos ricos. O prior Beneditino, entre meus clientes mais fiéis, um dia disse-meque, tendo ouvido relatar uma fantasia notável e tendo depois visto um de seus amigosexecutá-la, amigo que era louco pela coisa, tinha grande desejo de a experimentar e para issoqueria que eu lhe arrumasse uma moça de cabelos abundantes. Dei-lhe uma grande criaturade vinte e oito anos que tinha uma verdadeira floresta debaixo dos braços e na boceta."Esplêndido", disse o prior ao examinar a mercadoria, "é exatamente o que quero". E comoéramos muito amigos, ele e eu, como já nos tínhamos divertido juntos muitas vezes, não fezqualquer objeção quando lhe pedi para o ver trabalhar. Mandou a mulher despir-se e semireclinar-se num sofá, seus braços estendidos por cima da cabeça e, armado de uma grandetesoura começou a cortar-lhe os cabelos das axilas. Depois de ter cortado o último voltou-separa sua boceta e fêz-lhe também a barba, mas tão meticulosamente que quando terminoununca ninguém acreditaria que tivesse havido o mínimo vestígio de cabelos nas áreas em quetrabalhara. Cumprida a obrigação, beijou as partes que tosquiou e derramou seu esperma nomonte sem cabelos, em perfeito êxtase com os frutos de seu labor.Um outro exigia uma cerimônia sem dúvida muito mais bizarra; estou pensando no Duquede Florville; recebi ordem para lhe levar uma das mulheres mais bonitas que conseguissedescobrir. Um criado recebeu-nos no palácio do Duque, e entramos por uma porta lateral."Vamos agora preparar esta atraente criatura", disse-me o criado; "é preciso fazer algunsajustamentos para ficar em estado de divertir meu Senhor o Duque... venham comigo".Através de passagens e corredores igualmente sombrios e imensos, chegamosfinalmente a uma série de quartos lúgubres, iluminados apenas por seis velas no chão emredor de um colchão coberto por cetim preto; o quarto inteiro estava cheio de coisas fúnebres,e o espetáculo, quando entramos, causou-nos a pior impressão."Não tenham medo", disse nosso guia, "não lhes acontecerá nada; mas estejam prontaspara tudo", acrescentou, falando a moça, "e acima de tudo, trate de fazer tudo que lhe voudizer".Fê-la despir toda sua roupa, soltou seus cabelos, e disse-lhe que devia deixar seuscabelos que eram soberbos, bem soltos. Depois mandou-a deitar no colchão rodeada pelasvelas enormes, disse-lhe que fingisse de morta e que se esforçasse durante toda a cena pornem se agitar nem respirar mais profundamente do que o necessário. "Porque se infelizmentemeu amo, que vai imaginar que a senhorita está morta, perceber que está apenas fingindo, ficafurioso, retira-se imediatamente, e é claro que não paga nem um centavo".Instalou a moça no colchão numa atitude de cadáver, fê-la torcer a boca dando aimpressão de dor, seus olhos deviam também sugerir que morrera em agonia; espalhou astranças pelo seu peito nu, colocou um punhal a seu lado, e em cima de seu coração espargiusangue de galinha, pintando uma ferida do tamanho de uma mão. "Repito, uma vez mais",disse a moça, "não tenha medo, não precisa dizer nada, fazer nada, precisa apenas ficarabsolutamente quieta e suster sua respiração nos momentos em que o sentir mais próximo".E agora, Madame, o criado me disse, "podemos sair do quarto. Venha comigo, se fazfavor; para não ficar preocupada com sua moça, vou colocá-la num lugar onde poderáobservar e ouvir a cena inteira". Deixamos o quarto, deixando a moça que não ficou semapreensões, mas a quem as palavras do criado tranqüilizaram um pouco. Conduziu-me a umpequeno aposento contíguo ao quarto onde o mistério ia ser celebrado, e através de umafenda entre dois painéis, dos quais o tecido preto pendia, consegui ouvir tudo. Ver foi aindamais fácil, porque o pano era apenas crepe, conseguia distinguir os objetos do outro lado coma mesma clareza com que os veria se eu também estivesse do outro lado.q criado puxou o cordão que tocou a campainha, era o sinal, e alguns minutos mais tarde,vemos um homem alto, magro, gasto e de cerca de sessenta anos entrar no palco. Por baixode um robe de tafetá da índia muito solto estava completamente nu. Parou ao entrar na porta;é melhor dizer-lhes agora que o Duque, supondo que estava absolutamente sozinho, não faziaa menor idéia de que estava sendo observado."Ah, que lindo cadáver"! exclamou sem demora. "A morte é linda de observar... Mas, meuDeus, que é isto"! disse ao avistar o sangue, o punhal. "Deve ter sido um assassino... apenashá momentos... ah, Grande Deus, como deve sentir seu pau duro, a pessoa que fez isso.E esfregando seu pau:"Como teria adorado vê-lo vibrar o golpe".E acariciando o cadáver, passando suas mãos na barriga da moça: "Grávida?... Não,aparentemente não. Que pena".E continuando a explorar com suas mãos:"Soberba carne. Ainda está quente... que peito adorável". Então debruçou-se e beijou aboca da moça com incrível emoção: "Ainda se baba", disse, "como adoro esta saliva".E uma vez mais lhe enfiou a língua quase até a goela; ninguém podia talvez terrepresentado o papel com mais convicção do que a moça, continuou como morta, e sempreque o Duque se aproximava deixava imediatamente de respirar. Finalmente, voltou-a de barrigapara baixo:"Preciso ver esta linda bunda", murmurou.E depois de a ter escrutinizado:"Jesus Cristo! Que nádegas, beijou e distintamente o vimos enfiar sua língua naqueleatraente buraquinho."Oh, palavra de honra"! exclamou, suando de admiração, "é certamente um doscadáveres mais maravilhosos que vi em toda minha vida; feliz de quem tirou a vida desta moça,oh, pessoa invejável, que prazer deves ter conhecido".A própria idéia fê-lo descarregar; deitou-se a seu lado, suas coxas coladas as nádegasda mulher, e descarregou em seu ânus, dando incríveis sinais de prazer, e ao soltar seuesperma, gritando como um demônio:"Ah, coisa boa, meu Deus, se ao menos eu a tivesse morta, se ao menos tivesse sidoeu".Assim terminou a operação, o libertino levantou-se e desapareceu; entramos no quarto eressuscitamos a corajosa amiga. Estava exausta, incapaz de se mexer: constrangimento,medo, tudo tinha afetado seus sentidos, sinceramente estava bem perto de se tornar opersonagem que tão habilmente tinha desempenhado. Partimos com quatro luíses que o criadonos deu; como podem bem imaginar, não nos deve ter dado nem metade daquilo que o Duquemandou pagar". "Muito bem" ! exclamou Curval, "isso é uma paixão. Para dizer o mínimo, acoisa tem sabor, tem aroma"."Estou de pau duro como um macho", disse o Duque; "aposto minha fortuna, mas essecamarada tinha outros truques em sua manga". "E ganhava, meu Senhor", disse Martaine; "devez em quando empregava um realismo maior. Creio que Madame Desgranges e eu temosevidência para provar isso"."E que diabo vai você fazer enquanto espera"? Curval perguntou ao Duque."Não me perturbe, não me perturbe", gritou o Duque, "estou fodendo minha filha, fazendode conta que ela está morta"."Malandro", Curval, reportou, "isso representa dois crimes em sua cabeça"."Ah", disse o Duque, representaria se fosse verdade..." E sua impura semente explodiuna vagina de Julie."E agora, Duclos, que temos a seguir? Continue com suas histórias", disse assim queterminou seu negócio, "continue, querida amiga, não deixe o Presidente descarregar, poisposso ouvi-lo daqui ter relações incestuosas com sua filha; o camarada está com algumasidéias loucas em sua cabeça; seus pais fizeram-me tutor dele, esperando que fique de olho emseu comportamento e muito me aborreceria se ficasse pervertido"."Muito tarde", Curval disse, "tarde demais, meu velho, estou descarregando; e não hádúvida, que linda morte".E enquanto fodia Adelaide, o malandro pensou consigo mesmo, como o fizera o Duque,que estava fodendo sua filha assassinada; incrível distração da mente de um libertino, que nãopode ver, não pode ouvir, mas que a cada instante imita!"Duclos, você precisa continuar", disse o Bispo, "pois caso contrário posso ser seduzidopelo exemplo dos dois traquinas, e em meu estado atual podia levar as coisas muito maislonge do que eles". "Algum tempo depois desta última aventura, fui a casa de outro libertino,disse Duclos, cuja mania, talvez mais humilhante, não era, no entanto, tão saturnina. Recebeumenuma sala cujo chão estava coberto por um tapete muito bonito. Mandou-me tirar tudo queestava usando e depois, fazendo-me ficar de joelhos e com as mãos no chão:"Vamos ver", disse, afagando e acarinhando a cabeça de dois grandes cãesdinamarqueses que se encontravam a seu lado, "vamos ver se você é tão ágil e rápida quantomeus cães. Pronta? Pega"!E com isso arremessou uns biscoitos grandes no chão; falando-me como se eu fosse umanimal, diz:"Pega"!Corro de quatro para o biscoito, achando melhor entrar na brincadeira com bom humor eparticipar do espírito de sua excentricidade; corro, dizia eu, e tento apanhar os biscoitos, masos dois cães, que também correram, chegaram primeiro, agarraram os biscoitos, e levam-nosa seu dono."Bem, não há dúvida de que você está precisando de treino antes de ficar em boaforma", disse o cavalheiro; "não estará você, por acaso, com medo de que meus cães lhefaçam mal? Não se preocupe com eles, minha querida, eles não lhe tocam, mas por dentro,sabe, ficarão com um fraco conceito a seu respeito se perceberem que você é uma criaturadesajeitada. Vamos tentar outra vez — mas mais depressa. Aí está sua oportunidade de tiraruma desforra... pega". Outro biscoito jogado, outra vitória dos cães, outra derrota para mim;bem, em resumo, a brincadeira durou duas horas, durante as quais só consegui pegar obiscoito uma vez e levar-lho de volta em minha boca. Mas vencida ou vencedora os cães nãome fizeram mal algum; pelo contrário, pareciam estar-se divertindo muito, como se pensassemque era outro animal como eles."Basta", disse o cavalheiro. "Já trabalhou muito: são horas de comer".Tocou a campainha e entrou um criado."Traz comida para os meus animais".E um momento depois o criado voltou, trazendo uma gamela de ébano cheia de umaespécie de carne picada muito delicada. Pos a gamela no chão."Muito bem", meu senhor me diz, "trate de comer com os meus cães, e veja se fazmelhor figura do que fez brincando".Nada lhe pude responder; tinha de obedecer. Ainda de quatro, mergulho minha cabeça nagamela; esta era muito limpa, a comida era muito boa, comecei a mastigar ao lado dos cães,que muito gentilmente se afastaram, deixando-me pacificamente a minha parte. E foi esse omomento crítico de nosso libertino; a humilhação da mulher, a degradação a que areduzira, estimulavam maravilhosamente sua disposição."Oh, desgraçada", disse, enquanto esfregava assiduamente seu pau, "vagabunda, vejamisto, empanturrando-se com os cães, é assim que se deve tratar as mulheres, e se todosfizessem assim, não fariam mala ninguém, ah, não! Animais domésticos como os cães, por que motivo não devem sertratadas do mesmo modo? Ah, puta sem vergonha, cachorra, lodo, escumalha"! gritou,aproximando-se e derramando seu esperma em minha bunda, "desgraçada, você só merececomer com os cães".E assim terminou o caso; nosso homem desapareceu, vesti-me prontamente, e ao ladode minha roupa- achei dois luíses, preço corrente e sem dúvida a quantia que o safado estavahabituado a pagar por seus prazeres".Neste ponto, Senhores, Duclos continuou, sou obrigada a voltar atrás e, a título deconclusão das narrações da noite, ao lado forte, poderiam ter ficado deslocadas no seio dasescapadas com que me fizeram começar no início do mês; e por isso pu-las de lado ereservei-as para o final de minha contribuição.Tinha apenas dezesseis anos na época, e estava ainda em casa de Madame Guérin; fuienviada a residência de um homem de indiscutível . distinção, e, após minha chegada,disseram-me simplesmente que esperasse numa pequena antecâmara, que ficasse a vontade,que obedecesse em tudo ao senhor que logo surgiria para se divertir comigo; mas tiveram ocuidado de me não dizer tudo: não me teria assustado tanto se me tivessem avisado, e nossolibertino não teria certamente tanto prazer. Já estava no quarto há uma hora quando a portafinalmente se abriu. Era o próprio dono da casa."Que diabo está fazendo aqui", perguntou com um ar de surpresa, "a estas horas dodia?... Responde, puta"! exclama, pegando-me pela garganta e quase me sufocando,"responde. Você, sua porcaria, está aqui para me roubar"?Chama por alguém, imediatamente surge um criado de confiança. "La Fleur", diz seuirado amo, "apanhei uma ladra; estava escondida quando entrei. Tira-lhe a roupa e prepara amulher para executar as ordens que eu der".La Fleur faz o que lhe mandam, sou privada de minhas roupas num segundo, muito bemarremessadas para o lado a medida que me são tiradas."Muito bem", o libertino diz ao criado, "vai buscar um saco, coloca a mulher dentro, ejoga-a no rio".O criado vai buscar o saco. Deixo aos senhores imaginarem que aproveitei esses poucosmomentos para me ajoelhar aos pés do nobre pedir-lhe que me perdoasse, que fora MadameGuérin, sua fornecedora habitual, quem me mandara. Mas o devasso cavalheiro não quis ouvirnada, agarra minhas nádegas, e vibrando-lhes violentos socos diz:"Uma merda", acrescenta, "acho que vou dar esta bonita bunda aos peixes".Era essa a única ação libertina que parecia inclinado a permitir-se, até então nadamostrara que me pudesse ter levado a supor que a libertinagem tinha algo a ver com a cenainteira. 0 criado volta, trazendo um saco; a despeito de todos meus protestos, e foramcalorosos, sou mergulhada no saco. a boca do mesmo é costurada, e La Fleur levanta-me emseus ombros. Foi então que ouvi os efeitos da crescente crise do homem; deve ter começadoa esfregar seu pau no momento em que me colocaram no saco. No mesmo momento em queLa Fleur me pôs em seus ombros, o esperma do vilão deixou seu corpo."Para o rio, para o rio, está ouvindo, La Fleur"? disse, gaguejando de prazer. "Sim, parao rio com ela, e ponha uma pedra no saco, para a puta morrer mais depressa".E foi tudo que disse, fui libertada, fomos para o quarto adjacente onde La Fleur medevolveu minhas roupas, deu-me dois Luízes e me deu provas inequívocas da maneira,radicalmente oposta à de seu amo, como se conduzia na busca do prazer; depois voltei para acasa de Madame Guérin. Severamente a admoestei por me ter enviado a casa tãopobremente preparada; para me aplacar. arranjou-me outro encontro: teve lugar dois dias maistarde, e fui ainda menos preparada para a batalha que tive de travar com meu novoadversário.Mais ou menos como na aventura que acabo de relatar, fui e mandaram-me esperarnuma antecâmara da casa pertencente a um Recebedor do Rei, mas desta vez esperei nacompanhia do criado que, enviado por seu amo, me fora buscar a casa da Guérin. Para medistrair enquanto cavalheiro não surgia, o criado mostrou-me uma grande coleção de pedraspreciosas guardadas numa gaveta da escrivaninha."Deus me abençoe", disse o velho alcoviteiro, "se a senhora levasse uma ou duas destaspedras, mas acho que isso fizesse alguma diferença; o velho Cresus é tão rico que aposto quenem sabe quantas pedras tem na escrivaninha ou a qualidade das mesmas. Aproveite, sequer. não se preocupe comigo, não sou o gênero de pessoa que traia uma amiga como asenhora".Infelicidade! eu estava mais que disposta a seguir seus pérfidos conselhos; os Senhoresconhecem minhas predileções, já falei a respeito das mesmas; e portanto, sem que eleprecisasse de proferir outra palavra, deitei a mão a uma caixinha de ouro valendo sete ou oitoluízes, não me atrevendo a tirar um dos objetos realmente valiosos. Isso foi tudo que o criadosem vergonha quis, e para evitar o ter que voltar ao assunto mais tarde, soube depois que, setivesse recusado sua sugestão. ele teria colocado uma jóia ou duas em meu bolso sem que eudesse por isso. 0 senhor chega, cumprimenta-se com amabilidade e cortesia. o criado deixa oquarto, ficamos a sós. Este homem, ao contrário do outro, divertia-se num sentido bem real;derramou uma profusão de beijos em minha bunda, ordenou-me que o chicoteasse, quepeidasse em sua boca, pos seu pau na minha, e numa palavra, teve sua dose de todas asespécies de lubricidade a exceção de minha boceta: mas de nada valeu, não descarregava. 0momento propício ainda não chegara, tudo aquilo que estava fazendo era secundário,preparatório; logo saberão onde tudo isso me levou."Estrela minha"! exclamou subitamente, "esqueci-me por completo. Está um criadoesperando ainda no outro quarto por uma jóia que há pouco lhe prometi entregar para dar aseu amo. Desculpe-me, minha querida, mas não posso fazê-lo esperar mais tempo; depoisvamos de novo ao trabalho".Culpada do pequeno furto que há pouco cometera a instigação do maldito criado, podembem supor que a observação do homem me fez tremer. Pensei por um momento contar-lhetudo, mas logo resolvi que era melhor bancar a inocente e correr o risco. Abre a gaveta, olhaprimeiro numa gaveta e depois noutra, remexe tudo, e não encontrando o que procura, olhapara mim com um ar furioso. "Você, porcaria, só você, diz, "além do criado em quem tenhointeira confiança, foi a única pessoa a entrar neste quarto nas últimas três horas: o artigo estáfaltando; você deve tê-lo consigo"."Oh, Senhor", digo, tremendo por todos os lados "pode ter certeza de que sou incapaz...""Vá para o diabo", troveja (deve notar-se que suas calças estavam ainda abotoadas, queseu pau era perceptível por dentro das mesmas e seu contorno era bem arqueado; tudo isso,é de supor, me devia ter alegrado e afastado meus temores, mas perdera minha cabeça, enão via nada), vem aqui, puta, meus valores têm que ser encontrados".Mandou-me despir; vinte vezes lhe pedi de joelhos que me poupasse a humilhação de talinspeção, nada o movia, nada o comovia, ele próprio irado arrancou minhas roupas, e assimque fiquei nua, examinou meus bolsos e é claro não levou muito tempo a encontrar a caixinha."Ah, grande puta"! exclamou, "não preciso de mais nada para me convencer. Então, suavagabunda, você vem a casa de um homem para o roubar"?E chamando imediatamente seu lugar tenente:"Vá chamar imediatamente a polícia", ordenou."Oh, Senhor"! exclamei. "tenha piedade de meu ato infantil. fui levada a isso, não fiz porminha vontade, disseram-me para..." "Bem", interrompeu o devasso, "você explica tudo isso aoguarda, pois o diabo me carregue se não acabo com todos estes roubos". O criado parte denovo: o libertino, portador ainda de uma ereção que o cega, senta-se numa cadeira de braçose, enquanto mexe em seu pau, lança-me mil invectivas."Esta vagabunda. este monstro", disse. "vem a minha casa para me roubar, queria darlheuma recompensa por seus serviços... mas agora, meu Deus! ela vai ver".Quando acaba de pronunciar estas palavras ouvem-se umas pancadas na porta, e vejoum gendarme entrar."Senhor guarda", diz o dono da casa, "tenho aqui uma ladra desgraçada que quero que osenhor ponha a ferros, e vou entregarlha nua, pois mandei-a tirar suas roupas para melhor arevistar; aí está a mulher, suas roupas estão ali, e eis o artigo roubado; quero que a mandeenforcar, e boa noite".Logo após rodou nos calcanhares, voltou a sentar-se na cadeira de braços edescarregou."Sim, enforque essa puta, pelo amor de Deus, quero vê-la enforcada, senhor guarda, osenhor compreende? Enforque-a, é tudo que lhe peço"! disse quase gritando.O pretenso gendarme leva-me com minhas roupas e a maldita caixinha, num quartocontíguo tira o uniforme, e revela-se o mesmo criado que me recebeu e me incitou a cometer oroubo; tão perturbada estava que não o reconheci vestido de policial."Bem, bem"! disse o gendarme, "ficou assustada"?"Claro", murmurei, mal podendo falar, "completamente apavorada"."Já passou", disse então o homem, "e aqui está seu dinheiro".Assim dizendo, entrega-me a mesma caixinha que eu roubara, é um presente do patrão,devolve-me minhas roupas, oferece-me um cálice de cognac e acompanha-me de volta a casade Madame Guérim"."Essa mania é bizarra e agradável", disse o Bispo; "a maior parte da mesma pode seraproveitada noutras ocasiões. Minha crítica a mesma é que contém um excesso dedelicadeza; vocês sabem, é claro, que não favoreço muito a mistura de sentimentos delicadoscom libertinagem. Deixem esse elemento fora e, nessa história, pode aprender-se um métodoinfalível para evitar que as putas se queixem, independentemente da maneira iníqua com quese possa ter disposição de lhes falar. E apenas necessário dar-lhes a isca, leválas aarmadilha, e depois de apanhadas com a mão na massa, fica-se a vontade para se lhes fazero que se quiser, nada mais há a recear, não se atrevem a dizer um ai, com medo de seremacusadas ou objeto de nossas' recriminações"."É verdade", disse Curval, "e estou certo de que se eu estivesse no lugar do cavalheiro,ter-me-ia permitido ir muito mais longe, e você, minha querida Duelos, talvez não tivesseescapado com tanta facilidade".Como as histórias tinham sido compridas nessa noite, a hora da ceia chegou antes dosSenhores terem oportunidade para se dedicarem a quaisquer brincadeiras. Foram portantopara a mesa firmemente resolvidos a tirar o melhor partido do período que se seguia arefeição. Foi então que, depois de reunida a família inteira, decidiram determinar quaismeninos e meninas podiam ser justamente classificados como homens e mulheres adultos.Para estabelecer os fatos críticos os Senhores resolveram masturbar todos, de um sexo e dooutro, a respeito de quem tivesse quaisquer dúvidas, ou antes, suspeitas; das mulheresestavam certos quanto a Augustine, Fanny e Zelmire: estas encantadoras criaturas, quecontavam entre catorze e quinze anos, descarregavam todas em resposta ao menor toque;Hébé e Michette, que contavam apenas doze anos, mal eram dignas de consideração, e porisso era simplesmente questão de experimentar com Sophie. Colombe e Rosette, a primeiradas quais tinha catorze e as últimas duas treze anos.Entre os rapazes era questão do conhecimento geral que Zéphyr, Adonis e Céladondisparavam seu esperma como homens adultos; Giton e Narcisse eram jovens demais paraqualquer esforço nesse sentido; a capacidade de Zélamir, Cupidon e Hyacinthe necessitava deser tirada a limpo. Os amigos formaram um círculo em redor de uma pilha de almofadas bemconfortáveis colocadas no chão, Champville e Duclos foram nomeadas para as poluições: uma,devido as suas qualidades como tríbade. agiria como friccionadora das meninas, a outra,senhora absoluta da arte de esfregar membros masculinos, poluiria os três rapazes. Entraramdentro do círculo formado pelas cadeiras dos amigos e pelas almofadas e ali Sophie,Colombe, Rosette, Zélamir, Cupidon e Hyacinthe foram entregues aos cuidados de Champvillee Duclos; e cada amigo, para apreciar melhor o espetáculo, colocou uma criança entre suascoxas:o Duque apropriou-se de Augustine, Curval recorreu a Zelmire, Durcet entregou-seaos cuidados de Zéphyr e o Bispo favoreceu Adonis para satisfazer suas necessidades.A cerimônia começou pelos rapazes; Duclos, de seios e bunda a mostra, suas mangasenroladas até o cotovelo, mobilizou todos os seus muitos talentos e dedicou-se a poluir osdeliciosos Ganímedes um após o outro. A mão humana não podia ter certamente vagueado epuxado, apertado e acariciado mais voluptuosamente; seu pulso, seus dedos voavam com umahabilidade... seus movimentos eram de uma delicadeza e intenção... ofereceu aos garotinhossua boca, seios, bunda, toda se entregou com tal arte que não podia haver dúvida de quequem não acabasse por descarregar não estava ainda em condições de o fazer. Zélamir eCupidon ficaram de pau duro, mas com todos os atrativos de Duclos, toda sua agilidade, tudofoi em vão. Com Hyacinthe, no entanto, a explosão ocorreu depois do sexto movimento dopulso da professora: esperma pulou no colo de Duclos, e a criança perdeu a cabeça enquantolhe acariciava a bunda. Os Senhores foram cuidadosos certificando-se de que ao lado daoperação inteira os garotos nunca pensassem em tocar na parte da frente de Duclos.Depois foi a vez das meninas; virtualmente nua, seus cabelos muito elegantementearranjados e igualmente sofisticada em todas as suas outras partes, Champville não pareciater trinta anos, embora já tivesse feito cinqüenta um dia. A lubricidade da operação da qual,como tríbade consumada, esperava extrair o máximo prazer, animava seus grandes olhoscastanhos os quais, desde sua juventude, sempre foram muito bonitos. Pos pelo menos tantaverve, coragem e brilhantismo em suas ações quanto Duclos nas suas, poluiu simultaneamenteclitóris, a entrada das vaginas e o ânus, mas a Natureza nada produziu de digno de nota emColombe e Rosette; suas expressões nem mesmo demonstraram qualquer vislumbre deprazer. Mas as coisas não foram assim com a linda Sophie; o décimo movimento digital quasea fez desmaiar nos braços de Champville; suspiros, sons de respiração ofegante, o terno tomrosa que aflorou a suas faces, seus lábios afastados que ficaram úmidos, tudo manifestou odelírio em que a Natureza a lançara, e foi declarada mulher. O Duque, seu dispositivo sólidocomo uma clava, ordenou a Champville que lhe esfregasse a boceta outra vez, e quando agarotinha descarregou de novo, o vilão escolheu o momento para misturar seu esperma impuroao da jovem virgem. Quanto a Curval, fez seu produto cair entre as coxas de Zelmire, e osoutros dois fizeram a mesma coisa nos rapazinhos que tinham presos entre suas pernas.A companhia recolheu-se para dormir, e não tendo a manhã seguinte fornecido eventosque mereçam citação neste catálogo de feitos extraordinários, e não tendo o jantar produzidocoisas importantes, nem o café, iremos imediatamente para o auditório, onde a magníficaDuclos, luxuosa-mente engalanada, se encontra já na plataforma, desta vez para terminar, comcinco histórias novas, as cento e cinqüenta narrações que lhe foram confiadas durante os trintadias do mês de novembro.
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Os 120 Dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem
Romance"Aconselho o leitor excessivamente recatado a por meu livro imediatamente de lado, para não ficar escandalizado, pois é já evidente que não há muito de casto em nosso plano, e atrevemo-nos desde já a garantir que o haverá ainda menos na execução...