Capítulo 3 - Flagrar ⊽

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LIANA

— Ainda não acredito que vamos fazer isso...

Soltando uma risada nervosa, entrei no carro de Carla, com Clayton atrás do volante.

Minha amiga, que estava no banco do passageiro, pulou para trás para se sentar comigo.

Era quase uma hora da madrugada e nós três — um mais doido do que o outro — decidimos ir à casa noturna de BDSM.

— Li... A gente nunca mais teria outra chance. As senhas são quase lenda urbana de tão sigilosas... Clayton, que entende desse mundinho, me disse que nunca teve a oportunidade de ir na Saint Martin... — Carlinha sorriu, revirando uma pequena mala em cima do banco entre a gente. — Vai, escolhe... Tem um monte de máscaras aqui.

— Um monte, mesmo — comentei, surpresa, tomando coragem para encostar nas peças.

Mesmo no escuro do carro, vi máscaras de couro, látex, tecido...

— Clayton Lee, depois quero que me explique o porquê de tudo isso! — Carla balançou uma peça de couro no ar.

Intrigada, inclinei a cabeça para o lado, a observando melhor. Era uma máscara de cachorro, com orelhas pontudas e tudo.

— Fetiches, amiga! — Ele riu, com os olhos no trânsito. — Cada um tem o seu.

— Meu Deus... — Soltei um risinho nervoso, imaginando aquele sósia do Jackie Chan usando aquilo.

— Oh, tem umas novas aqui. Com etiqueta e tudo. Melhor. — Carla jogou duas no meu colo. — Vai saber o que o Senhor Lee já fez ao usar as outras.

— Fiz sexo, ué... — Ele riu. — É bom e todo mundo gosta. Olha, estamos quase chegando... — Apontou para a placa com o nome do bairro, Vila Olímpia.

"Todo mundo gosta"? Suspirei fundo, com as velhas dúvidas me corroendo.

Prestes a completar trinta antes, eu lamentava não ter tido uma única experiência sexual prazerosa.

Pelo menos, ao comprar um vibrador, descobri como chegar ao orgasmo. Sozinha.

Das duas, uma. Ou eu não era tão "excitável" como as outras mulheres, ou dei azar de me deitar com os homens errados.

Clayton estacionou o carro e, quando espiei pela janela, meu estômago doeu em ansiedade.

Antes de descer, corri os olhos pelo meu corpo, analisando o visual. Calça de couro preta e um body da mesma cor de mangas longas.

Quis evitar peças coloridas ou chamativas que, de repente, pudessem levar Tom a me reconhecer. Ele era um homem muito observador e vivia soltando comentários sobre as minhas roupas.

Reconheceria, com toda a certeza, a blusinha branca de renda que sempre elogiava, dizendo que era delicada e que combinava comigo.

— Pronto, escolhi a minha máscara! — Segurei a peça, que parecia uma máscara de esquiador.

Cobriria toda a minha cabeça até o pescoço, com três buracos — dois para os olhos e um para a boca —, em um tecido leve e sintético, como os das roupas de ginástica.

Amor Por Uma Noite [RELANÇAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora