Capítulo 13 - Encontrar ⊽

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LIANA

"Estou com cara de anos 80?", digitei a mensagem a Carla, a enviando junto com a minha selfie.

Com os cabelos escovados sem cachos, delineador de gatinho nos olhos, brincos de argolas nas orelhas e gargantilha de metal no pescoço, o look combinava com o meu vestido preto de couro, frente única, fechado com tachinhas de cima a baixo. Deixei uma boa parte delas aberta, ostentando um generoso decote a fim de valorizar os meus seios. Modestos, porém bem feitos.

"Arrasou, Li! Matheus vai babar!", minha amiga respondeu dois segundos depois.

Como se fosse com o Matheus que eu estivesse preocupada.

A propósito, Math havia me mandado uma mensagem pela manhã, confirmando o horário e o traje do coquetel. "Anos 80."

Enquanto eu terminava de arrumar a pequena bolsa de alcinha, o interfone tocou.

— Boa noite — cumprimentei o porteiro.

— Boa noite, senhorita Liana. Doutor Matheus a aguarda. Deve subir?

— Não, já vou descer. Obrigada.

Preferi não pedir que Matheus subisse, para que a gente não se atrasasse demais para o coquetel. O evento em uma casa nos arredores da cidade, perto de Cotia, meio longe do meu apartamento. Terminei de arrumar a bolsa e saí. Dentro do elevador, me observei mais uma vez no espelho, ansiosa ao imaginar a reação de Tom ao me ver com o seu colega.

Eu ainda estava impactada com a descoberta do dia anterior. De que o meu antigo amigo se lembrava daquela nossa noite, há quinze anos, quando demos nosso primeiro e único beijo.

— Uau... — Matheus abriu um largo sorriso para mim quando passei pela porta do prédio, me secando da cabeça aos pés. — Que mulherão... Espetacular.

— Obrigada, Math. Você também está muito bem.

"Muito bem" era um elogio absurdamente fraco que não fazia jus à sua beleza, mas eu não tinha coragem de falar algo mais forte. Matheus parecia um deus nórdico, com os cabelos loiros despojados e a barba aparada. Usava calça de couro preta, jaqueta jeans e, com anéis de prata nos dedos, parecia que havia escolhido um estilo meio Axl Rose para o coquetel.

Ofereceu o braço gentilmente e o aceitei. A calçada esburacada não era uma boa pedida para os meus saltos altos. Aliás, mesmo com o meu salto quinze Matheus ainda continuava mais alto do que eu. Ele deveria regular de altura com Tom, com mais ou menos um metro e noventa.

Antes de andarmos na direção do seu carro, o homem me deu um beijo rápido na bochecha, com a sua barba fazendo cócegas na minha pele.

— Vou no banco de trás com você, Li. Assim podemos conversar melhor. Contratei um motorista para que a gente pudesse beber na festa, sem a preocupação de ter que dirigir depois. — Informou, o que achei bem responsável da sua parte.

~~~

— Acabamos não conversando sobre o coquetel... — comentei com Matheus, assim que o motorista deu os nossos nomes em uma portaria junto a uma entrada imponente, com altos portões de metal. — É uma festa do escritório de advocacia?

Levei os olhos à casa, a uns cem metros de distância, com a fachada iluminada por holofotes de luzes coloridas que subiam por metros e metros, sendo engolidas pela escuridão do céu sem estrelas.

— Não, não. É de um outro negócio que sou sócio com Tom, mas não passo de um mero sócio investidor. Uma casa noturna, que faz aniversário de três anos. Contudo, para ser franco, nunca a frequentei. Sou solteiro há poucos meses, como sabe — disse casualmente, mexendo no celular.

Amor Por Uma Noite [RELANÇAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora