LIANA
— Quer café? — ofereci a Tom.
Eu estava na entrada da cozinha, ao lado da cafeteira italiana chique que moía os grãos na hora.
Presente dele, lógico.
Tom lavava a louça com tranquilidade, cantarolando uma música que não identifiquei qual era.
— Quero. Sempre — respondeu, virando o rosto para trás, sorrindo para mim. — O risoto estava sensacional, Li. Um dos melhores pratos que já fez até hoje.
— Jura? Já posso casar? — brinquei, sem pensar, fazendo seu sorriso morrer na hora. Droga.
O clima leve se evaporou instantaneamente, dando lugar a uma tensão incômoda, como uma nuvem espessa pairando no ar.
— Quer me contar alguma coisa? — questionou, sério, fechando a torneira.
Tom enxugou as mãos fortes no pano de prato, quase com raiva, e se virou de frente para mim para completar:
— Está saindo com alguém?
— Não, não. — Dei um risadinha para tentar descontrair, fugindo do seu olhar.
Mexi nas xícaras coloridas de café, as ajeitando em cima dos pequenos pires. Acrescentei:
— Pode deixar que, quando eu encontrar alguém, você será o primeiro a saber.
— Certo. — Relaxou os ombros, sem soltar o pano, expirando o ar pela boca. — E você falou em "encontrar". Quer dizer que está procurando?
— Talvez — murmurei, levemente desconfortável com o assunto.
A gente nunca falava sobre relacionamentos.
Era um tema que o deixava estressado, o fazendo falar mal da mãe, da instituição falida que era o casamento, etc.
Eu entendia que se tratava de um ponto delicado para ele, traumático até, e havia lhe indicado que fizesse terapia mil vezes.
Tom assentiu, em silêncio, com a cabeça baixa. Torceu o pano de prato com as mãos, aborrecido, sem me olhar.
— Ei... Se anima, garotão. Seu café ficou pronto — avisei, com leveza.
Ele levantou o rosto, esboçando um sorriso sutil.
— Obrigado.
— Só você mesmo para tomar café agora, quase meia-noite... Aqui está.
Me aproximei, com o café fresquinho em uma bandeja pequena.
O aroma estava uma delícia e fiquei com água na boca, mas resisti bravamente e não preparei uma xícara para mim.
Eu não podia tomar cafeína à noite.
Já bastava a ansiedade, minha companheira fiel, para me tirar o sono.
Tom finalmente largou o pano na pia, pegando o café comigo.
Tomou o líquido quente em dois goles, sem açúcar, nem nada, e já lavou a xícara na sequência.
"Eficiência" poderia ser seu sobrenome.
— Pronto. Está limpa a louça. — Meneou com a cabeça na direção da pia e desceu os olhos para o relógio de pulso. — Preciso me trocar.
— Obrigada por lavar tudo.
— São as regras. Um cozinha, o outro lava. — Tom abriu um sorriso bonito, que deu aquela aceleradinha gostosa no meu coração.
Em seguida, saiu e voltou para a cozinha, trazendo a sua sacola, a apoiando sobre a mesa. Retirou de dentro dela uma camisa social azul, em um tom forte, quase anil.
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Amor Por Uma Noite [RELANÇAMENTO]
Romance"Amor Por Uma Noite" é um romance intenso e envolvente, com surpreendentes reviravoltas e fortes emoções. Liana e Tom são melhores amigos desde a adolescência. Ela nutre uma paixão secreta por ele, mas não sabe como agir, uma vez que o homem não lhe...